Ficha do Proponente
Proponente
- CARLOS FEDERICO BUONFIGLIO DOWLING (UFPB)
Minicurrículo
- É doutor pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação – PPGCOM da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (2022). É mestre em Artes visuais pela UFPE/UFPB (2012). Fez Mestrado Profissionalizante Iberoamericano em Roteiro Cinematográfico pela Universidad Internacional Menéndez Pelayo (Espanha/2008) como bolsista do Programa IBERMEDIA. Tem especialização em Roteiro de Cinema e Televisão pela Escuela Superior de Artes e Espectáculos – TAI (Espanha/2003) como bolsista da CAPES/APARTES.
Ficha do Trabalho
Título
- A Escrita do Iauaretê: oralidade expandida por narrativa alagmática XR
Seminário
- Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- A presente comunicação propõe uma análise com a aplicação do conceito de Narrativa Alagmática (Dowling, 2022), a partir dos processos de criação do projeto da série ficcional multiplataformas ANIMA LATINA, com especial atenção ao desenvolvimento do roteiro prototípico do filme-instalação em Realidade Estendida (XR) MEU TIO O IAUARETÊ (2022-24024), livre adaptação do conto homônimo de João Guimarães Rosa.
Resumo expandido
- A presente comunicação propõe uma análise com a aplicação do conceito de Narrativa Alagmática (Dowling, 2022), a partir dos processos de criação do projeto da série ficcional multiplataformas ANIMA LATINA, com especial atenção ao desenvolvimento do roteiro prototípico do filme-instalação em Realidade Estendida (XR) MEU TIO O IAUARETÊ (2022-24024), livre adaptação do conto homônimo de João Guimarães Rosa.
Circunscreve assim o foco de atenção e análise ao processo de criação, recriação, e mesmo de uma transcriação, a partir da potente ficcionalização de Guimarães Rosa que toma como base inspiratória a cosmogonia dos povos autóctones caboclo curibocas das Geraes, através da criação da personagem do Tonho-Tigreiro, um onceiro que conta de como se enamorou de Maria-Maria, uma onça que o fez nunca mais matar outros felinos.
As narrativas alagmáticas devem ser breve e incialmente entendidas a partir de uma “explícita inspiração”:
[…] respectivamente nos conceitos de ficção filosófica e epistemologia fabulatória de Vilém Flusser (FELINTO, 2014) e, na conceituação de algamática, como proposta por Gilbert Simondon (2020.a[1958]) como um refinamento do conceito de cibernética (WIENER, 2019[1948]). (Dowling, p. 26, 2022)A presente análise trata assim das relações assimétricas em estado metaestável (Simondon, 2020) estabelecidas no interior de sistemas narrativos audiovisuais roteirizados em obras cinematográficas digitalmente expandidas (Shaw, 2005), utilizando tecnologias de imersão interativa conjuntamente com elementos de Inteligência Artificial em protocolos de data driven (Stutz, 2006). A análise aqui apresentada orbitará em torno do processo de desenvolvimento da fase de roteirização dos tratamentos iniciais do filme-instalação ficcional em Realidade Estendida [XR], MEU TIO O IAUARETÊ (Dowling, 2021-2024), roteiro expandido por tecnologias do audiovisual digital e adaptado do conto homônimo de João Guimarães Rosa.
Apresentaremos assim brevemente alguns procedimentos utilizados e desenvolvidos para reinventar uma escrita dramatúrgica audiovisual embebida e mesmo expandida, quando não geneticamente inspirada, pelas tecnologias digitais, que perfazem uma cultura digital, eminentemente em uma sociedade datificada, buscando a composição de narrativas audiovisuais datificadas, levando em conta a busca da instauração de sistemas narrativos de indeterminação controlada, buscando refletir sobre a dinâmica de estabelecimento de relações assimétricas no interior de processo de individuação e transindividuação (Simondon, 2020) operando no processo de constituição de um sistema narrativo cibernético metaestável, aqui renomeado de narrativas alagmáticas, compreendidas como a aplicação da “teoria geral das trocas e das modificações de estados” como preditas por Simondon (Simondon, 2013, p. 535), aplicada e derivada na concepção de estruturas narrativas baseadas na operação e na estrutura de programas digitais de interação e imersão cinematográficas.
Assim aqui aplicaremos o conceito de oralidade expandida como um lastro-guia para estudar o processo de composição da adaptação intersemiótica entre o conto original de Guimarães Rosa e o roteiro cinematográfico em Realidade Expandida [RX], partindo da fina e precisa análise de Haroldo de Campos sobre a ficção de Rosa “Então, não é a história que cede o primeiro plano à palavra, mas a palavra que, ao irromper em primeiro plano, configura a personagem e a ação, devolvendo a história.” (CAMPOS, 2006, p. 59). Que será justaposto com a análise a respeito de subversão na ordem crono-topológica (HUI, 2018) provocado pelas tecnologias digitais de Realidade Aumentada (RA).
Bibliografia
- CAMPOS, H. Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 1976
DOWLING, Carlos Federico Buonfiglio. KINE DATA :_Cinemas_Dados_: Por Imagens Cosmotécnicas. 2022. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicação (ECO), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2022.
HUI, Yuk. The Question Concerning Technology in China. An essay in cosmotechnics. United Kingdom: Urbanomic, 2016.
____________. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
____________. Art and Cosmotechnics. Minnesota: University of Minnesota Press, 2021.
LEAL, R. O Roteiro Encarnado: a poética das narrativas imersivas e interativas. 2022. Tese (Doutorado em Cinema e Audiovisual) — Instituto de Artes e Comunicação Social, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2022.
ROSA, G. Meu tio o iauaretê. In Estas estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
SIMONDON, Gilbert. L’individu et sa genèse physico-biologique (IGB). Paris: PUF, 1964.
____________. L’Individuation psychique et collective. Paris: Aubier, 1989.