Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    André Ricardo Araujo Virgens (UFBA)

Minicurrículo

    Produtor Cultural, doutorando em Cultura e Sociedade pela UFBA e pesquisador na área de Economia da Cultura. Tem experiência nas áreas de gestão e políticas culturais, assessoria de comunicação e realização audiovisual, especialmente na produção de projetos documentais como o curta-metragem Atrás dos Olhos (2015) e a webserie “Família no Plural” (2016). Atualmente é um dos coordenadores gerais do projeto NordesteLAB.

Ficha do Trabalho

Título

    De que setor audiovisual estamos falando?

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.

Formato

    Presencial

Resumo

    O setor audiovisual passa por constantes mutações, a partir da inclusão e/ou exclusão de produtos e processos que modificam seus contornos e borram suas fronteiras com outros campos. Nesse contexto, surge como desafio o próprio dimensionamento do setor audiovisual, a partir da caracterização de sua estrutura interna. E é esse aspecto que discutiremos neste trabalho, a partir das chaves analíticas de “campo audiovisual” e “formas culturais”, e em dialogo com outros estudos do campo.

Resumo expandido

    O setor audiovisual é um campo que passa por constantes mutações, a partir da inclusão e/ou exclusão de produtos e processos que modificam seus contornos e borram suas fronteiras com outros campos. Dois exemplos bastante atuais ilustram esse processo, na prática: o diálogo cada vez mais direto com o universo dos games, inclusive do ponto de vista do debate acerca do lugar que ocupa a construção de políticas públicas específicas para este setor. E, o segundo, quando pensamos no impacto que o ambiente digital trouxe para os modelos de produção, distribuição, exibição e consumo de conteúdos, com o surgimento de novas janelas de fruição e o fortalecimento da noção de “convergência tecnológica”, da amplificação do consumo “em linha” através de plataformas de streaming, e do fortalecimento da noção de “transmídia”.

    Nesse contexto, surge como um desafio para o campo de estudos interessado nas políticas e dinâmicas de funcionamento do setor audiovisual que é o próprio dimensionamento do setor audiovisual, a partir de uma caracterização de produtos e processos que compõem o seu campo. E é esse aspecto que buscamos problematizar neste trabalho, a partir de duas chaves analíticas.
    A primeira é a noção de “campo audiovisual”, a partir de uma apropriação da noção de “campo” apresentada e desenvolvida por Pierre Bourdieu em diferentes publicações. Para ele, campos apresentam-se como “espaços estruturados de posições” (BOURDIEU, 2003, p. 119), ou seja, são estruturas relacionadas a um campo cultural, social e/ou de conhecimento compostas por relações sociais e normas de funcionamento internas. Inclusive, optamos por adotá-la em detrimento da noção de “cadeia produtiva do audiovisual” por entendermos que a segunda está contida na primeira. E que o dimensionamento do campo extrapola a percepção de sua dimensão econômica.

    E, em segundo lugar, lançamos mão do conceito de “formas culturais” de forma a abarcar a caracterização de diferentes processos e produtos que foram desenvolvidos ao longo da história de apropriação criativa das técnicas de produção de imagens em movimento, através de distintos códigos e modos de produção e difusão (CABEÇA E SANTOS, 2022).

    Essas obras podem ser produzidas seguindo lógicas e códigos específicos, que compõem os principais modos de produção vinculados aos diferentes suportes e/ou modos de fruição, tais como Cinema, TV, Vídeo, Realidade Virtual e/ou Aumentada, Jogos Digitais, além de uma vertente de conteúdo audiovisual publicitário que dialoga, em alguma medida, com todas as formas citadas anteriormente. E de todo um arranjo complementar estruturado para o seu pleno funcionamento enquanto campo autônomo, reunindo agentes voltados para as áreas de capacitação, fornecimento de equipamentos e suprimentos, logística, comunicação e marketing, direito, pesquisa e acompanhamento de mercado, crítica, curadoria etc.

    Em conjunto com essas contribuições analíticas, buscaremos relacioná-la com proposições de dimensionamento deste campo trazidas por estudos da Agência Nacional do Cinema, como a publicação “Valor Adicionado pelo Segmento Audiovisual Ano-base 2019”; o estudo “Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil”, realizado pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Apro e o Sebrae; o estudo “Mapeamento da Indústria Criativa”, realizado pela Firjan; o Diagnóstico da Rede Audiovisual da Bahia, lançado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia em 2010 e o Marco de Estadísticas Culturales de la UNESCO 2009, produzida no âmbito do referido organismo multilateral.

    Assim, como síntese preliminar, propomos a estruturação do campo audiovisual em 07 áreas: produção; acesso e fruição; preservação e memória; formação, pesquisa e inovação; infraestrutura física e tecnológica; governança e regulação; e serviços de apoio.

Bibliografia

    ANCINE. Valor Adicionado pelo Segmento Audiovisual Ano-base 2019. Rio de Janeiro: Ancine, 2022.

    BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Lisboa: Fim de Século Edições, Sociedade Pessoal LDA, 2003.

    CABEÇA, Sónia Moreira; SANTOS, José Rodrigues dos. Forma cultural: construindo o conceito a partir do campo literário. Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra: Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 2022. Disponível em:

    FIRJAN. Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro: Firjan, 2022.

    FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil. 2016.

    MIGUEZ, Paulo; LOIOLA, Elisabeth (Org). Diagnóstico da Rede do Audiovisual Baiano. Salvador: Secretaria de Cultura, 2010.

    UNESCO. Marco de Estadísticas Culturales de la UNESCO 2009. Montreal: Instituto de Estatística da UNESCO, 2009.