Ficha do Proponente
Proponente
- Daiane Teresa Bedin (UFSM)
Minicurrículo
- Mestranda em Comunicação – Linha Mídias e Identidades Contemporâneas e especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria. Atua na área de cinema e audiovisual como montadora e diretora de fotografia em curtas-metragens e videoclipes. Documentarista contemplada com o Edital de Curtas Democracia, Deliberação e Educação Política (2022) – Canal Futura e Fundação Roberto Marinho. Tem como interesse: audiovisual, cinema e estudos de gênero.
Coautor
- Jessica Tavares de Souza (UFSM)
Ficha do Trabalho
Título
- Reflexões sobre documentarismo de mulheres: entre a técnica e estética
Formato
- Presencial
Resumo
- O presente trabalho busca discutir as perspectivas da produção do cinema documental de mulheres a partir de um relato de experiência da produção do curta-metragem Terra de Mulheres (2023). A pesquisa entrelaça a discussão teórica sobre documentário e feminismo, buscando contribuir para os esforços na localização do cinema de mulheres e também de compreender o seu potencial de transformação social, considerando autores como Bill Nichols (2012), Ann Kaplan (2012) e Laura Mulvey (1999).
Resumo expandido
- O presente trabalho busca discutir as perspectivas da produção do cinema documental de mulheres a partir de um relato de experiência da produção e distribuição do curta-metragem Terra de Mulheres (2023). A pesquisa entrelaça a discussão teórica sobre documentário e feminismo, buscando contribuir para os esforços na localização de um cinema de mulheres em todas as suas perspectivas: estéticas, narrativas e de gênero.
A pesquisa surge de um contexto de pesquisa acadêmica de ambas autoras, dos estudos entre as relações entre documentário, estudos de gênero e memória, e também de nossa atuação profissional enquanto documentaristas. O documentário Terra de Mulheres (2023) conta a história de vida de duas mulheres moradoras do Bairro Nova Santa Marta – uma das maiores ocupações da América Latina, localizado na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Com duração de 18 minutos, o documentário oferece uma janela para as vozes e perspectivas das mulheres, destacando suas realizações, lutas e contribuições para a sociedade, enriquecendo o entendimento sobre suas jornadas individuais e coletivas. As discussões propostas a partir da produção do documentário buscam retomar o panorama do documentarismo a partir dos anos 1980, que, com a introdução e disseminação das tecnologias de vídeo no Brasil, as narrativas documentárias que passaram a ser produzidas, distribuídas e exibidas estavam intimamente ligadas ao contexto dos movimentos sociais que emergiram durante o processo de redemocratização. Nesse período marcado por agitação política e questionamento dos valores culturais e sociais, os documentários produzidos por mulheres abordaram temas e estéticas que aproximaram os conceitos de documentário e feminismo.
Dentro desse contexto, até os dias de hoje, podemos entender o cinema como espaço político, de memória e de resistência. O cinema documentário, aqui entendido como produto cultural que opera memórias e ativos políticos na disputa pelas narrativas, mesmo com sua característica distintiva dos demais gêneros fílmicos de ser uma produção de não-ficção (NICHOLS, 2012), tem em seu processo de produção decisões que demandam recortes, escolhas e recursos narrativos e argumentativos. Essas decisões, em um cinema realizado por mulheres e ancoradas nas discussões sobre documentarismo e feminismo, são essenciais para a subversão de padrões em que o cinema enquanto produção é sustentado e de resistência de discurso e de narrativas.
Sendo assim, sob a luz dos conceitos de Bill Nichols (2012), Ann Kaplan (2012) e Laura Mulvey (1999), a pesquisa busca entender de que maneira a construção narrativa do cinema documentário feito por mulheres tem potencial de resistência e transformação social, e de que forma – estética e narrativamente – se dá essa construção.
Bibliografia
- ALVAREZ, S. E. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cadernos
Pagu, 43, jan-jun 2014, pp. 13-56.
KAPLAN, E. A. Troubling Genre/Reconstructing Gender. In: GLEDHILL, C. (org.) Gender
meets genre postwar cinemas. University of Illinois Press, 2012. p. 71–83.
MULVEY, L. Visual Pleasure and Narrative Cinema. In: LEO BRAUDY AND MARSHALL
COHEN (Ed.). Film Theory and Criticism: Introductory Readings. New York: Oxford UP,
1999. p. 833–844.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2012.
RAGO, M.. Epistemologia feminista, gênero e história. In HOLLANDA, Heloísa Buarque de
(org.) Pensamento feminista brasileiro – Formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do
Tempo, 2019, p. 371-387.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, n. 20,
v. 2, jul./dez. 1995, p. 71-99 ou em HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.) Pensamento
feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 48-80.