Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcia de Noronha Santos Ferran (UFF)

Minicurrículo

    Arquiteta e Urbanista residente no Rio de Janeiro e Professora Associada da Universidade Federal Fluminense, Departamento de Artes e Estudos Culturais desde 2009. Fez Doutorado co-tutela em Arquitetura e Filosofia pela Universidade Federal da Bahia e pela UNIVERSITÉ PARIS 1. Suas pesquisas e artigos enfocam os seguintes temas: noção de Hospitalidade na arte; intervenções artísticas no espaço urbano, videoarte. Recebeu bolsas e prêmios incluindo CNPq e Itaú Cultural.

Ficha do Trabalho

Título

    Girando Mendieta em suas silhuetas: o efeito Sesc Pompéia

Seminário

    Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas

Formato

    Presencial

Resumo

    No contexto polivalente e heterogêneo do que Raymond Bellour chamou de “La querelle des dispositifs” desejo lançar algumas impressões iniciais sobre o efeito arquitetural sobre a exibição audiovisual, em especial analisando o caso do efeito “espacializante” da arquitetura de Lina Bo Bardi no SESC Pompéia em São Paulo na seleção de filmes da artista Ana Mendieta na exposição “Ana Mendieta; Silhueta em Fogo” de 2023. Essa análise foi motivada no processo da minha pesquisa de pós-doutoramento.

Resumo expandido

    No contexto polivalente e heterogêneo do que Raymond Bellour chamou de “La querelle des dispositifs” desejo lançar algumas impressões iniciais sobre o efeito arquitetural sobre a exibição audiovisual, em especial analisando o caso do efeito “espacializante” da arquitetura de Lina Bo Bardi no SESC Pompéia em São Paulo na seleção de filmes da artista Ana Mendieta na exposição “Ana Mendieta; Silhueta em Fogo” de 2023 sob curadoria de Daniela Labra.
    Essa análise foi motivada no processo da minha pesquisa de pós-doutoramento “Espacialidades Críticas: pontes/giras fabuladas com Celeida Tostes e Ana Mendieta” na UFBA.
    Cabe frisar que, em que pese que infinitas fruições podem ser desencadeadas por n – espacializações na arte contemporânea, no caso dessa exposição, o fator ambiente da Sala de Convivência no térreo do Sesc Pompéia contribuiu para fazer ressoar os elementos de meio ambiente e natureza, premissas poéticas e políticas nas foto-performances e vídeos de Ana Mendieta que conferem uma das suas marcas autorais mais reconhecidas no seu modo de operar, enquadrar e editar.
    Assim podemos sugerir que a poética do Corpo feminista, que caracteriza o legado em foto-performance da artista, se enriqueceu com o extravasamento- além tela proporcionado pelos elementos mais teatrais como brilho e som da água no laguinho que serpenteia o chão do térreo do SESC Pompéia, segundo alguns historiadores da arquitetura seriam uma alusão ao rio São Francisco que teria impressionado a arquiteta italiana.
    Ainda no extravazamento a espacialização possibilitou um caminhar entre as 21 telas com filmes, acompanhado por voltas, sonoridades, reflexos na água, penumbras que não são possíveis no modo de projeção tradicional frontal fixo na sala escura.
    Ao espacializar num equipamento singular como a Sala de Convivência do Sesc Pompeia a expografia e a curadoria desenharam um posicionamento das telas tal qual um site-specific da série de vídeos, evocando um continuum entre a ambiência earth-work que a artista escolhia para sua série de “Silluetas” e a sonoridade aquática instaurada pelo mini-lago serpenteante com pedrinhas- singularidade do espaço projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi na transformação do que outrora foi uma fábrica.
    Assim se o dispositivo pode lograr ressemantizar uma obra ou um conjunto de obras, o que resulta patente e evocativo é a atualidade do conjunto de filmes de Ana Mendieta, unindo temas de reivindicação de ancestralidade, violência contra a mulher e não menos importante, a alusão aos deslocamentos – fotografia-pintura-performance-vídeo e afastamentos – territoriais como entre Cuba e USA e México, que incluem noções disputadas de identidade e que também estão presentes no legado arquitetônico da Lina Bo Bardi. Assumindo a potencia da autoria em video de Ana Mendieta, também recorremos ao cri†ico de arte Hal Foster no que concerne artistas visuais que operam na fronteira com arquitetura a partir dos minimalistas além de exposições comentadas por Raymond Bellour.

Bibliografia

    BELLOUR, Raymond. La querelle des dispositifs. Cinéma – installations, expositions. Paris: P.O.L, 2012.
    FOSTER, Hal. The Art-Architecture complex. London: VERSO, 2011.
    FERRAZ, Marcelo Carvalho (Org). Lina Bo Bardi. São Paulo: Empresa das Artes, 1993.
    VISO, Olga. Unseen Mendieta. Munich, Berlin: Prestel Verlag, 2008.
    Catálogo: Maneiras de Expor: Arquitetura expositiva de Lina Bo Bardi. São Paulo: Museu da Casa Brasileira. Exposiçao Agosto-Novembro de 2014