Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Flavio Rogerio Rocha (UFPR)

Minicurrículo

    Pesquisa a produção e a circulação de filmes Super8 na década de 1970, no Brasil. Doutorando em História na UFPR, mestre em Imagem e Som pela UFSCAR, especialista em Comunicação e Semiótica pela PUC-PR e graduado em História pela UFPR. Documentarista, fotógrafo e videomaker, com enfoque em: teatro, artes visuais, música, culturas populares e populações tradicionais. Além de estar próximo às discussões relacionadas à preservação e conservação de acervos audiovisuais no país.

Ficha do Trabalho

Título

    Ação Super8 e outros programas: a TV versa sobre cinema na década 1970

Formato

    Presencial

Resumo

    Este texto pretende pensar o espaço dado ao cinema brasileiro na televisão, durante a segunda metade da década de 1970 no Brasil. Pensando, primeiramente, no Ação Super8 e depois no Luzes Câmera, Coisas Nossas e Cinemateca, que são frutos desse processo. Todos veiculados em TV’s públicas. Este período foi marcado pelo Plano Nacional de Cultura e a expansão dos meios de comunicação. Políticas da Ditadura Militar para interferir na sociedade buscando hegemonia ideológica em torno de suas pautas.

Resumo expandido

    O presente texto pretende pensar, ainda de forma incipiente, como se conformou os espaços dados à discussão do cinema brasileiro dentro da televisão através de programas dedicados à temática. Aqui pensando em uma chave bem específica, pois o tema que move esta pesquisa, é o programa Ação Super8, que era veiculado na TV Cultura de São Paulo. Programa dedicado à produção de filmes Super8 no contexto do boom de sua produção que se localiza, principalmente, no início da segunda metade da década de 1970.
    Todavia, juntamente ao Ação Super8, no mesmo período, estavam em veiculação outros programas que também se dedicavam à produção cinematográfica brasileira. O Luzes Câmera, dirigido e apresentado por Sylvia Bahiense e veiculado na mesma TV Cultura de São Paulo. E os programas Cinemateca e Coisas Nossas, tendo o mesmo perfil, veiculados no mesmo período na TV Educativa do Rio Janeiro, em parceria com a Embrafilme.
    O Ação Super8 era uma das atividades ligadas a Abrão Berman, sócio da empresa GRIFE. Empresa que tinha diversas ações voltadas à promoção do Super8, como: escola regular de formação de cineastas em Super8, uma galeria de arte, um departamento comercial responsável pela produção para agências publicitárias e, a principal delas, os Super Festivais Nacionais do filme Super8mm, realizados de 1973 a 1983.
    O programa Ação Super8 teve grande influência entre os realizadores e interessados na produção de filmes em Super8, na época. Ele foi veiculado entre 1975 e 1981, passando na capital paulista e cidades próximas. O programa era semanal, com aproximadamente 30 minutos de duração, contendo quadros que compreendiam entrevistas com realizadores, trechos de filmes, agenda com eventos, respostas a cartas de telespectadores e cobertura de festivais de Super8 pelo país.
    O Luzes, Câmera, também foi veiculado na segunda metade da década de 1970, na TV Cultura de São Paulo. Apesar de ter um arquivo produzido pela própria Sylvia Bahiense, com as transcrições das entrevistas realizadas, que está sob a guarda da Cinemateca Brasileira – não tomei conhecimento de quaisquer trabalhos que dêem maiores referências sobre o programa. Todavia, é possível encontrar uma edição na íntegra, de entrevista com o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, na plataforma de vídeo Youtube.
    Já os programas Cinemateca e Coisas Nossas, fora o fato de terem sido produzidos, aproximadamente, entre os anos de 1976 a 1980, também não tem grandes referências a respeito. No entanto, nos últimos anos o CTAV vem desenvolvendo uma série de ações que visam a preservação e divulgação desse material que faz parte do que era conhecido na década de 1970 como Serviço de Rádio e Televisão da extinta Embrafilme. Boa parte desse material está disponível no canal de Youtube do próprio CTAV, na forma de material bruto, sem distinção entre os dois programas e as demais produções dessa divisão da Embrafilme.
    Importante salientar que essas quatro iniciativas de programas televisivos dedicados à produção cinematográfica nacional estavam sendo transmitidas em canais de televisão públicos, no eixo Rio x São Paulo. O que, de certa forma, indica um perfil para esse tipo de programa no que tange a temática, forma de produção e público a ser atingido.
    Por fim, conjecturar sobre como se conformou os espaços dados à discussão do cinema brasileiro dentro da televisão passa por duas grandes balizas que estão diretamente implicadas na dicotomia entre cinema e televisão. A primeira delas trata-se do Plano Nacional de Cultura que procurava agir no campo cultural, incluindo o cinema; e, a segunda, a modernização dos meios de comunicação, principalmente em relação à expansão dos meios televisivos no intuito da “integração nacional”. Ambas as políticas públicas foram implementadas pela Ditadura Militar que, naquele contexto, procurava interferir na sociedade como um todo por intermédio da cultura e dos meios de comunicação, em busca de uma hegemonia ideológica em torno de suas pautas.

Bibliografia

    ALENCAR, Miriam. O Cinema em Festivais e os Caminhos do Curta-Metragem no Brasil. Rio de Janeiro: Embrafilme / Ed. ArteNova, 1978.
    AMANCIO, Tunico. Artes e Manhas da Embrafilme: cinema estatal brasileiro em sua época de ouro – 1977-1981. Niterói: Editora da UFF, 2011
    BERARDET, Jean Claude. Historiografia Clássica do Cinema Brasileiro: metodologia e pedagogia. 2 ª ed. São Paulo: Annablume, 2008.
    ______. Cinema Brasileiro: proposta para uma história. São Paulo: Companhia das Letras 2009.
    KAMINSKI, Rosane. Publicidade, Televisão e festivais de super-8 na Curitiba dos anso 1970. p. 275. ArtCultura Uberlândia, v. 23, n. 42, p. 271-290, jan.-jun. 2021.
    MACHADO, Arlindo. A Televisão Levada a Sério. São Paulo: Editora Senac, 2000.
    ROCHA, Flavio Rogerio. Super Festivais do Grife: produção, circulação e formação de cineastas no super-8 brasileiro (1973-1983). Dissertação (Mestrado em Imagem e Som) – UFSCar, São Carlos, 2015.