Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Ana Carolina Sampaio Coelho (UNIRIO)

Minicurrículo

    Mestre em Teoria da Literatura (UFPE) e doutora em Comunicação Audiovisual (USAL), com pós-doutorado em Literatura (UFSC). Atualmente é professora adjunta no Departamento de Letras (UNIRIO) e mantém o projeto de pesquisa “Comunidades companheiras, bordas indisciplinadas: entre redes, tecnologias e aprendizagens”.

Ficha do Trabalho

Título

    Homens-quatis, folhas, gaviões: vidas multiespécies no cinema Maxakali

Seminário

    Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas

Formato

    Presencial

Resumo

    O trabalho investiga como fundamentos importantes da cosmovisão dos maxakali são apresentados no filme “Yãmíy” (2011), com especial relevância para a presença das vidas-não humanas e sua importância na orientação dos modos de viver em comunidade. Nos interessa observar como os yãmíys, nas figuras de animais como onça, javali e peixes ou ainda como os rios, folhas e animais surgem no filme como espécies companheiras, compondo uma reunião multiespécies, próximo às possibilidades de convivência apo

Resumo expandido

    O trabalho investiga como fundamentos importantes da cosmovisão dos Maxakali são apresentados no filme “Yãmíy” (2011), com especial relevância para a presença das vidas-não humanas na orientação dos modos de viver em comunidade. Nos interessa observar como os yãmíys, nas figuras de animais como onça, javali e peixes ou ainda como os rios, folhas e animais surgem como espécies companheiras, compondo uma reunião multiespécies, próximo às possibilidades de convivência apontadas no pensamento de Anna Tsing e Donna Haraway. Nos propomos também a investigar o projeto escola-floresta e o tomamos como um lugar de circulação dos saberes tradicionais, espaço de imaginação e encantamento, capazes de afirmar a vida como uma política de conexões entre o ser humano e a natureza, tal como propõe Luiz Rufino. O cinema Maxakali é lido como uma ferramenta política e estratégia discursiva para, nas palavras de Isael, “os brancos saberem que existimos e que nossos parentes também”. Nos propomos a ler o filme Yãmíy e o projeto aldeia escola floresta pela chave da heterogeneidade, multiplicidade e a presença de “espécies companheiras”, na manifestação do entrelaçamento da natureza-cultura, como aponta Donna Haraway. O cinema Maxakali é uma potente forma de contar histórias locais situadas, um caminho aberto de resistência à repetição de imagens de dominação e controle do humano sobre o mundo. Investigamos como o cinema Maxakali firma-se como um vetor de criação de histórias multiespécies, capazes de herdar o fardo das extinções, sem repeti-las.

Bibliografia

    HARAWAY, Donna. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Duke University Press, Durham and London, 2016.
    ____________O manifesto das espécies companheiras – Cachorros, pessoas e alteridade significativa. Trad. Pê Moreira. Revisão técnica e posfácio Fernando Silva e Silva. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
    KOPENAWA, Davi e ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo, Companhia das Letras, 2019.
    GONçALVES, Marco Antônio. O sorriso de Nanook: ensaios de antropologia e cinema. Rio de Janeiro,
    SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Encantamento sobre política de vida. Rio de Janeiro: Mórula, 2020.
    TSING, Anna. (2015) Margens Indomáveis: cogumelos como espécies companheiras. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 17, n. 1, p. 177-201. ISSN 2175-8034.
    _________. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Mil Folhas do IEB