Ficha do Proponente
Proponente
- Marcus Turíbio (UFG)
Minicurrículo
- Turíbio estuda as representações de gêneros e sexualidades nas visualidades dos cinemas. Mestrado em andamento no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, da Universidade Federal de Goiás, na linha de pesquisa Educação, Arte e Cultura Visual, com bolsa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (2022). Realiza cinema e audiovisual no trabalho com direção de arte.
Ficha do Trabalho
Título
- COMO FAZER CINEMA CONTRA NORMATIVAS DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM GOIÁS?
Formato
- Presencial
Resumo
- Esta pesquisa considera os esforços de direções contemporâneas de curta-metragens goianos em produzir representações contra-normativas das identidades de gêneros e sexualidades. A análise de seis filmes e a condução de conversas com a direção das produções busca pistas sobre a construção dessas contravisualidades. A investigação dessas imagens é contextualizada com processos formativos na vida das realizadoras e desafios com políticas econômicas para produção e exibição das obras no estado.
Resumo expandido
- Pensar como se constroem representações fílmicas contra-normativas é um desafio urgente para o cinema. Está tarefa se intensifica quando vamos falar de filmes que representam identidades de gêneros e sexualidades em Goiás. O Estado tem na agropecuária uma relevante representação econômica (Anuário Goiás 2023 – 2024, 2023), o que deixou de herança em sua formação social práticas alinhadas ao conservadorismo. Esses processos afetam a produção de representações, como as no cinema, que são confiscadas (Mondzain, 2022) para fins de desumanização de povos colonizados. Nesta pesquisa de Mestrado em processo de execução, analiso os caminhos das construções de contravisualidades (Mirzoeff, 2011) por meio de uma seleção de direções em curta-metragens goianos contemporâneos. Em sequências dos filmes Eu não nasci pra isso (Erik Ely, 2024), Pirenopolynda (Izzi Vitório, Bruno Victor, Tita Maravilha, 2023), Até a luz voltar (Alana Ferreira, 2022), A última valsa (André Srur, 2021), Fome (Manda Ramoos, 2019) e Me balance suavemente (Gabriel Newton, 2018), encontra-se o levante de contracondutas que possibilitam novas formas de se colocar em um mundo (Rago; Pelegrini, 2019) regido por normativas cisheterosexuais. E para compreender a construção dessas representações, analisarei os filmes mencionados a partir de métodos observados nas práticas da análise fílmica (Jullier; Marie, 2009) e da entrevista narrativa (Flick, 2007) com as direções responsáveis pelas produções. Desde uma perspectiva dos estudos de Cultura Visual, abordamos as análises com um olho curioso (Rogoff, 2002), o que implica uma certa inquietação. E possibilita pensarmos sobre como as escolhas de visibilidade e invisibilidade conferem a um filme, por exemplo, uma potência de sistematização política (Butler, 2015). Reconhecer a potência educativa nas imagens é uma crítica essencial nos processos de reimaginar o mundo para liberação do poder das ficções de domínio (Mombaça, 2021) e para traduzir nossas diferenças para a linguagem da norma (Preciado, 2020) enquanto rebelam-se contra as normativas sistêmicas.
Bibliografia
- ANUÁRIO GOIÁS 2023 – 2024. Goiânia, 2023.
Mondzain, M.J. Confiscação. Das palavras, das imagens e do tempo. Belo Horizonte: Relicário Edições, 2022.
Mirzoeff, N. The Right to Look: A Counterhistory of Visuality. Durham: Duke University Press, 2011.
Rago, M; Pelegrini, M. Neoliberalismo, feminismos e contracondutas: perspectivas foucaultianas. São Paulo: Intermeios, 2019.
Jullier, L; Marie, M. Lendo as imagens do cinema. São Paulo: Editora Senac, 2009.
Flick, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.
Rogoff, I. Studying Visual Culture. In: Mirzoeff, N. The Visual Culture Reader. Londres e Nova York: Routledge, 2002.
Butler, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
Mombaça, J. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
Preciado, P. Um apartamento em Urano: crônicas de travessia. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.