Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Matheus Jose Vieira (UFSCar)

Minicurrículo

    Matheus José Vieira, 36 anos, é pesquisador, diretor, roteirista e fotógrafo. Membro da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC). Mestrando no Programa de Pós Graduação em Imagem e Som (PPGIS) da Ufscar, onde desenvolve pesquisa acadêmica relacionada a narrativas e representações do negro no audiovisual brasileiro.

Ficha do Trabalho

Título

    AMARELO: PASSAGENS INTERMIDIÁTICAS ENTRE O ÁLBUM FONOGRÁFICO E DOCUMEN

Seminário

    Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas.

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta comunicação tem como principal objeto de estudo o documentário musical Emicida: AmarElo – é tudo pra ontem, um filme de Leandro Roque de Oliveira (Emicida), dirigido por Fred Outro Petro, produção do Laboratório Fantasma em coprodução com a Netflix, 2019. A perspectiva de análise fílmica parte das “passagens intermidiáticas” (NAGIB, 2018) entre os vários produtos que compõem o projeto AmarElo, a saber, álbum musical, videoclipe e show, que estão implicados na concepção do filme.

Resumo expandido

    Esta pesquisa esta referenciada no âmbito da história do “cinema negro brasileiro” (CARVALHO, 2022). E procura responder fundamentalmente à pergunta: como compreender a produção de um filme na perspectiva do cinema negro brasileiro contemporâneo? Como hipótese, parte da ideia de que as passagens intermidiáticas ampliaram as possibilidades de inserção do discurso de Emicida e seus parceiros da Laboratório Fantasma, como aspecto tanto midiático quanto político capaz de promover transformação social no âmbito do enfrentamento ao racismo estrutural (ALMEIDA, 2019) no Brasil. Leandro Roque de Oliveira, mais conhecido pelo nome artístico Emicida, inicia sua trajetória na música participando de batalhas de rimas nas ruas centrais de São Paulo. O nome “Emicida” surgiu como uma fusão das palavras “MC” e “homicida”, refletindo a habilidade de Emicida em “matar” seus oponentes nas batalhas de rap com suas rimas afiadas. Esse pseudônimo foi adotado por Leandro Roque de Oliveira em referência ao seu sucesso nas competições de freestyle, onde ele se destacava por sua rapidez e engenhosidade ao improvisar rimas, efetivamente “vencendo” seus adversários nas batalhas. Emicida tem sua produção artística inserida dentro do samba e do movimento conhecido como hip-hop. Como afirma Tiaraju D’Andrea em sua tese de doutorado intitulada “A formação das sujeitas e dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo” publicada em 2013. Hip-Hop é um movimento nascido no Estados Unidos, especificamente no Bronx, distrito pobre da cidade de Nova Yorke, composto majoritariamente por imigrantes negros que viviam assolados pela violência e exclusão social, ele é formado por um conjunto de expressões artísticas urbanas composto por dança, artes plásticas e música. D’Andrea (2013) afirma que a emergência do rap está ancorada em uma história de tradições, migrações, intercâmbios culturais e elementos musicais. O autor destaca ainda a contribuição da cultura africana, particularmente na influência da tradição oral e das danças rituais africanas, como fundamentais para a formação dos elementos centrais do hip-hop. (D’ANDREA, 2013, p. 61-62)
    É dentro do movimento que se encontra o rap, gênero musical de onde Emicida emerge. Assim como o rap, o samba tem sua origem nas comunidades negras, como resultado das influências musicais africanas e europeias para se tornar uma forma de expressão intrinsecamente brasileira, assim samba e rap utiliza as letras das músicas como uma maneira de comentar as lutas e desafios enfrentados em seu dia a dia. Entre 2009, ano em que Laboratório Fantasma foi fundado por Evandro Fióti e seu irmão, até 2019, com o início do projeto AmarElo, transcorreu cerca de uma década. Neste período, ocorreu a produção e lançamento de uma série de trabalhos musicais que incluem álbuns de estúdio, gravações ao vivo, EPs, um álbum visual, uma variedade de singles e diversas gravações com a presença de Emicida em obras de outros artistas. Esta produção abrangente, originada na música, alcançou outras formas de mídia e atingiu um ponto significativo com o projeto AmarElo, que foi reconhecido com um prêmio Grammy Latino. (PAIVA; VIEIRA, 2023). Paralelamente, houve uma produção expressiva no campo audiovisual, como videoclipes e a participação de Emicida em programas de televisão, incluindo “Papo de segunda” no GNT e a série “O enigma da energia escura”, do mesmo canal. (PAIVA; VIEIRA, 2023). O filme resulta de um processo intermidiático que envolve diversos produtos de mídia lançados pela Laboratório Fantasma Entretenimentos entre 2019 e 2020. No que tange à dimensão audiovisual, os lançamentos de 2019 incluem o videoclipe AmarElo, o álbum fonográfico AmarElo e o show homônimo no Theatro Municipal de São Paulo. Posteriormente, em 8 de dezembro de 2020, foi lançado na Netflix o documentário “Emicida: AmarElo é tudo pra ontem”. (PAIVA; VIEIRA, 2023). Cristina Matos (2022) afirma que o papel do estereótipo no controle de grupos oprimidos

Bibliografia

    ARAÚJO, Peu. O rap comenta a importância dos 10 anos de Batalha do Santa Cruz. Vice, 29 set. 2021. Disponível em: https://www.vice.com/pt/article/xdwdea/batalha-do-santa-cruz-10-anos-depoimento. Acesso em: 4 fev. 2024.
    BAZIN, André. Por um cinema impuro – defesa da adaptação. In_O que é o cinema? Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac Naify, 2014, pp. 113-135.
    CARVALHO, Noel dos Santos (Org.). Cinema negro brasileiro. Campinas: Papirus Editora, 2022.
    CHION, Michel. A audiovisão – som e imagem no cinema. Trad. Pedro Elói Duarte. Lisboa: Texto & Grafia, 2011.
    DURAN, Sabrina. Emicida Style. Revista Trip. Disponível em: https://revistatrip.uol.com.br/trip/emicida-style. Acesso em: 4 fev. 2024
    D’ANDREA, Tiaraju Pablo. Contribuições para a definição dos conceitos periferia e sujeitas e sujeitos periféricos. Novos Estudos CEBRAP, 39 (1), Jan-Abril, 202
    GONZALEZ, Lélia. A juventude negra brasileira e a questão do desemprego”. In RIOS, Flavia; LIMA, Márcia (Orgs.). Por um feminismo afro