Ficha do Proponente
Proponente
- Ana Paula Mendes Alcanfor Nascimento Magalhães (UFG)
Minicurrículo
- Ana Paula Alcanfôr é mestranda no Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual, na Universidade Federal de Goiás (PPGACV/FAV – UFG), e se propõe a investigar a cinema documental como mecanismo de construção de perspectiva a serviço das estruturas de poder colonial. Graduada em Comunicação Social pela UFG, pesquisa cinema e audiovisual desde o TCC, em 2012, com foco na análise fílmica, análise da imagem e pontos de vista.
Ficha do Trabalho
Título
- AS PERSPECTIVAS DO DOCUMENTÁRIO E AS ESTRUTURAS DE PODER COLONIAL
Formato
- Presencial
Resumo
- Entendendo que o cinema documental é herdeiro da antropologia visual, busca-se compreender as diferenças nas produções de sentido sobre os povos indígenas, mediadas pela produção de cinema documental brasileiro, a partir da análise comparativa dos filmes “Mensageiras da Amazônia” – como autorrepresentação indígena – e “Elas – as mulheres Krikati” – como representação desses povos pelo olhar da branquitude.
Resumo expandido
- Herdeiro dos estudos da antropologia visual, o cinema documentário nasce como experiência de registro e forma de ampliar o acesso ao público a maneiras de viver de diferentes sociedades. Dessa forma, torna-se um registro literal do ponto de vista do homem branco europeu em relação a outras culturas, o que acaba reforçando estereótipos e preconceitos. Nesse sentido, observa-se que as imagens do cinema têm o poder de revelar mais sobre aqueles que a produzem do que sobre aquilo ou aquele que é filmado/registrado/observado.
A produção de imagens, sobretudo na sociedade contemporânea, é uma ação política de (re)afirmação e (re)produção de poder. O monopólio desse recurso, portanto, condiciona a construção das narrativas históricas e de papeis sociais subordinados a origens étnicas, de gênero, classe social etc. Se a construção de sentido passa pela provocação dos sentidos, como pontua Emmanuel Alloa (2020), o monopólio da visão é um privilégio inestimável, gozado, quase que exclusivamente, pelo homem branco europeu (ou por aqueles que reproduzem o seu legado e sua herança socio-histórico-cultural). Assim, nesse processo de dominação ideológica, e “Sob uma retórica emancipatória, povos e etnias periferizadas têm sido destituídas de sua subjetividade e dignidade” (Pinto et. Al., 2015, p. 389), ao ser reduzidos a objetos de estudo e observação.
De acordo com Manguel (2001, p. 177) “Todo retrato é, em certo sentido, um auto-retrato que reflete o expectador. Como ‘o olho não se contenta em ver’, atribuímos a um retrato as nossas percepções e a nossa experiencia. Na alquimia do ato criativo, todo retrato é um espelho.”. Assim como a produção de qualquer discurso, a imagem não pode ser produzida se não a partir da perspectiva de quem a concebe e, ao ser visualizada, ocorre a partilha com o espectador que, por um momento, é colocado sob o mesmo ponto de vista em que esteve o produtor.
Portanto, esta pesquisa em desenvolvimento em um Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura e Visual, sob orientação do Prof. Samuel José Guilbert de Jesus, tem como objetivo investigar as perspectivas da branquitude à luz das teorias da cultura visual, a partir da análise comparativa dos filmes “Mensageiras da Amazônia” e “Elas – as mulheres Krikati”.
Bibliografia
- ALLOA, Emmanuel; GOMES, Aguinaldo Rodrigues, NETTO Miguel Rodrigues de Sousa, SILVA. Robson Pereira da. Levantes: uma paixão latino americana. Fênix –Revista de História e Estudos Culturais. Julho-Dezembro de 2020 Vol.17 Ano X VII nº 2
ELAS – AS MULHERES KRIKATI; Direção: Carlos Eduardo Magalhães. Produção: Carlos Eduardo Magalhães. Brasil: Laranjeiras Produções, 2022
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MENSAGEIRAS DA AMAZÔNIA; Direção: Aldira Akai, Beka Saw Munduruku e Rilcelia Akai. Produção: Felipe Garcia. Brasil: Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi e Joana Moncau, 2022.
PINTO, Júlio Roberto de Souza; MIGNOLO, Walter D.. A modernidade é de fato universal?: Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas, Rev. Ciênc. Soc., Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 381-402, Sept. 2015.