Ficha do Proponente
Proponente
- Nívea Faria de Souza (UNESA/UCL/FACHA)
Minicurrículo
- Em arte Nívea Faso, diretora de arte, professora e pesquisadora. Doutora e Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pelo PPGArtes/UERJ. Bolsista da CAPES – PDSE – Doutorado Sanduíche no Exterior na Universidade do Algarve. Professora na UNESA, na FACHA e na Celso Lisboa nos cursos de Cinema e Produção Audiovisual. Integra os grupos de pesquisa NIDAA/CNPQ/UFPE e o NEHMI/UERJ. Bolsista de Pesquisa Produtividade 2023 e 2024 da Universidade Estácio de Sá.
Ficha do Trabalho
Título
- Tudo que não invento é falso: A IA como estímulo criativo
Seminário
- Estética e teoria da direção de arte audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- Este trabalho propõe explorar o potencial criativo da obra poética de Manoel de Barros através da criação de prompts para a criação de imagem por Inteligência Artificial como estímulo para o processo criativo em direção de arte. Busca-se investigar como a experiência visual de Barros e a IA podem inspirar e enriquecer a produção visual e a construção de repertório. Um trabalho experimental de estudo de processos, o objetivo é abrir novos horizontes criativos, desafiando os limites convencionais.
Resumo expandido
- O processo criativo na direção de arte é um caminho dinâmico e multifacetado, que envolve a exploração de conceitos, a experimentação com diferentes técnicas e materiais, e a busca por soluções originais para desafios estéticos, conceituais e materiais. Os profissionais de direção de arte frequentemente se encontram em um estado de busca constante por inspiração, absorvendo influências do mundo ao seu redor e transformando essas experiências em expressões visuais.
A construção de repertórios visuais sólidos é essencial no processo criativo. Isso envolve uma familiarização com diferentes linguagens. Como Fayga Ostrower argumenta em suas obras sobre criatividade e processo artístico, a construção de repertórios diversificados permite aos criativos explorar uma variedade de formas, núcleos, texturas e composições, ampliando assim seu vocabulário criativo. Essa ampliação do repertório visual não apenas inspira novas ideias, mas também oferece um arsenal de recursos para comunicar mensagens visuais complexas.
Complexidade essa, facilmente, encontrada na obras de Manoel de Barros que nos apresenta pelo viés da poesia mensagens visuais que operam no universo do sensível. São estímulos criativos que rompem limitações perceptuais e exploraram novas dimensões da realidade, permitindo que a criatividade vá além do que o olho vê ou que a memória revê. Manoel de Barros, em sua poesia, convida-nos a olhar para o mundo com uma nova perspectiva, valorizando aquilo que muitas vezes passa despercebido. Sua maneira única de expressar-se revela um profundo respeito pelas palavras que habitam os lugares mais simples e cotidianos. Ao afirmar que usa a palavra para compor seus silêncios e desvalorizar as palavras fatigadas de informar, ele nos convida a uma reflexão sobre a essência da linguagem escrita. Sua poesia celebra a vida dos seres e das coisas desimportantes. A partir do estímulo da ideia de que “tudo que não inventa é falso”, foi possível experimentar a utilização da Inteligência Artificial como um estímulo criativo a partir dos poemas do autor.
A combinação desses poemas de Manoel de Barros como prompts para o desenvolvimento de imagens convergem com os conceitos de Fayga Ostrower sobre o potencial criador e com a visão de Deleuze sobre o processo de criação como um ciclo contínuo de exploração e experimentação. Embora os autores não tenham discutido especificamente o uso da tecnologia de aprendizado de máquina, a ideia de “tranver” o mundo vai além do que podemos observar ou acessar pela memória. Ao integrar a sensibilidade poética de Barros com as capacidades da inteligência artificial, expandimos não apenas nossas percepções sobre o mundo, mas também desafiamos os limites convencionais da criatividade.
Essa abordagem não apenas estimula a imaginação, mas também nos convida a explorar novas formas de compreensão e interpretação visual. Dessa forma, ao integrar os ensinamentos de Barros, as reflexões de Fayga Ostrower e a teoria do sentido no processo criativo, abrimos caminho para uma jornada de descoberta e transformação, onde a imaginação e a inovação se entrelaçam em infinitas possibilidades.
Bibliografia
- BARROS, M. O livro das ignorãças / Manoel de Barros. – Rio de Janeiro : Alfaguara, 2016.
CASTRO, A. As imagens da inteligência artificial nas narrativas literária e cinematográfica. Dissertação (Mestrado em letras – Teoria da Literatura) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, p. 122. 2007.
DELEUZE, G.. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 1974.
DELEUZE, G. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992
FERREIRA, B; JACOB, E. M.; ROCHA, I.; XAVIER, Taina. Dimensões da direção de arte no audiovisual. 1 ed. Rio de Janeir: Nau Editora, 2023.
KAUFMAN, D. Desmistificando a inteligência artificial. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2022.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 1993.