Ficha do Proponente
Proponente
- Rebeca Franco Fonseca de Freitas (UFPel)
Minicurrículo
- Mestranda em Artes pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Pesquisadora no PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação. Graduada em Cinema e Audiovisual pela mesma instituição. Finalista do Prêmio ABC 2023 como melhor direção de fotografia universitária com o curta Madrugada (2022). Também dirigiu e roteirizou o curta Comboio pra Lua (2020), selecionado em festivais como Gramado e Tiradentes.
Ficha do Trabalho
Título
- O cinema de Elaine May: narrativas cartográficas femininas
Seminário
- Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- Este artigo pretende destacar os aspectos narrativos do cinema de Elaine May pela ótica cartográfica de Suely Rolnik (2016). Nos quatro filmes da diretora, O caçador de dotes (1971), O rapaz que partia corações (1972), Mikey e Nicky (1976) e Ishtar (1987), os protagonistas são homens, contudo, pretende-se jogar luz sobre as figuras femininas dessas obras. Sendo assim, investigam-se seus deslocamentos, a fim de criar um roteiro com escrita fabulatória dando protagonismo às personagens.
Resumo expandido
- Elaine May nasceu em 21 de abril de 1932, na Filadélfia, Pensilvânia, Estados Unidos. Performer, escritora, roteirista, diretora, comediante e atriz, atingiu o auge cinematográfico na década de 1970 (KATZ, 2012). May dirigiu quatro filmes, a maioria durante o ciclo conhecido como Nova Hollywood. Em sua trajetória, assina a direção de O caçador de dotes (1971), O rapaz que partia corações (1972), Mikey e Nicky (1976) e Ishtar (1987).
A obra de Elaine May se insere no contexto político em que realizadores optaram por sair do estúdios e buscar a liberdade de criação. Seus filmes são marcados pela recorrente movimentação de personagens masculinos (HELLER-NICHOLAS, 2019). É possível ver os protagonistas (sempre interpretados por homens) transitando por pontos geográficos como também por pontos subjetivos, com processos de transformação de comportamentos e personalidades. Tais deslocamentos possibilitam encontros que afetam a intimidade de cada protagonista, alterando sua visão de mundo.
Já as personagens mulheres de May ganham papéis coadjuvantes e são constantemente cerceadas por normas sociais, discriminação e violência. Uma força coletiva desterritorializada interfere e rejeita suas autenticidades. Impedidas de manifestar seus desejos, vivem às margens, isoladas socialmente e/ou escondidas de si mesmas. Busca-se emergir as personagens mulheres nos filmes de May, com o objetivo de dar visibilidade a elas. Como são figuras femininas afastadas do convívio social, à deriva, vivem grande parte do tempo em espaços internos, enfrentando situações de instabilidade e abusos provocados pelos protagonistas de cada obra.
Esta pesquisa aproxima-se do método cartográfico (ROLNIK, 2016) para desenvolver um processo particular de pesquisa sobre os quatro filmes dirigidos por May, procurando elencar as similaridades, motivações, movimentações e encontros entre personagens mulheres na obra da cineasta. Partindo desse pressuposto, procuram-se possibilidades de compreensão dos trânsitos e trajetos estabelecidos pelas personagens em seus filmes.
Para Rolnik (2016), cartografia é um método processual criativo que pressupõe que pesquisadores olhem para os objetos à sua volta inventivamente. De acordo com a escritora, as experiências de encontros permitem afetos que criam um território próprio. Tal espaço estabelece uma percepção sensível a respeito dessas vivências. Nesse sentido, essa investigação nutre o interesse de olhar a obra da cineasta a partir de uma perspectiva cartográfica baseada nos deslocamentos intensivos (emocionais) e extensivos (narrativos) das personagens.
Para tanto, delineia-se um roteiro-ensaio fabular com quatro personagens femininas dos filmes de Elaine May, com o intuito de proporcionar um encontro simbólico entre elas, em situações, espaços e tempos inventados pela pesquisadora. Nesse encontro, as personagens poderão questionar as escolhas narrativas atribuídas às suas trajetórias pela realizadora e roteirista Elaine May.
Bibliografia
- HELLER-NICHOLAS, Alexandra (Org.). ReFocus: the films of Elaine May. Edinburgh/RU: Edinburgh University Press, 2019.
KATZ, Ephraim. The Film Encyclopedia: The Complete Guide to Film and the Film Industry. Londres/RU: Collins Reference, 2012.
MULVEY, Laura. Prazer visual e cinema narrativo. In. XAVIER, Ismail (org). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.
VOGNER DOS REIS, Francis e SANTOS LIMA, Paulo (Orgs.). Easy riders – o cinema da nova Hollywood. Rio de Janeiro: CCBB, 2015.