Ficha do Proponente
Proponente
- Eduarda Andréa Barbosa Campos (UFF)
Minicurrículo
- Sou aluna do curso de licenciatura e, concomitantemente, do mestrado em Cinema e Audiovisual, ambos pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisei a interseção entre os temas de audiovisual, decolonialidade e educação como estudante bolsista de iniciação científica pelo CNPq. Participo do Programa de Iniciação à Docência pela Capes. Atuo na captação de som e meu interesse primordial é a integração entre realização audiovisual e processos educativos.
Ficha do Trabalho
Título
- Esto sí es América: decolonialidade em videoclipes
Seminário
- Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas
Formato
- Presencial
Resumo
- Os videoclipes, enquanto produtos de uma interseção entre o audiovisual e a música, não estão alheios ao contexto cultural da época de sua produção. Desta maneira, é possível identificar o viés estético decolonial em peças audiovisuais desta espécie produzidas na década atual e na que a antecedeu. Esta comunicação diz respeito à análise de três videoclipes de músicas interpretadas por artistas latino-americanos.
Resumo expandido
- Esta apresentação tenciona introduzir a pesquisa, desenvolvida no âmbito do mestrado acadêmico do PPGCine, acerca da presença da Perspectiva Decolonial nas produções audiovisuais que ostentam o formato de videoclipes musicais, veiculando obras de artistas que se reconhecem como latino-americanos. Entendendo que os videoclipes musicais têm pronunciada importância no âmbito da indústria fonográfica e que, por serem hodiernamente disseminados através da internet, também apresentam grande potencial de alcance, a investigação acerca dessas peças contribui para imprimir perenidade à sua presença nos estudos acadêmicos na área do audiovisual.
A perspectiva decolonial se depara com um campo deveras profícuo quando o interesse dos artistas supracitados e, por óbvio, das empresas do mercado fonográfico, se volta à explicitação de ideias antagônicas ao apagamento cultural empreendido desde as incursões europeias em território conhecido, atualmente, como latino-americano por meio dos vídeos produzidos com o objetivo de popularizar as músicas que resultam do trabalho dos dois atores acima mencionados. Tem-se que os videoclipes que guardam relação com o viés estético em comento são dotados de relevante potência enquanto expressão artística descolonizadora. Nessa toada, cogita-se de que o videoclipe musical possa ser estruturado de maneira a atender os requisitos para ser considerado como uma peça imbuída da perspectiva decolonial, tanto no que diz respeito à narrativa nele contida quanto no que tange à mise-en-scène da peça audiovisual, levando em consideração o que Christian León e Joaquín Barriendos elencam como esforços para a descolonização do olhar. Assim, três videoclipes estão sendo escrutinados, quais sejam, o da música “This is not America”, interpretada e composta por Residente, rapper porto-riquenho, o videoclipe de “Rito de Passá”, da artista MC Thá, brasileira nascida no Estado de São Paulo e o videoclipe de “No meio do Pitiú”, canção de Dona Onete, natural do Estado do Pará. Três também são os motes intrinsecamente conectados à produção teórica decolonial que se apresentaram a partir do visionamento das obras acima referidas: o diagnóstico do processo violento de colonização; o resgate de práticas culturais de maneira a desafiar o epistemicídio, a instituição forçada do monoteísmo cristão e o apagamento cultural de modo geral; e a afirmação do colonizado enquanto sujeito a partir da ostentação de sua identidade cultural. Defendo que a experiência estética promovida por esses videoclipes musicais é suficiente para provocar o fazer decolonial em todas as suas acepções, construindo conhecimento face ao epistemicídio, inserindo valores culturais que foram desgastados pela violência colonial no cotidiano da sociedade e se colocando como contraponto à caracterização do colonizado através da ótica do colonizador.
Bibliografia
- BARRIENDOS, Joaquín. A colonialidade do ver: rumo a um novo diálogo visual interepistêmico, Revista Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, UNILA, v. 3 n. 1 (2019): Giro decolonial I: Artes visuais, arquiteturas e visualidades.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-se como fundamento do ser. Feusp, 2005. (Tese de doutorado).
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Sociología de la imagen: ensayos. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015.
DELGADO, Carolina Santamaria. El bambuco, los saberes mestizos y la academia: un anâlisis histórico de la persistencia de la colonialidad en los estudios musicales latnoamericanos.
LEÓN, Christian. Imagem, mídias e telecolonialidade: rumo a uma crítica decolonial dos estudos visuais, Revista Epstemologias do Sul, Foz do Iguaçu, UNILA, v. 3 n. 1 (2019): Giro decolonial I: Artes visuais, arquiteturas e visualidades.
TRUJILLO, Mayra Estévez. Estudios sonoros desde la Región Andina. Quito: Centro Experimental Oído Salvaje, 2008.