Ficha do Proponente
Proponente
- Bruno Casalotti Camillo Teixeira (UNICAMP)
Minicurrículo
- Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde está vinculado à linha de pesquisa de Trabalho, Política e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Tem interesse nos seguintes temas: Sociologia do Trabalho; Trabalho nas Indústrias Culturais; Trabalho no Audiovisual; Sociologia do Cinema.
Ficha do Trabalho
Título
- Os trabalhadores do audiovisual no Brasil e as políticas culturais
Seminário
- Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.
Formato
- Presencial
Resumo
- O presente trabalho tem como intuito abordar o problema das políticas culturais para o audiovisual no Brasil a partir da perspectiva dos seus trabalhadores. Buscamos responder à seguinte pergunta: como que essas políticas são percebidas por sujeitos que atuam de maneira subordinada em ambientes de produção e de pós-produção de obras audiovisuais? Para isso, buscaremos expor dados qualitativos obtidos através de entrevistas semiestruturadas realizadas com indivíduos representativos desse recorte.
Resumo expandido
- O presente texto é parte do projeto de pesquisa denominado “Trabalho e trabalhadores do audiovisual do Brasil: campos de atuação, condições de trabalho e qualidade do emprego”, o qual vem sendo realizado para fins de doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nessa apresentação, temos como proposta abordar o tema das políticas culturais para o audiovisual a partir da perspectiva dos trabalhadores brasileiros que atuam no setor. Por “trabalhadores do audiovisual” compreendemos os sujeitos que trabalham de maneira subordinada em ambientes de produção e pós-produção de obras de diversas naturezas (cinematográficas, seriadas, televisivas, publicitárias, etc.). Particularmente, temos como enfoque os indivíduos que atuam em funções “abaixo da linha”, ou seja, aqueles que respondem diretamente aos “cabeças de equipe” (os profissionais ditos “acima da linha”), sendo que a estes recorrentemente se atribui a autoria criativa de uma obra. Temos como objetivo analisar a maneira como esses trabalhadores avaliam mecanismos de fomento para o setor: as leis de incentivo fiscal, o Fundo Setorial do Audiovisual, políticas das esferas estadual e municipal e políticas de disponibilização de recursos emergenciais (leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo). Nos questionamos se, do ponto de vista dos profissionais investigados, tais políticas seriam percebidas como estimuladoras da contratação de mão de obra para o setor e da melhoria das condições de trabalho, de renda e de qualificação dos profissionais que nele atuam. Para tanto, utilizamos como fonte um corpus de dados qualitativos captados através de entrevistas semiestruturadas realizadas junto a sujeitos representativos do nosso recorte. Selecionamos vinte e cinco entrevistas desse tipo, as quais foram realizadas entre 2021 e 2024, abarcando indivíduos que ocupam diversas funções: assistentes de câmera e de produção, cinegrafistas, videomakers, continuístas, gaffers, técnicos de iluminação, camareiras de cinema, cenotécnicos, produtores de objeto, editores, montadores, dentre outros. Seguiu-se à captação dos dados a sua interpretação a partir de “unidades de significação” (MICHELAT, 1982) que foram quantificadas, relacionadas à nossa pergunta de pesquisa e analisadas em profundidade. Para a análise do corpus, seguimos as sugestões de Duarte (2004), especificamente dividindo o material em eixos temáticos e articulando-os aos objetivos centrais da investigação. Os dados obtidos permitem aferir não apenas o peso da intervenção do Estado na economia do audiovisual brasileiro, mas sobretudo que a percepção desse peso não se dá de maneira uniforme. A depender da área de atuação (se cinema, televisão ou publicidade) e do local de trabalho do depoente (estado e município), pode haver diferenças significativas na maneira como se compreende a relevância das políticas culturais para o audiovisual nacional. Essas duas variáveis, portanto – “área de atuação” e “local de trabalho” –, formam a base de um continuum de opiniões onde posicionamos perfis de indivíduos que são mais ou menos alinhados às políticas supracitadas. Através desse continuum interpretamos as razões pelas quais os trabalhadores do setor se posicionam favoravelmente ou contrariamente à intervenção do Estado nesse mercado. Dados estatísticos obtidos através da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do Data Sebrae, e já apresentados em congressos (CASALOTTI, 2021; 2023) e publicações acadêmicas (CASALOTTI, 2020), sugerem que o avanço das políticas culturais para o audiovisual nos últimos vinte anos coincide com um movimento de recrutamento e formalização da mão-de-obra no setor. Através dos dados qualitativos que pretendemos apresentar, buscaremos dar inteligibilidade às estatísticas oficiais da RAIS e do Data Sebrae, auscultando como que os movimentos estruturais observados se conectam às relações de trabalho vividas pelos sujeitos investigados.
Bibliografia
- CASALOTTI, Bruno. Trabalho e trabalhadores do audiovisual do Brasil: anotações teóricas e apontamentos para uma agenda de pesquisa. In: COUTINHO, Amanda (Org.). Profissão Artista. 1. ed. Foz do Iguaçu: CLAEC e-Books, 2020.
CASALOTTI, Bruno. Trabalhadores do audiovisual do Brasil: Trajetórias do emprego formal entre 2003 e 2019. In: XVII Encontro Nacional da ABET (UFU); Uberlândia – MG, 2021.
CASALOTTI, Bruno. Trabalho em audiovisual no Brasil: relatos de uma pesquisa. In: XXV Encontro da SOCINE (UNILA); Foz do Iguaçu – PR, 2023.
DUARTE, Rosália. Entrevistas em pesquisas qualitativas. Educar em revista, n. 24, p. 213-225, 2004.
MICHELAT, Guy. Sobre a utilização da entrevista não-diretiva em sociologia. THIOLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária, v. 5, p. 191-212, 1982.