Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Hugo Silveira dos Santos (UFRGS)

Minicurrículo

    Hugo Silveira dos Santos. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Graduado em Jornalismo pela mesma instituição (2019). Tem experiência em assessoria de comunicação, fotografia e estudos em arte e cinema.

Ficha do Trabalho

Título

    Rogério Sganzerla, dos textos críticos ao cineasta marginal.

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho pretende analisar como os textos críticos e teóricos produzidos pelo cineasta Rogério Sganzerla na década de 1960 se fizeram presentes na linguagem cinematográfica de sua posterior obra fílmica. Serão analisados conceitos elaborados pelo autor a respeito das estruturas narrativas do cinema e do próprio fazer artístico. Suas teorizações serão abordadas através da análise fílmica a partir de dois de seus longas-metragens : O Bandido da Luz Vermelha e Sem Essa, Aranha.

Resumo expandido

    Os textos escritos por Rogério Sganzerla (principalmente dentro do suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo entre 1964 e 1967) estão inseridos em um contexto de efervescência do cinema nacional. Nesse momento, Sganzerla ainda está em seu processo de formação da identidade enquanto cineasta e exerce a sétima arte mais com a máquina de escrever do que com a câmera nas mãos. Em seus escritos, o autor-cineasta examina rigorosamente o trabalho de seus contemporâneos e não tem pudor ao esmiuçar obras consagradas, nem hesita em fazer apontamentos provocativos sobre o cinema de seu tempo. Para Sganzerla escrever sobre cinema é engajar-se. Por isso, seus escritos, para além de críticos, assumem o estilo do ensaio. Na sua visão, a experiência cinematográfica se passa no espaço temporal da consciência, que é o instante eterno. O cinema compõe-se no arranjo básico de três elementos: olho, objeto e luz. Espectador, ator e diretor precisam estar conscientes da sua condição e a estrutura do filme é tão decisiva quanto seu conteúdo ou enredo.
    A base teórica deste trabalho está constituída por textos que discutem o desenvolvimento e as mudanças na linguagem fílmica, com recortes na transição entre o cinema clássico e o cinema moderno. A metodologia utilizada é a de análise fílmica, considerando especialmente cenas de dois longas-metragens do diretor: O Bandido da Luz Vermelha e Sem Essa, Aranha. Conceitos considerados essenciais, formulados por Sganzerla ainda na década de 60, foram selecionados para a análise: herói fechado, câmera cínica, cinema do corpo, cinema da alma e o cinema corpo mais alma. Além desses, alguns elementos que se relacionam a esses conceitos também fizeram parte da análise, como a metalinguagem, a colagem multirreferencial e o improviso dos atores. Esses conceitos analisados nas obras escolhidas expressam um cineasta-pensador que problematiza as estruturas narrativas do cinema, apostando no protagonismo dos atores e na potência da ação, desdobrada e constituída no plano visual, entre a liberdade narrativa e a mescla de elementos referenciais. Afirma-se assim, um cinema de rupturas dramáticas e dedicado a questionar o próprio fazer artístico no sentido de libertar a linguagem cinematográfica de suas ilusórias amarras.
    A intenção aqui é contribuir para os estudos a respeito da obra de Rogério Sganzerla, mais especificamente sobre os conceitos elaborados e aplicados em seus filmes. A proposta é de jogar luz sobre a transição de Sganzerla, como pensador de cinema, para um Sganzerla cineasta; da sua teoria à sua prática. A partir dessa trajetória ele consolidou sua linguagem cinematográfica e deixou na história do cinema brasileiro sua marca revolucionária que continua nos obrigando a pensar e a repensar o cinema até hoje.

Bibliografia

    SGANZERLA, Rogério. Textos críticos 1. Florianópolis: Editora da UFSC, 2010-a. SGANZERLA, Rogério. Textos críticos 2. Florianópolis: Editora da UFSC, 2010-b.
    SGANZERLA, Rogério. Por um cinema sem limite. Rio de Janeiro: Editora Azougue, 2001.
    O BANDIDO da luz vermelha. Direção: Rogério Sganzerla. Brasil: Urano Filmes, 1968. 92 min.
    SEM essa, Aranha. Direção: Rogério Sganzerla. Brasil: Bel-air Filmes, 1970. 1h42