Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    KENIA CARDOSO VILACA DE FREITAS (UFS)

Minicurrículo

    Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no curso de Cinema e Audiovisual. Fez estágios de pós-doutorado (CAPES/PNPD) na UCB (2015-2018) e na Unesp (2018-2020). Doutora pela ECO/UFRJ (2015). Mestre em Multimeios pela Unicamp (2010). Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Ufes (2007). Curadora do Cinema do Dragão (2022-2023). Possui pesquisas sobre Afrofuturismo, Cinema Negro e Crítica de Cinema. Integra o FICINE – Forúm Itinerante de Cinema Negro.

Ficha do Trabalho

Título

    Constelações Afrofuturistas nos curtas-metragens negros brasileiros

Seminário

    Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas.

Formato

    Presencial

Resumo

    A apresentação discute a pesquisa “Constelações Afrofuturistas: A ficção especulativa negra na produção contemporânea em curta-metragem no Brasil”, cujo objetivo é criar constelações afrofuturistas a partir dos filmes de curta-metragem produzidos desde 2015 no Brasil. Para isso, ela propõe um levantamento dos filmes produzidos no campo da ficção especulativa negra, e a partir destes que sejam traçadas constelações em torno das linhas de criação: Performatividade, Fugitividade e Futuridade.

Resumo expandido

    Essa apresentação introduz as bases iniciais da pesquisa “Constelações Afrofuturistas: A ficção especulativa negra na produção contemporânea em curta-metragem no Brasil”, atualmente em desenvolvimento. A proposta que atravessa a proposição deste projeto é a de pensar a formação de constelações afrofuturistas a partir das diversas linhas de criação especulativa negra dos filmes de curta-metragem produzidos a partir de 2015 no Brasil. Uma observação feita por meio de pesquisas anteriores e também pelo trabalho como crítica e curadora de cinema desde 2011, faz-nos apontar para três eixos de criação dessa filmografia recente: Performatividade, Fugitividade e Futuridade.

    No primeiro caso, a presença performativa e muitas vezes afrofabular dos corpos negros torna-se um elemento marcante dos filmes. No segundo, temos filmes que escapam/fogem das convenções e expectativas da representação e narrativas feitas por pessoas negras. E no terceiro, filmes que negociam e forjam espaços de intimidade entre quem filma e quem é filmado. Isto posto, o objetivo da pesquisa que se inicia passa por não apenas fazer um levantamento da produção afrofuturista em curta-metragem no Brasil (a partir de 2015), mas também constelar estes filmes em torno desses eixos de criação inicial – considerando a possibilidade de que novos eixos e agrupamentos podem surgir a partir do desenvolvimento da pesquisa. Mais do que categorias estanques, trazemos a imagem da constelação para possibilitar sobreposições e entrecruzamentos entre os eixos.

    Observações preliminares do cinema brasileiro feito por pessoas negras ressaltam também uma tendência na criação de narrativas que mesclam a ficção científica, a fantasia e/ou o terror sobrenatural e o protagonismo negro. Acreditamos que se debruçar sobre a produção de cinema negro contemporâneo significa olhar para as transformações nas linhas de força de criação e recepção crítica no cinema nacional. Se na primeira metade da década de 2010 “percebemos com mais intensidade uma encenação fílmica de matrizes realistas e naturalistas” (Freitas, 2021, p. 72), na segunda metade “começamos a notar de forma mais incisiva a existência (e a reverberação na recepção) de filmes mais propensos a modos narrativos especulativos e/ou experimentais” (Ibidem, p. 73). A percepção dessa transformação nada tem a ver com uma exclusividade ou com um ineditismo de tendências, e sim com a intensificação das recorrências. Esse movimento dos últimos anos nos parece atrelado a “um aumento nas perspectivas localizadas nos filmes – com uma presença marcante da autoinscrição de grupos social e racialmente historicamente marginalizados na sociedade brasileira (pessoas pretas, indígenas e LGBTQIA+)” (Ibdem, p. 74). Ou seja, temos simultaneamente a intensificação das narrativas de ficção imaginadas e das presenças não hegemônicas no campo de criação audiovisual brasileiro. Ambas intensificações, acreditamos, reverberam diretamente nas reconfigurações do cinema negro brasileiro desde 2015.

    É a partir dessas transformações que esse projeto de pesquisa forjará as constelações afrofuturistas em torno da produção de curta-metragem de realizadores negros no Brasil, de 2015 até o presente. O intuito é discutir algumas linhas de criação engendradas no cinema negro brasileiro – com enfoque aos aspectos especulativos desse campo. Percebendo este não como um campo de criação unívoco, mas atravessado por pluralidades artísticas e estéticas que não podem ser essencializadas. Nesse sentido, esta pesquisa dá continuidade a uma perspectiva sobre a produção recente do audiovisual negro a partir da sua potencialidade de expansão infinita (FREITAS, 2018). Espera-se com essa pesquisa que se inicia: a criação de uma base de informação acessível e aberta sobre cinema afrofuturista – disponível para estudantes e professores de Cinema e para a comunidade de forma geral e o aprofundamento da discussão estética e teórica sobre o cinema negro e o cinema de ficção especulativa.

Bibliografia

    FREITAS, Kênia. Cinema Negro Brasileiro: Uma Potência de Expansão Infinita In: 20o.FESTCURTASBH : Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 2018, v.1, p. 161-164.
    _______________. “Movimentos Fabulares”. In: VALENTE, Eduardo. Catálogo Cinema Brasileiro, anos 2010: 10 olhares. São Paulo, 2021.
    OLIVEIRA, Janaína; BOERMAN, Tessa. Rotterdam e o cinema negro brasileiro (parte II): texto do catálogo do IFFR para a mostra “Soul in the eye”. In: FICINE. Publicado em Janeiro de 2019. Disponível em: https://siteficine.wordpress.com/2019/01/23/rotterdam-e-o-cinema-negro-brasileiro-ii/. Acesso em: 02 de janeiro de 2022.
    MARTINS, Kariny. FICÇÃO ESPECULATIVA NO CINEMA NEGRO BRASILEIRO: a estética afrofuturista em curtas-metragens. Curitiba, PR: A Quadro, 2023.
    SOUTO, MARIANA. Constelações fílmicas: um método comparatista no cinema. GALÁXIA (SÃO PAULO. ONLINE), v. 1, p. 153-165, 2020.