Ficha do Proponente
Proponente
- Leonardo Souza Coutinho Nogueira (UFF)
Minicurrículo
- Leonardo Nogueira é Mestrando em Cinema e Audiovisual (UFF), pós-graduado e licenciado em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica (IFES – 2023), graduado em Design Gráfico, Ilustração e Animação Digital (UVA – 2016) e Técnico em Design Gráfico (Senai – 2010). Já atuou como professor de Arte 2D para Jogos Digitais na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). Atualmente é professor de Desenho Artístico, Histórias em Quadrinhos (Comics) e Mangá, no curso Cecap Escola de Artes.
Ficha do Trabalho
Título
- Representação do subgênero Espada & Feitiçaria na animação
Mesa
- Animação
Formato
- Presencial
Resumo
- Este projeto propõe-se a esmiuçar a série animada Primal, de Genndy Tartakovsky, além de perscrutar os pilares que definem o subgênero da fantasia conhecido como Espada & Feitiçaria, consolidados nos contos de Robert E. Howard e a influência exercida em Primal. Ao analisar a transposição desse subgênero literário para o meio audiovisual, espera-se estabelecer diretrizes para uma bíblia de animação que possa auxiliar criadores a representar o gênero fantasia e seus subgêneros em animações.
Resumo expandido
- Primal é uma série animada de Genndy Tartakovsky, veterano da indústria norte-americana, responsável por clássicos como O Laboratório de Dexter, Samurai Jack e Star Wars: A Guerra dos Clones. A trama acontece em um mundo primitivo e hostil onde Spear, um Homem de Neandertal e Fang, um dinossauro fêmea, desenvolvem um vínculo de confiança mútua, após os dois passarem pelo trauma de perder suas respectivas famílias em ataques de dinossauros. Eles compreendem que precisam cooperar e proteger um ao outro para sobreviver nesse contexto.
A série não possui diálogos; nossas emoções são guiadas através de expressões corporais e pelo design de som, que aposta em urros e grunhidos para reforçar a comunicação. Primal contém altas doses de violência gráfica, porém não gratuita, uma vez que é importante destacar o contexto pré-histórico onde a lei do mais forte é dominante e ainda não existe uma sociedade para julgar o que é, ou não, civilizado.
É possível afirmar que a obra possui características de Espada & Feitiçaria, subgênero da fantasia surgido na literatura, no início do século XX. Podemos definir o subgênero como sendo essencialmente fantasioso, cujos mundos alternativos ao nosso são povoados por personagens heroicos e a existência de magia, bruxaria e seres míticos é normalizada, tanto para os personagens, quanto para os espectadores (Collares, 2017).
Apesar de não ter sido o primeiro a desenvolver histórias com os elementos supracitados, Robert Ervin Howard é responsável por estabelecer os pilares do que viria a ser esse subgênero, sendo Conan, O Bárbaro, seu personagem mais conhecido. Howard foi publicado pela primeira vez na revista pulp Weird Tales, em julho de 1925 com o conto, coincidentemente, ou não, chamado Spear and Fang, uma história sobre um homem-das-cavernas que precisa resgatar sua amada, que foi sequestrada.
O termo surge em 1961, em uma interação via correspondência entre os escritores Michael Moorcock e Fritz Leiber. Para Moorcock, Howard precisava de uma definição que pudesse sintetizar seu estilo de escrita para além do que é conhecido como fantasia épica. Leiber então cunha o termo, argumentando que a palavra feitiçaria carrega um tom ainda mais sobrenatural do que a bruxaria conhecida historicamente e a expressão descreve, com precisão, aspectos culturais desse tipo de obra.
A partir desse contexto, surge o questionamento: Visando o desenvolvimento de projetos animados, quais são as características comuns e fundamentais, presentes em animações do subgênero Espada & Feitiçaria?
Para elucidar a questão, foi escolhida a pesquisa-ação, metodologia teórico-prática onde pesquisadores e representantes de uma situação, se envolvem de maneira cooperativa, não se limitando a aspectos acadêmicos formais. Este projeto objetiva esclarecer a questão observada, através de pesquisa bibliográfica, entrevistas com criadores experientes e análise fílmica da transposição desse subgênero literário para o meio audiovisual, acreditando ser possível estabelecer diretrizes para o desenvolvimento de uma bíblia de animação que possa auxiliar criadores a representar o gênero fantasia e seus subgêneros em animações. Contará com a participação de alunos de escrita criativa e estudantes de desenho artístico, tendo como meta o desenvolvimento de pré-projeto interdisciplinar de obra animada, para aplicação em editais.
Por mais que a produção venha aumentando, é seguro afirmar que existem pouquíssimas animações nacionais que possam representar o gênero fantasia; muito menos um subgênero tão específico como Espada & Feitiçaria. O mercado brasileiro também carece de produções animadas voltadas para o público adulto. Com o surgimento, a expansão e o crescimento da concorrência entre serviços de streaming, que, no geral, costumam ter a necessidade de exibir produtos variados, torna-se cada vez mais praticável o desenvolvimento de projetos audiovisuais focados em nichos.
Bibliografia
- COLLARES, Marco Antonio. Nas fronteiras entre civilização e barbárie: as narrativas dos ciclos de Conan, de Robert Howard. 2017. 236f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017.
HALAS, John; MANVELL, Roger. A Técnica da animação cinematográfica. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/EMBRAFILME, 1978.
MENDLESOHN, Farah. Rhetorics of Fantasy. Middletown, Connecticut, Wesleyan University Press, 2008.
MORENO, Antônio. A Experiência Brasileira no Cinema de Animação. Rio de Janeiro, Editora Artenova S.A./EMBRAFILME, 1978.
NESTERIUK, Sérgio. Dramaturgia de Série de Animação. São Paulo, ANIMATV, 2011.
TEGÃO, Afrânio W. A Filosofia em Conan, o bárbaro: entre a civilidade do bárbaro e a barbárie da civilização. 1. ed. Fortaleza CE: Red Dragon Publisher, 2021.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo, Cortez Editora, 1986.