Ficha do Proponente
Proponente
- Gisella Cardoso Franco (UFF)
Minicurrículo
- Gisella é Graduada em Comunicação na UFF e Mestre em Cinema pelo PPGCine. Produtora Cultural e Gerente de Lançamentos na Vitrine Filmes. Foi gerente de lançamentos na H2O Films, onde gerenciou o lançamento de filmes brasileiros como “Tarsilinha”, “Nós não vamos pagar nada” e “De perto ela não é normal”. Assinou a Produção e Coordenação de conteúdo da série “O País do Cinema”, nas suas sete temporadas produzidas para o Canal Brasil. De 2009 à 2012 foi Coordenadora de Difusão e Acesso na SEC-RJ.
Ficha do Trabalho
Título
- O papel das sessões extra-cinema no lançamento de filmes brasileiros
Formato
- Presencial
Resumo
- O processo de hibridização colocado por Canclini em 2006 e a importância dos espaços e das sessões extra-cinema nos lançamentos de filmes brasileiros contemporâneos chamam atenção para a urgência de uma investigação que estude os dados e experiências dessas sessões, assim como para a realização de um estudo crítico e investigativo sobre o termo “distribuição de impacto” vem sendo usado em editais públicos e na estratégia de lançamento de filmes brasileiros recentes.
Resumo expandido
- Os poucos estudos existentes sobre as sessões do circuito extra cinema que fazem parte dos lançamentos de filmes brasileiros e a recente utilização do termo “distribuição de impacto” que vem sendo cada vez mais utilizada em editais de fomento à distribuição, chama a atenção para a demanda em torno do pensamento dessas sessões, assim como para a necessidade de um estudo e organização das informações e dados sobre esse espaço de exibição e para as possibilidades alternativas de distribuição e acesso aos filmes brasileiros.
Ambos os conceitos (“sessões extra cinema” e “distribuição de impacto”) contemplam a proposta e a realização de exibições públicas de obras audiovisuais fora do circuito comercial regular de salas de cinema e dos segmentos de TV Aberta, TV paga ou Vídeo por Demanda, em locais fechados ou ao ar livre, para públicos restritos de diferentes naturezas e tamanhos. São as sessões realizadas em escolas, universidades, cineclubes, praças, projetos de formação de publico, associações ou ainda as sessões realizadas em projetos mais inovadores em termos de formato, como o Cinema na Kombi, que merecem ser estudados e pensados com mais atenção no âmbito da academia.
Dentro desse circuito, percebemos que existem tanto espaços criados por indivíduos ou pequenos coletivos como o Cineclube Mate com Angu ou, até mesmo circuitos mais oficiais e institucionais como o Circuito Spcine, o SESC e espaços de fruição cultural mais amplos em que o objeto principal do local vai além do próprio cinema, como a Ocupação 9 de Julho em São Paulo.
A partir da ocupação desses lugares, filmes alcançam outros espaços e criam outro tipo de experiência, proporcionando mais do uma mera ocupação nas salas de cinema comerciais que geram uma maior receita, mas sim um outro tipo de experiência que alcança um outro público, numa ação de democratização de acesso a filmes e ocupação de espaços de exibição alternativos.
Essa busca por outros formatos e espaços que o campo do extra cinema carrega, parece dialogar com o pensamento de Canclini sobre o esgotamento nos aparatos do Estado e sobre as políticas culturais que se tornaram obsoletas diante do processo de hibridização (2006) e do uso do discurso da diversidade cultural para dar conta da cultura nacional. Canclini defende que hibridação não é sinônimo de fusão sem contradições, mas pode ajudar a dar conta de formas particulares de conflito geradas na interculturalidade recente, definindo o que entende por hibridação da seguinte forma: “processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas” (2005, p. 19)
A proposta do presente trabalho é a de fazer uma investigação inicial sobre filmes brasileiros recentes que foram lançados e exibidos a partir desse modelo alternativo, assim como refletir sobre o que percebemos de singular e especial nessas experiências enquanto experiências de hibridação a partir desse pensamento de Canclini, fazendo uma analise crítica sobre como o recente conceito de “distribuição de impacto” vem sendo abordado em editais públicos de fomento à distribuição, assim como no lançamento de filmes brasileiros recentes.
Entre os exemplos dos lançamentos dos filmes que serão pensados, citaremos “Rolê- Histórias dos Rolezinhos”, de Vladimir Seixas e “Barragem”, de Eduardo Ades, para olharmos para novas distribuidoras do mercado brasileiro como a Fistaile e a Descoloniza Filmes, além de alguns casos pontuais de outras distribuidoras no campo do extra cinema.
Por fim, entendemos que esse estudo representa um atravessamento no próprio tema desse ano do Socine – “Desver o mundo, reinventar a cena”, uma vez que investigar, buscar e investir em novos espaços e circuitos para além das salas de cinema comerciais, também significa a busca e invenção de novos caminhos nesse movimento de reinvenção do mercado e de modelos de exibição e de acesso a outros públicos
Bibliografia
- BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. São Paulo, Itaú Cultural, 2012.
BAHIA, Lia, BUTCHER, Pedro e Tinen, PEDRO. Imaginar o audiovisual como política pública. Belo Horizonte, Universo Produção, 2023.
CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
Carta de Tiradentes. Fórum de Tiradentes, Belo Horizonte, 2023.