Ficha do Proponente
Proponente
- Aline Wendpap Nunes de Siqueira (UFMT)
Minicurrículo
- Professora do curso de Cinema e Audiovisual e do PPEGECCO da UFMT. Integrante dos Grupos de Pesquisa GECAS e Contemporarte. Crítica de Cinema. E-mail: aline.siqueira@ufmt.br
Ficha do Trabalho
Título
- OS PANTANAIS: representação do bioma sob o olhar feminino
Mesa
- Cinema no Pantanal
Formato
- Presencial
Resumo
- Este trabalho destaca a diversidade das narrativas audiovisuais sobre o Pantanal mato-grossense sob perspectiva feminina. Apresenta três obras: “Águas Encantadas do Pantanal” de Daniele Bertolini, a série “Pantanal e Outros Bichos” de Tati Mendes e “Itinerário de Cicatrizes” de Glória Albuês. Cada obra evidencia diferentes abordagens e estilos, refletindo a riqueza cultural e ambiental da região.
Resumo expandido
- Pretende-se dar a ver a diversidade de narrativas e dos modos de fazer audiovisual sobre o pantanal mato-grossense, pelo olhar feminino. Já que, “Estar no Centro-Oeste não implica apenas uma mera designação geográfica. Está mais para uma condição existencial” (SOCINE, 2024), assim temos dimensão do que é fazer audiovisual no Centro-Oeste.
Pois, em Mato Grosso também vivemos o paradoxo, citado na mesma página, de nos sentirmos à margem e ao mesmo tempo no centro de novas formas de realização audiovisual. Evidenciar e analisar o audiovisual feminino, em um lugar fora do eixo central justifica a proposta. Portanto, traremos a apresentação e breve análise de três obras sobre o bioma, nas quais há a presença efetiva de mulheres.
A primeira é “Águas Encantadas do Pantanal” (2001, 42’) de Daniele Bertolini, documentário que apresenta histórias do imaginário pantaneiro contadas por habitantes da região da Baía de Chacororé-MT. A cena de abertura com um sobrevoo pela Baía é poética. Antecipa os encantos e mistérios que envolvem o local. A fotografia nos “teletransporta” ao ambiente, demonstra o cotidiano e a sinergia entre habitantes humanos e não humanos. O tempo é lento, não apenas pelas falas e sotaque pantaneiro, mas pelo ritmo adotado. Danielle é formada em Jornalismo pela PUC-SP e criadora da Cumbaru produções. Documentarista, cuja trajetória começa com este documentário e segue até chegar ao longa Plantadoras de Água (a ser lançado).
Enquanto este documentário desperta a imaginação pelos relatos orais, a série “Pantanal e Outros Bichos”, segunda produção explora tanto a diversidade das lendas regionais quanto a “mis-èn-cene” própria da linguagem de ficção. Retrata as aventuras de irmãos super conectados e urbanos, em suas férias no Pantanal, onde vivenciam a rica mitologia pantaneira. Um dos grandes diferenciais dela é a linguagem infanto-juvenil e a intrínseca ligação com o teatro, expressa pelas escolhas dos atores e do rico figurino, que leva diretamente à uma segunda realidade (BYSTRINA, 1995), ou seja, ao reino da imaginação.
A produção da série é assinada por Tati Mendes, que possui uma trajetória importante na cena cultural mato-grossense, já que junto com Amauri Tangará fundou a Cia D’Artes do Brasil, empresa dedicada ao teatro e cinema, que surge em 1995. É produtora de cinema e TV, pós-graduada em Gestão Cultural, tem dois telefilmes como co-diretora, produtora também de “Cerrado e outros Bichos” (continuação da série Pantanal e Outros Bichos). Atualmente é Presidente da MTCine.
Glória Albuês, diretora, roteirista e documentarista é sempre conectada com as questões mais pulsantes da realidade sociocultural e ambiental contemporâneas. É ela quem apresenta a obra mais contemporânea, até o momento, sobre o Pantanal mato-grossense “Itinerário de cicatrizes” (MT, 19’, 2022) filme-ensaio que revela marcas, vestígios e cicatrizes impressas na flora, fauna e na vida das pessoas que habitam as planícies do Pantanal de Mato Grosso, ocasionadas pelo mais devastador incêndio de sua história, ocorrido em 2020. Em entrevista concedida ao Sesc , diz que “A estrutura utilizada foi decidida à medida que eu interagia com aquela situação, percorrendo os vastos espaços carbonizados, sentindo na pele o sofrimento da gente pantaneira”.
Bibliografia
- BYSTRINA, Ivan. Tópicos de semiótica da cultura. Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Semiótica da Cultura da PUC-SP. São Paulo: 1995. Pré-print.
DE SIQUEIRA, Aline Wendpap Nunes. E Se o Vento Levou, o Whats Prantchou? Editora Appris, 2020.
Entrevista Glória Albuês, sobre Itinerário de cicatrizes. Disponível em