Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Cristiane Ventura (IFG)

Minicurrículo

    Cristiane Moreira Ventura é professora no Instituto Federal de Goiás (IFG), Câmpus Cidade de Goiás, docente do Bacharelado em Cinema e Audiovisual, doutora em Performances Culturais (UFG), mestre em Estudos de Linguagens (CEFET-MG), bacharel em Letras (UFMG). Realizadora audiovisual, pesquisa e desenvolve trabalhos de cinema expandido e documentário.

Ficha do Trabalho

Título

    Encontros, afetos e magia no processo de feitura de Cambaúba

Formato

    Presencial

Resumo

    Compartilharemos o processo de criação de Cambaúba, desenvolvido enquanto investigação da práxis cinematográfica híbrida. O filme feito entre mães e vizinhas, moradoras das margens do Rio Vermelho, no interior de Goiás, tinha o desafio de ser construído numa perspectiva anti-colonial. Assim, pretendiámos um fazer cinematográfico mais próximo da vida das pessoas comuns, feito em um regime mais comunitário e inventivo que por meio da autofabulação de si e da reinvenção das histórias do local.

Resumo expandido

    A partir da investigação sobre os processos de criação de cineastas que empreendem narrativas híbridas com atores-personagens, vislumbramos procedimentos comuns adotados conforme o relacionamento destes cineastas com o território e a comunidade filmada. Com o objetivo de compreender os modos deste fazer cinematográfico, nos apropriamos de alguns destes procedimentos ao empregá-los na práxis do longa-metragem Cambaúba. Por meio de uma autoetnografia verificamos como determinados métodos contribuíram tanto na criação de cenas específicas, como na construção geral do filme.

    Nossa investigação buscava compreender e vivenciar o processo de realização híbrida, tanto para fins de pesquisa, quanto para possíveis fins didáticos, enquanto professora de Cinema e realizadora. Para além dessas questões, o filme deveria partilhar o substrato de uma cultura colonialista e as práticas decoloniais de uma pequena comunidade de mães trabalhadoras no interior do Brasil, sendo criado em diálogo, conversas, partilhas e observações do cotidiano dessas amigas e vizinhas. Nossa proposta fílmica deveria ser um meio de trazer à tona algo como uma contrainformação sobre o processo colonial no território dos extintos povos guayazes, colocando-se como um ato de resistência ou um desejo de se fazer justiça pelos meios simbólicos e, por via da fabulação, fazer existir outra história, mesmo que seja apenas na dimensão de um filme.

    As escolhas realizadas na criação de Cambaúba foram perpassadas por uma ética da representatividade, pelos laços da amizade e pelo desejo de construir uma realidade outra através do cinema. Enquanto pesquisadora e professora, restava-me a tarefa de fazer sistemas e coletar os esboços, as memórias dos lampejos, os mergulhos na historiografia, na oralidade e nas paisagens, para agenciar experiências que tornem compreensível a construção de uma tessitura fílmica híbrida. Assim, percorremos os caminhos que levaram à criação do filme por meio de uma escrita pessoal e
    autoetnográfica.

Bibliografia

    GÉRARD, Valérie. Por afinidades: amizade e coexistência. Belo Horizonte: Quixote+Do,
    2021.
    MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de
    Janeiro, RJ, Brasil: Cobogó, 2021.
    OLIVEIRA, André Novais. Roteiro e diário de um filme chamado Temporada. Belo
    Horizonte: Javali, 2021.
    PEREIRA, Carmela Morena Zigoni. Antropologia do set: corpos estendidos e conectivos na
    produção cinematográfica. Tese de doutorado, Universidade de Brasília, Departamento de
    Antropologia, 2013.
    PESSUTO, Kelen. O ‘espelho mágico’ do cinema iraniano: uma análise das performances
    dos “não” atores nos filmes de arte. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de
    Campinas, Instituto de Artes, 2011
    SALLES, Cecília A. Processos de criação em grupo: diálogos. São Paulo: Estação das Letras
    e Cores, 2017.