Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Rebeca Franco Fonseca de Freitas (UFPel)

Minicurrículo

    Mestranda em Artes pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Pesquisadora no PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação. Graduada em Cinema e Audiovisual pela mesma instituição. Finalista do Prêmio ABC 2023 como melhor direção de fotografia universitária com o curta Madrugada (2022). Também dirigiu e roteirizou o curta Comboio pra Lua (2020), selecionado em festivais como Gramado e Tiradentes.

Ficha do Trabalho

Título

    O cinema de Elaine May: narrativas cartográficas femininas

Seminário

    Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Este artigo pretende destacar os aspectos narrativos do cinema de Elaine May pela ótica cartográfica de Suely Rolnik (2016). Nos quatro filmes da diretora, O caçador de dotes (1971), O rapaz que partia corações (1972), Mikey e Nicky (1976) e Ishtar (1987), os protagonistas são homens, contudo, pretende-se jogar luz sobre as figuras femininas dessas obras. Sendo assim, investigam-se seus deslocamentos, a fim de criar um roteiro com escrita fabulatória dando protagonismo às personagens.

Resumo expandido

    Elaine May nasceu em 21 de abril de 1932, na Filadélfia, Pensilvânia, Estados Unidos. Performer, escritora, roteirista, diretora, comediante e atriz, atingiu o auge cinematográfico na década de 1970 (KATZ, 2012). May dirigiu quatro filmes, a maioria durante o ciclo conhecido como Nova Hollywood. Em sua trajetória, assina a direção de O caçador de dotes (1971), O rapaz que partia corações (1972), Mikey e Nicky (1976) e Ishtar (1987).

    A obra de Elaine May se insere no contexto político em que realizadores optaram por sair do estúdios e buscar a liberdade de criação. Seus filmes são marcados pela recorrente movimentação de personagens masculinos (HELLER-NICHOLAS, 2019). É possível ver os protagonistas (sempre interpretados por homens) transitando por pontos geográficos como também por pontos subjetivos, com processos de transformação de comportamentos e personalidades. Tais deslocamentos possibilitam encontros que afetam a intimidade de cada protagonista, alterando sua visão de mundo.

    Já as personagens mulheres de May ganham papéis coadjuvantes e são constantemente cerceadas por normas sociais, discriminação e violência. Uma força coletiva desterritorializada interfere e rejeita suas autenticidades. Impedidas de manifestar seus desejos, vivem às margens, isoladas socialmente e/ou escondidas de si mesmas. Busca-se emergir as personagens mulheres nos filmes de May, com o objetivo de dar visibilidade a elas. Como são figuras femininas afastadas do convívio social, à deriva, vivem grande parte do tempo em espaços internos, enfrentando situações de instabilidade e abusos provocados pelos protagonistas de cada obra.

    Esta pesquisa aproxima-se do método cartográfico (ROLNIK, 2016) para desenvolver um processo particular de pesquisa sobre os quatro filmes dirigidos por May, procurando elencar as similaridades, motivações, movimentações e encontros entre personagens mulheres na obra da cineasta. Partindo desse pressuposto, procuram-se possibilidades de compreensão dos trânsitos e trajetos estabelecidos pelas personagens em seus filmes.

    Para Rolnik (2016), cartografia é um método processual criativo que pressupõe que pesquisadores olhem para os objetos à sua volta inventivamente. De acordo com a escritora, as experiências de encontros permitem afetos que criam um território próprio. Tal espaço estabelece uma percepção sensível a respeito dessas vivências. Nesse sentido, essa investigação nutre o interesse de olhar a obra da cineasta a partir de uma perspectiva cartográfica baseada nos deslocamentos intensivos (emocionais) e extensivos (narrativos) das personagens.

    Para tanto, delineia-se um roteiro-ensaio fabular com quatro personagens femininas dos filmes de Elaine May, com o intuito de proporcionar um encontro simbólico entre elas, em situações, espaços e tempos inventados pela pesquisadora. Nesse encontro, as personagens poderão questionar as escolhas narrativas atribuídas às suas trajetórias pela realizadora e roteirista Elaine May.

Bibliografia

    HELLER-NICHOLAS, Alexandra (Org.). ReFocus: the films of Elaine May. Edinburgh/RU: Edinburgh University Press, 2019.

    KATZ, Ephraim. The Film Encyclopedia: The Complete Guide to Film and the Film Industry. Londres/RU: Collins Reference, 2012.

    MULVEY, Laura. Prazer visual e cinema narrativo. In. XAVIER, Ismail (org). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983.

    ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.

    VOGNER DOS REIS, Francis e SANTOS LIMA, Paulo (Orgs.). Easy riders – o cinema da nova Hollywood. Rio de Janeiro: CCBB, 2015.