Ficha do Proponente
Proponente
- Amaranta Cesar (UFBA)
Minicurrículo
- Professora associada de Cinema e Audiovisual na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Possui graduação em Comunicação com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (1998), mestrado em Comunicação e Cultura Contemporâneas também pela UFBA (2002), doutorado em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris III – Sorbonne-Nouvelle (2008) e Pós-doutorado na New York University (2013-2014) e na Universidade Federal de Pernambuco (2018).
Ficha do Trabalho
Título
- O que vem à luz quando nasce um festival de cinema?
Seminário
- Festivais e mostras de cinema e audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- Ao perguntar “o que vem à luz quando nasce um festival de cinema?”, esta comunicação tem por objetivo mapear gestos curatoriais, práticas de recepção e movimentos de circulação de filmes em festivais estreantes no Brasil a partir dos anos 2020, com vistas a analisar o efeito de recentes políticas públicas do setor audiovisual na profusão de eventos deste gênero, que podem, por sua vez, serem entendidos e defendidos, em si mesmos, como políticas públicas.
Resumo expandido
- O que vem à luz quando nasce um festival de cinema?
Ao emergir, ao nascer, o melhor que um festival de cinema pode oferecer ao cinema é terra, aterramento, território. Ou seja, um assentamento, um ponto de irradiação de forças, um lugar de concentração energético e histórico onde os filmes se aliançam e acontecem juntos, junto a uma comunidade.
Se um festival de cinema, ao nascer, convoca e produz território é porque os festivais de cinema são, essencialmente, lugares e práticas de operação de passagens, de arregimentação de encontros, de trânsito – de obras e pessoas. Nem instalados no campo da realização e produção, nem arraigados no espaço da crítica e distribuição, os festivais são lugares de cruzamento entre os agentes diversos do cinema, com a mediação indispensável de um público-território, de uma comunidade-solo que se oferece como amalgama.
Segundo dados do Panorama dos Festivais/Mostras Audiovisuais Brasileiros – 2022, realizado por Paulo Luz Correa, como efeito das sanções das leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo, foi possível mapear um movimento vistoso que dá conta do surgimento volumoso (quase 100 festivais estreantes) e pulverizado de festivais de cinema em todo Brasil entre 2021 e 2022. Movimento este que tem seu início talvez mais anteriormente, no começo da década passada.
Se de um lado, o aumento e a diversificação da produção cinematográfica brasileira a partir dos anos 2010 impulsionou a criação de festivais de pequeno e médio porte que foram se estabelecendo neste período (Semana de Realizadores, Fronteira, Cachoeiradoc, Janela Internacional de Cinema de Recife, Olhar de Cinema), com proposições de ocupar as brechas deixadas pelos grandes festivais (GARRET, 2020), ao longo do tempo, este mesmo aumento e diversificação da produção cinematográfica brasileira passou a colocar problemas de seleção e curadoria de filmes que acompanharam os desafios de continuidade, em termos orçamentários, para estes mesmos festivais, alguns deles sem edições regulares desde 2020. Por outro lado, o aumento e a diversificação da produção parecem finalmente afetar a própria teia de difusão e de práticas/espaços de recepção que se tornam, com o impulso de leis de fomento federais, também mais pulverizados e descentralizados.
Decorrem daí duas consequências: 1: a complexidade/diversidade do cinema brasileiro contemporâneo depende de políticas públicas para se firmar; 2: os festivais podem ser pensados, em si mesmos, como política pública, uma vez que podem fomentar e defender a diversidade e a complexidade das experiências de cinema nos diversos territórios do Brasil. E por que os festivais de cinema podem ser pensados e devem ser defendidos como políticas públicas? Esta comunicação tem por objetivo, finalmente, mapear gestos curatoriais, práticas de recepção e movimentos de circulação de filmes em festivais emergentes no Brasil para esboçar respostas a esta pergunta, ao tempo em que vislumbra modos de enfrentar os desafios da continuidade do que já veio à luz.
Bibliografia
- Bibliografia:
CESAR, Amaranta; COSTA, Leonardo. Memória e ação com o CachoeiraDoc: um festival de cinema com e como política pública.
file:///Users/amaranta/Downloads/780-Texto%20do%20artigo-2182-2303-10-20220124.pdf
CORREA, Paulo Luz. Panorama dos Festivais/Mostras Audiovisuais Brasileiros. In: https://www.panoramadosfestivais.com/
LEÃO, Tânia; VALLEJO, Aida. “Introdução: Festivais de cinema e os seus contextos socioculturais”. In: Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, v. 8, 2021, p. 219-244.
MORAES, Maria Teresa Mattos de. O Festival do Rio e as configurações da cidade do Rio de Janeiro. 2018. f. Tese (Doutorado em Comunicação), Faculdade de Comunicação Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
DE VALCK, Marikje; KREDELL, Brendan e LOIST, Skadi (orgs). Film Festivals – History, theory, method, practice. London and New York: Routledge, 2016.