Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Lucas Procópio Caetano (Unicamp)

Minicurrículo

    Lucas Procópio Caetano é graduado em Imagem e Som (UFSCar), mestre e atualmente doutorando em Multimeios na UNICAMP, onde pesquisa o gênero horror no cinema contemporâneo. Também atua como editor da Zanzalá – Revista Brasileira de Estudos de Ficção Científica.

Ficha do Trabalho

Título

    Capital fantasma: representações do capitalismo tardio no horror

Formato

    Presencial

Resumo

    O presente trabalho visa realizar um panorama acerca da tendência do cinema de horror brasileiro em retratar passado e presente como tempos indissociáveis. Através de uma constelação de filmes, será analisada a recorrência desta estratégia em narrativas que refletem acerca da história nacional a partir do gênero horror.

    Observação: Esta é uma versão atualizada do trabalho submetido em dois anos anteriores e que não pude apresentar por motivos diversos.

Resumo expandido

    Segundo Tom Gunning (2007), os fantasmas, quando presentes em determinada narrativa, ocupam um status ontologicamente ambíguo, pois geram uma difícil integração no espaço e tempo do “real”, uma vez que existem sob um regime de ausência/presença, presente/passado. A partir desta perspectiva, tem-se na figura do fantasma uma alegoria potente, a qual há muito é utilizada em diversos gêneros e com diversos intuitos discursivos.

    No contexto do cinema brasileiro, alguns realizadores centralizam estes espectros em seus filmes como forma de representação do passado e do presente do país, os quais, em muitos aspectos se chocam e se confundem. Nos longas-metragens de Kleber Mendonça Filho, por exemplo, a constante inserção de fotografias antigas em narrativas situadas na contemporaneidade acaba por revelar “relações de continuidade e de ressonância entre um e outro, como se algo daquele espaço e tempo ressoasse nos atuais, enunciando que a sociedade contemporânea urbana dá continuidade” (MIGLIANO; LIMA, 2013, p.188-189).

    Mas quais continuidades seriam estas? Em linhas gerais, pode-se dizer que muitos destes filmes se valem da espectralidade, um elemento não só recorrente como também próprio do cinema de horror, para evidenciar a cíclica dinâmica de perpetuação do racismo em nossa sociedade. De acordo com Blake (2008), estas estratégias representacionais realizadas pela via do horror se intensificaram após a década de 1960 como forma de desencorajar e contestar narrativas coesas e homogeneizantes, em geral positivistas, sobre a identidade nacional.

    Deste modo, serão analisados os filmes Todos os mortos (Marco Dutra e Caetano Gotardo, 2020) e O anjo da noite (Walter Hugo Khouri, 1974), com o intuito de traçar paralelos entre os fantasmas do racismo mobilizados tanto no passado quanto no presente do cinema brasileiro.

Bibliografia

    Bibliografia
    BLAKE, L. The Wounds of Nations: Horror Cinema, Historical Trauma and National Identity. Manchester University Press, 2008.

    GUNNING, T. To Scan a Ghost: The Ontology of Mediated Vision. In: Grey Room, nº 26. Massachussets: The MIT Press. 2007. p.94-127.

    MIGLIANO, M. ; LIMA, C.S. . Medo e experiência urbana: breve análise do filme O som ao redor. REBECA. Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual , v. 2, p. 185-209, 2013.