Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Thiago Freitas Rosestolato (UFF)

Minicurrículo

    Bacharelado em Cinema e Audiovisual pela UFF (2022) e mestrando no PPGCine na UFF, é pesquisador, diretor de cinema e preparador de elenco. Ministrou oficinas de cinema em ONGS e escolas. Atualmente desenvolve a dissertação “A ATMOSFERA CINEMATOGRÁFICA E SEUS MEIOS CRIATIVOS: O cinema de Yorgos Lanthimos”, com orientação da prof/doutora India Mara Martins. Dirigiu o curta “Espectro” (2022), ganhador de 11 prêmios em festivais, e “Tarefa”. Trabalhou em longas, média e série como ass. de direção.

Ficha do Trabalho

Título

    A ATMOSFERA CINEMATOGRÁFICA E SEUS MEIOS CRIATIVOS: O cinema de Yorgos

Formato

    Presencial

Resumo

    A presente pesquisa propõe responder a pergunta: como observar o movimento da imagem, o espaço cinematográfico e a direção de atores na construção de atmosferas nos longas-metragens de Yorgos Lanthimos? Para isso, três filmes do cineasta grego serão analisados sobre essa perspectiva: Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017). Dessa forma, este estudo destaca-se em explorar a atmosfera cinematográfica em suas origens, propriedades, qualidades e materialidades.

Resumo expandido

    A atmosfera cinematográfica é um conceito muito mencionado entre os cineastas e críticos de cinema. Entretanto, quando referida, sua caracterização geralmente sugere uma compreensão muito mais abrangente da palavra, o que esvazia o seu sentido. Logo, por ser uma questão não apenas narrativa, mas também pertencente ao domínio das sensações, diversos escritos utilizam a palavra para se referirem à um afeto específico frente à uma determinada obra audiovisual, mas poucos saberiam discutir sobre os seus meios de criação. Dessa forma, este estudo investiga os recursos que seriam responsáveis por gerar uma atmosfera em uma obra cinematográfica, com base em uma análise de três filmes do cineasta grego Yorgos Lanthimos; Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e O sacrifício do cervo sagrado (2017). A objetivo é observar como o diretor utiliza a movimentação da imagem, a representação do espaço cênico e a direção de atores para gerar atmosfera em ambos os filmes. Assim, proponho três reflexões para responder o problema principal: de que maneira o movimento de câmera é capaz de gerar atmosferas em uma obra audiovisual? Quais relações são estabelecidas entre personagem e espaço na criação de atmosferas? Se há uma maneira de dirigir atores para gerar atmosfera, essa forma de direção precisa estar à serviço de qual componente? A partir destas interrogações e do interesse em oferecer um olhar sobre suas configurações nas obras de Yorgos Lanthimos, cineasta grego pouco estudado nas pesquisas acadêmicas e nunca sobre a perspectiva deste estudo, o conceito de atmosfera fílmica é colocado em evidência para responder de que forma ela dá o tom à representação, atribuindo-lhes competências, propriedades, qualidades e intensidades.

    Nesse sentido, ao investigar o movimento de câmera como instrumento gerador de atmosfera, propõe-se à reflexão sobre o curso do plano e a sua representação no campo e no fora de campo, levanto em consideração também o enquadramento e a relação de distância do corpo e câmera. No conceito de espaço cinematográfico, é apresentado uma relação mais sensorial e catártica com o filme, analisando de que maneira o espaço pode ou não estar à serviço da representação da realidade, o que involuntariamente nos faz entrar no campo do realismo. Na direção de atores, a análise é centrada no comportamento do ator em cena, realizando uma associação entre o comportamento do ator e a temática narrativa do filme como instrumento principal na criação de atmosferas. Dessa forma, todas essas reflexões são realizadas sobre a perspectiva do cineasta grego, enfatizando a potência do diretor na criação de atmosferas incômodas através do seu fazer fílmico específico.

    Ao longo da história do cinema, diversos estudos recorreram ao conceito da atmosfera cinematográfica. O número de vezes que a palavra atmosfera aparece – em fontes que vão desde revistas especializadas da indústria às obras teóricas, atenta a importância que os cineastas e pesquisadores atribuem a ela. Entretanto, além de existir poucos estudos brasileiros sobre essa temática, muito menos se sabe que o conceito dialoga com outras áreas de estudo. Dessa forma, além de possuir uma fundamentação teórica embasada em autores considerados percursores desse estudo no cinema, este trabalho ainda possui referências na filosofia, literatura e psiquiatria, áreas em que o conceito de atmosfera já fora investigado anteriormente.

    Entende-se também que este é um tema pertinente para o ofício da realização cinematográfica e da análise fílmica, uma vez que é um recurso narrativo e requer uma observação minuciosa do plano, abrangendo tanto o mercado de trabalho quanto o fazer cinematográfico dentro da universidade.

Bibliografia

    GIL, Inês. A atmosfera no cinema: o caso de A Sombra do Caçador de Cherles Laughton entre o onirismo e realismo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2005.
    Gil, Inês. A atmosfera como figura fílmica. ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume I, 2005.
    GIL, Inês. A atmosfera fílmica como consciência. Caleidoscópio: Revista de Comunicação e Cultura, n.2, p. 95-101, 2011.
    MARTINS, Índia Mara. Estratégias visuais e efeito do real na construção do espaço cinematográfico. Asociación Latinoamericana de Investigadores em Comunicación (ALAIC),
    2014.
    PÉLICIER, Yves. Pour l’atmosphérique. In: TELLENBACH, Hubertus. Goût et atmosphere. Paris: Presses Universitaires de France, 1983.
    SPADONI, Robert. What is a Film Atmosphere? Quarterly Review of Film and Video, 37:1, p.
    48-75. 2020.
    FALVEY, Eddie. The cinema of Yorgos Lanthimos: Films, From, Philosophy. Bloomsburry
    Academic, 2021.