Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Drika de Oliveira [Adriana de Oliveira Carneiro Lima] (UFF/Cinemateca MAM)

Minicurrículo

    Coordenadora de Acervos Fílmicos na Cinemateca MAM Rio, mestranda em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense e membra do Comitê Executivo da FIAF (Federação Internacional dos Arquivos de Filme).

Ficha do Trabalho

Título

    Lucila Avelar e a Cinemateca MAM Rio: resgate de uma trajetória

Formato

    Presencial

Resumo

    Pretende-se resgatar a trajetória de Lucila Avelar na Cinemateca MAM Rio. Apesar de ter trabalhado ao longo de 15 anos na instituição e de ter atuado como braço direito de Cosme Alves Netto, seu nome é praticamente desconhecido. Contudo, era ela que, entre diversas funções, assumia a gestão da Cinemateca quando Cosme se ausentava em suas frequentes viagens. Pretende-se analisar o vídeo do projeto de história oral “Ouvindo histórias” em que Lucila conta um pouco de sua trajetória na Cinemateca.

Resumo expandido

    Em meados de 2020 assumi a direção de fotografia do “Ouvindo histórias”, um projeto de história oral com ex-funcionários da Cinemateca MAM Rio sobre o período em que trabalharam na instituição. O projeto foi idealizado pelo atual diretor da Cinemateca, Hernani Heffner, e é uma busca (ainda em processo) por nomes e dados sobre o passado da Cinemateca.

    Foi durante a gravação dos depoimentos para o “Ouvindo histórias” que conheci a primeira secretária de Cosme Alves Netto, o diretor mais longevo e certamente o nome mais emblemático da história da Cinemateca (1965-1985). Lótus Dutra de Oliveira faleceu poucos meses depois da gravação, vítima de Covid-19. Felizmente suas preciosas histórias viraram arquivo, viraram história fixada no tempo. Foi também nesse período que conheci Lucila Avelar, fio condutor desta comunicação que proponho para a XXVll SOCINE.

    Lucila substituiu Lótus em 1970 e foi secretária de Cosme ao longo de 15 anos. Mesmo tendo sido braço direito dele e uma das funcionárias mais antigas da instituição, ela é uma figura praticamente desconhecida. Não fosse pelo depoimento ao “Ouvindo histórias” (disponível em https://vimeo.com/579459085), sua atuação e relevância profissional estariam ainda mais apagadas pelas sombras dos nomes masculinos que, não por acaso, são ainda hoje os mais conhecidos da instituição: Cosme Alves Netto, Gilberto Santeiro, Chico Moreira, Hernani Heffner.

    O período em que Lucila trabalhou na Cinemateca é considerado um momento chave na formação da identidade da instituição (Nuñez, 2018). Esse estudo pretende mostrar que uma boa parte do que foi realizado durante a gestão Cosme Alves era, na verdade, de responsabilidade de Lucila – como por exemplo as tomadas de decisão durante as constantes viagens de Cosme, ou ainda das reformas realizadas na Cinemateca depois do incêndio de 1978. Além disso, era ela a ponte institucional entre a Cinemateca MAM Rio e a Cinemateca Brasileira, naquele momento dirigida por Paulo Emílio Sales Gomes – ambos os diretores não mantinham boas relações. E mesmo após a saída de Lucila, ela ainda continuou contribuindo com a Cinemateca MAM Rio por anos, de diversas maneiras.

    Esta comunicação se baseará na análise do vídeo-arquivo produzido para o “Ouvindo histórias”, com foco principal no trabalho de Lucila, que naquele momento era a única mulher da equipe da Cinemateca nos anos 1970. Assim, ao trazer à luz certas lacunas, almejo registrar a trajetória de Lucila na história da instituição e a sua contribuição à área da preservação audiovisual no Brasil. A esperança é de que esse movimento inicial possa abrir caminho para a descoberta e o estudo acerca de outras tantas mulheres que trabalharam ao longo dos 75 anos da Cinemateca MAM Rio.

Bibliografia

    COELHO, Maria Fernanda Curado. A experiência brasileira na conservação de acervos audiovisuais: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação, ECA, USP, 2009.

    NÚÑEZ, Fabián. Reflexões sobre a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro na virada dos anos 1960 aos 1970. Significação – revista de cultura audiovisual, São Paulo, v. 45, n. 50, jul.-dez. 2018, pp. 143-158.

    PERROT, Michelle. Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, v. 9,
    n.18, 1989, pp. 9-18.

    PERROT, Michelle. (1998). As mulheres ou os silêncios da história. Bauru: Editora EDUSC, 2005.