Ficha do Proponente
Proponente
- Adriano Del Duca (não há)
Minicurrículo
- Mestre em Cinema (PPGCINE/UFF-2020) e graduado em Ciências Sociais (UNESP-2007) e Cinema e Audiovisual (UNESPAR-2017). Atuo como professor desde 2008 nos diversos níveis de ensino. Sou professor de Sociologia na rede pública estadual do Rio de Janeiro, professor autor EaD (Cruzeiro do Sul), desenvolvo ações como crítico (https://auroracine.com.br), e educador audiovisual, com destaque para os projetos O Cinema Vai à escola (Sesc Paraty – 2017) e Oficina do Olhar (Casa Monte Alegre – 2021-2023).
Ficha do Trabalho
Título
- Oficina do Olhar: vivências imagéticas e audiovisuais com crianças.
Formato
- Presencial
Resumo
- Essa pesquisa é uma “documentação pedagógica” (MALGUZZI) a partir de uma prática contínua de ensino de cinema na educação infantil como um componente curricular permanente. A escola Casa Monte Alegre, localizada em Santa Teresa-Rio de Janeiro, acolheu meu projeto educacional “Oficina do Olhar” em 2021, espaço profissional e de pesquisa pedagógica e audiovisual que realizo semanalmente desde então. A presente comunicação é um relato da experiência de brincar, “imaginar” e “cinemar” com crianças.
Resumo expandido
- A Oficina do Olhar surgiu como um espaço de experimentação com frequência semanal em que as crianças vivenciassem, através de brincadeiras, construção de brinquedos e manipulação de equipamentos fotográficos analógicos e digitais, as possibilidades do olhar, do registro da imagem e da construção de imagens. A fotografia, projeções, desenhos, brinquedos ópticos e obras audiovisuais tornam-se mediações para trabalhar a percepção do universo imagético e visual, e, através da luz, das cores, das sombras, de recortes e colagens, construir um olhar pro mundo, pro outro e pra si mesmas.
As oficinas são pautadas por dispositivos que pretendem envolver o grupo de pequenos criadores em torno de práticas de observação do ambiente, dos objetos, dos próprios corpos, através de brinquedos e jogos de olhar. Essa sensibilização pretende trabalhar os modos de ver, relacionando-se com os corpos, o espaço e objetos através da visualidade. Alguns jogos e vivências envolvem câmeras analógicas, digitais, experimentos fotossensíveis, telas de projeção e sensibilização através de vídeos, música, fotografia e outros elementos audiovisuais, mas muitas das práticas estão associadas a construções de traquitanas, caminhadas, construção de imagens com resíduos da natureza, pesquisas que atravessam o cotidiano escolar e das crianças, e que se articulam para dialogar com a produção ou fruição de imagens.
A intenção inicial era propiciar essas experiências através de ferramentas analógicas que desvinculassem a visualidade, o registro e a imagem, das telas digitais que nos permeiam. Assim, o olho e o ouvido, e, por conseguinte a visão e audição, seriam estimulados e através da imaginação – imagem, cor, gesto, movimento e palavra, articulados para olhar o mundo e a partir do que é visto, olhar a si mesmo no mundo. No fundo, a experiência seria permeada por ideias fotográficas e cinemáticas pois havia o objetivo que os registros de imagem e movimento se tornassem produtos fílmicos da experiência com as câmeras.
A realidade é mais poderosa que a ideia, e a curiosidade infantil, a atenção nos detalhes e processos, alertavam que o importante não eram os produtos ou objetivos a serem alcançados, mas sim para as possibilidades processuais de cada encontro, de cada desenho, de cada jogo ou brincadeira ou objeto com o qual se relacionavam, histórias que contavam, o quanto de caminhos e usos uma folha de papel ou um filme fotográfico podem proporcionar para uma brincadeira.
Desdobrou-se uma pesquisa permanente junto às crianças e educadoras em torno de uma série de materiais que compõem o universo da técnica e tecnologia da fotografia e do cinema: acetatos, transparências, caixas de papelão que se transformam em câmaras escuras, salas de cinema em miniatura, câmeras de TV de “mentirinha”, imagem e imaginação confundidas no brincar infantil e no fazer pedagógico. Dessas pesquisas brotaram também experiências com o digital, através de jogos de stop-motion, brincadeiras de narrar, e aos poucos, após mais de um ano e meio de encontros e vivências semanais, surgiram os primeiros filmes, a partir de ideias e do próprio desejo das crianças.
Em 2023, realizamos animações em stop-motion com botões, um documentário a partir de fotografias narradas, filmes poéticos a partir da obra de Manuel de Barros, e até um video-clipe de um rap composto e gravado pelas crianças e seus familiares, que foram exibidos em uma sessão de cinema na sala do Cine Santa, cinema de rua em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Essas experiências audiovisuais entre educadores e crianças, bem como a relação com as famílias e o cinema do bairro, materializam um conjunto amplo e significativo de teorias que articulam o cinema e a educação. A documentação pedagógica desses processos, os filmes realizados, bem como o relato da experiência compõem o corpus do presente projeto de pesquisa.
Bibliografia
- EDWARDS, C., GANDINI, L. , FORMAN, G. As Cem Linguagens da Criança: Volume 1: A Abordagem de Reggio Emilia na Educação da Primeira Infância. Ed. Penso, Porto Alegre, RS, 2015.
MALAGUZZI, Loris. La educación infantil en Reggio Emilia. Editorial Octaedro, S.L, 2011.
MIGLIORIN, Cezar et al. Cadernos do Inventar: cinema, educação e direitos humanos. EDG, Niterói, RJ, 2016.
MIGLIORIN, Cezar. Cinema e Clínica: a criação em processos subjetivos e artísticos.Ed. UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 2022.
MIGLIORIN, C., PIPANO, I. Cinema de Brincar. Relicário, Belo Horizonte, MG, 2019.
PIPANO, Isaac. Isso que não se vê: teorias para cinemas e educações, Grupo Multifoco: Cinemas e Educações, Rio de Janeiro, RJ, 2023.