Ficha do Proponente
Proponente
- LARISSA FERREIRA DE OLIVEIRA (UFF)
Minicurrículo
- Mestranda em Cinema e Audiovisual pelo PPGCINE UFF. Bacharela em Artes Cênicas – Indumentária pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ). Pesquisa e tem interesse em perspectivas decoloniais no cinema, cinema africano e brasileiro, a imagem e representação da mulher negra. Participou do programa empoderamento e tecnologia da instituição cinema nosso na turma de documentário e atuou como figurinista e direção de arte no curta de conclusão pedagogias da navalha
Ficha do Trabalho
Título
- REPRESENTAÇÕES DA RAINHA NZINGA MBANDI NO CINEMA
Seminário
- Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas.
Formato
- Presencial
Resumo
- A pesquisa consiste na análise fílmica de três filmes no qual tem como temática a
Rainha Nzinga Mbandi (1582-1663), com o objetivo de analisar como sua história e
imagem foram criadas e reescrita nas telas e os recursos da linguagem utilizados para contar sua
trajetória englobando os diversos eixos temáticos como representações de mulheres negras no
cinema, decolonialidade, gênero, raça e representação, narrativas e estéticas.
Refletindo sobre as narrativas africanas no cinema contemporâneo.
Resumo expandido
- Os filmes escolhidos
como objeto de estudo da pesquisa foram: Njinga Rainha de Angola (2013) filme angolano com direção de Sérgio Graciano, a série documental Rainhas Africanas- Nzinga (2023) de 4 episódios da Netflix com produção executiva de Jada Pinkett Smith, e o filme Atabaque Nzinga (2006), documentário Brasileiro com direção de Octávio Bezerra. A escolha dos filmes e seus diferentes países de origem se justifica para compreender e refletir sobre a diversidade do olhar desses países
sobre a personagem histórica e as diferentes abordagens e jeitos de contar a história, o legado e a contribuição histórica da Rainha Nzinga, que foi uma guerreira, grande líder que governou o estado do Ndongo e Matamba, passando por muitas guerras contra os portugueses no século XVII com o objetivo de defender seu reino e soberania, impedindo o tráfico de escravos e negando o pagamento de tributos aos portugueses. Jinga merece mais pesquisas em torno da sua imagem, abrindo vários discursos válidos para a nossa sociedade, como identidades étnicas, diáspora, resistência ao colonialismo e consolidação do poder feminino e gênero na África. O cinema é um instrumento não apenas de contar histórias, mas de criar e desenvolver ideias, construindo representações e imagens que retornam a sociedade em forma de linguagem cinematográfica. Tendo em vista o cinema como prática social e enquanto processo sociocultural, a pesquisa se justifica pela importância de falar sobre a Rainha Nzinga, enaltecer e recuperar a sua imagem apresentando-a como o ser humano que foi, contrapondo a imagem distorcida que foi descrita pelos escritores franceses, holandeses e alemães dos séculos XVIII e XIX assim como os
portugueses no século XX quando os europeus a usavam como representante do “outro” africano. A pesquisa também se norteia com o objetivo de “luta para romper com os modelos
hegemônicos de ver, pensar e ser que bloqueiam nossa capacidade de nos vermos em outra perspectiva, nos imaginarmos, nos descrevermos e nos inventarmos de modos que sejam libertadores” (HOOKS,1°ED.2019,p.28). A pesquisa tem sua importância por fazer essa intersecção de raça e gênero e por abordar a representação das mulheres negras no cinema. O tema é
de grande relevância para ampliar os estudos sobre o cinema e feminismos negros e das narrativas e imagens das mulheres negras no cinema contribuindo como referência para pesquisadores(as) negros(as) da área, assim como estudantes na aquisição de conteúdo especializado sobre a temática histórica e feminista negra. É necessário vermos essas histórias reais tomando vida e ganhando
forma na tela e na vida das pessoas, desmistificando estereótipos das mulheres negras que foram construídos ao longo dos anos, quebrando as imagens criadas pela supremacia branca colonizadora. Falar desses filmes e pesquisar sobre eles é uma maneira de deixar esse legado e esse conhecimento
para a sociedade, para os futuros pesquisadores e toda a comunidade. Com isso o projeto tem como base analisar a imagem da Rainha Nzinga no cinema contrapondo e questionando o discurso colonial onde Cavazzi nos seus relatos praticava o enselvajamento e as ideias do belicismo, despotismo e animalização/ diabolização da rainha, da cultura e da sociedade que ela representa, assim como na literatura francesa dos séculos XVIII e XIX e na literatura portuguesa. Não é só sobre representatividade, mas o resgate respeitoso da história de Nzinga Mbandi, sua imagem, trajetória, baseado nos fatos e documentos históricos e estudos científicos sobre sua vida e trajetória pensando como esses territórios pensaram Nzinga e sua cultura, quem está contando essas histórias? Quem está controlando a narrativa? Qual a ideologia por trás de cada produção? Como podemos refletir em torno das questões de raça, gênero e decolonialidade?. A pesquisa já em andamento pretende responder e debater essas e mais perguntas através do estudo das fontes, dos filmes e bibliografia.
Bibliografia
- FONSECA,Mariana Bracks. Nzinga Mbandi e as guerras de resistência em Angola século XVII. Belo Horizonte: Mazza edições, 2015.
HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Ed.PUC-Rio: Apicuri, 2016.
HEYWOOD, Linda M. Jinga de Angola: A Rainha guerreira da África. 1°ed, São Paulo: Todavia,
2019.
HOOKS, Bell. Olhares Negros: Raça e representação. 1°edição, São Paulo: Editora Elefante, 2019.
MELO, Renata- Representações de mulheres negras no cinema e na literatura brasileira- 2022.
OYEWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. Epistemologias de gênero em África. 1° edição. São Paulo-SP: Editora
Ananse, novembro de 2022.
PANTOJA, Selma. Uma antiga civilização africana: história da África Central Ocidental. Brasília: Editora UNB,2011.
PINTO, Alberto Oliveira – Representações culturais da Rainha Njinga Mbandi (c.1582-1663) no discurso colonial e no discurso nacionalista angolano- 2014.
SALES, Michelle- Cinemas feministas, queer e decoloniais- 2023.