Ficha do Proponente
Proponente
- Mateus Araujo Silva (ECA-USP)
Minicurrículo
- Mateus Araújo é professor livre docente de teoria e história do cinema na ECA-USP. Organizou ou co-organizou os livros Glauber Rocha / Nelson Rodrigues (2005), Jean Rouch 2009: Retrospectivas e Colóquios no Brasil (2010), Straub-Huillet (2012), Charles Chaplin (2012), Jacques Rivette (2013), Godard inteiro ou o mundo em pedaços (2015), O cinema interior de Philippe Garrel (2018), Glauber Rocha: crítica esparsa (2019) e Glauber Rocha: O Nascimento dos deuses (2019). Traduziu Glauber na França.
Ficha do Trabalho
Título
- Godard x Descartes: polêmica reivindicada, convergência insuspeitada
Seminário
- Cinema Comparado
Formato
- Presencial
Resumo
- Discutirei como Godard invoca Descartes em seus filmes (transformando-o num inimigo filosófico ou extraindo de suas fórmulas, como o Cogito, material ou ferramentas para o pensamento) e como, ao confrontá-lo ou emulá-lo, acaba confirmando a seu modo 2 teses centrais da filosofia cartesiana: 1) Conhecemos o mundo inspecionando as representações que dele produzimos; 2) Nosso entendimento intervém no fluxo de nossas atividades e representações sensoriais e imaginativas para conhecer seus objetos.
Resumo expandido
- A comunicação examinará a maneira como Godard invoca Descartes em alguns de seus filmes, transformando-o em seu inimigo filosófico (La Chinoise, 1967), ou extraindo de suas fórmulas verbais, como a do Cogito (Penso, logo existo / Cogito ergo Sum / Je pense, donc je suis) – retomado, parodiado ou deformado –, material ou ferramentas para o pensamento (Une femme est une femme, 1961; Letter to Jane, 1972; Histoire(s) du Cinéma 1B, 1998; Dans le noir du temps, 2002; Vrai Faux Passeport, 2006). Também examinará como Godard, ao confrontar ou emular Descartes, acaba ao mesmo tempo confirmando (provavelmente sem perceber), na própria forma de seu cinema, teses fundamentais da filosofia cartesiana, como aquelas segundo as quais: 1) Nosso conhecimento do mundo deve passar pela inspeção das representações que dele produzimos; 2) Nosso entendimento pode agir e intervir no fluxo de atividades e representações de nossa imaginação e de nossos sentidos para conhecer os objetos do mundo que ele aborda.
Bibliografia
- ARAUJO, Mateus. A mise en scène do pensamento em Godard. La Furia Umana, Vol. 33, 2018.
_____. “René Descartes: Discourse on the Method”. In: T. Barnard and K. J. Hayes (Eds.). Reading with Jean-Luc Godard. Montréal: Caboose, 2023, p.116-18.
BRENEZ, Nicole. Jean-Luc Godard. Cherbourg, De l’incidence éd., 2023.
DESCARTES, René. Discours de la Méthode [1637]. In: Oeuvres de Descartes publiées par C. Adam & P. Tannery, Vol. VI, Paris: Vrin, 1996.
_____. Principia Philosophiae [1644]. In: Oeuvres de Descartes…, Ed. cit., Vol. VIII.
_____. Principes de la Philosophie [1647]. In: Oeuvres de Descartes…, Ed. cit., Vol. IX-2.
GODARD, Jean-Luc. Jean-Luc Godard par Jean-Luc Godard. Paris: Cahiers du Cinéma, 1985.
_____. Introduction to a True History of Cinema and Television. Trad. T. Barnard. Montreal: Caboose, 2014.
KRISTENSEN, Stefan. Godard philosophe. Lausanne, L’âge d’Homme, 2014.
SERRUT, Louis-Albert (Dir.). Le cinéma de Jean-Luc Godard et la philosophie. Paris, L’Harmattan, 2019