Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    India Mara Martins (UFF)

Minicurrículo

    Professora Associada do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense na área de Design Visual/Direção de Arte. Mestre em Multimeios pela Unicamp, com a dissertação “A paisagem urbana no cinema de Wim Wenders”, publicada em 2014 pela Contracapa/Faperj. Doutora em Design pela Puc-Rio, atualmente faz parte da Comissão do Plano de Logística Sustentável da UFF. Coordenadora do Acervo de Arte da UFF, vice-Coordenadora da Araci Incubadora de Projetos de Cinema e Audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Produção Audiovisual, Direção de arte e Sustentabilidade

Formato

    Presencial

Resumo

    A proposta desta comunicação é apresentar algumas perspectivas da pesquisa Produção Audiovisual, Direção de arte e Sustentabilidade, que se propõe a investigar as práticas sustentáveis que estão sendo utilizadas na produção audiovisual carioca, particularmente, naquelas desenvolvidas a partir do departamento de arte, na perspectiva da tríade: ambiental, social e econômica. O Departamento de Arte pode estabelecer padrões de sustentabilidade do início da produção até a desprodução.

Resumo expandido

    A produção cinematográfica sustentável pressupõe adesão a um modelo de produção com particular preocupação com as questões ambientais, econômicas e sociais. Deste modo, envolve princípios de desenvolvimento sustentável em todos os níveis da produção cinematográfica e é melhor realizada de maneira unificada com a colaboração e cooperação de todos os departamentos e participantes na produção o do filme (CORBETT, 2006).
    No contexto da indústria criativa, apesar de o impacto socioambiental da produção audiovisual ser enorme, o tema é pouco discutido nos cursos de cinema e audiovisual e quase não há pesquisas acadêmicas nos programas de pós-graduação em cinema e audiovisual, buscando minimizar este impacto. Quando falamos em produção audiovisual sustentável estamos nos referindo a produções que fazem uso inteligente e racional dos recursos.
    Para Dias (2017), o conceito de sustentabilidade passa por ações humanas que visam suprir as gerações atuais sem comprometer as futuras, estando diretamente relacionada ao desenvolvimento humano, no que se diz a utilização de recursos naturais de maneira inteligente ao longo do tempo. Para Jacobi “A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades” (JACOBI, 2003).
    Algumas perspectivas refletem sobre sustentabilidade e democracia. Tommaziello & Guimarães se perguntam: “De qual sustentabilidade estamos falando? Uma sustentabilidade atrelada ao desenvolvimento econômico ou uma sustentabilidade democrática “entendida como o processo pelo qual as sociedades administram suas condições materiais, redefinindo os princípios éticos e sociopolíticos que orientam a distribuição de seus recursos ambientais?” (LEROY et al, 2002, p.18). As autoras afirmam que: (…) dependendo das diferentes matrizes teóricas das concepções de sustentabilidade, os profissionais por elas formados podem ter distintos entendimentos sobre as causas e soluções para a crise, que tanto podem objetivar o atendimento ao capital, ao Estado como podem atuar como profissionais atentos às questões socioambientais, às necessidades humanas e à justiça ambiental (TOMMASIELLO & GUIMARÃES, 2022).
    Recentemente a questão da sustentabilidade ambiental passou a ser tema de debates em festivais de cinema e eventos profissionais no Brasil. Também foram lançadas cartilhas pela Rede Globo (2022) e FIRJAN (2023). A equipe do Cinema Verde, que lançaram a primeira cartilha e são pioneiros em consultoria nesta área, apresenta números para evidenciar o impacto por projeto de série ou longa metragem de ficção: GERACÃO DE LIXO: gasto médio de 200kg por dia, CONSUMO DE DESCARTÁVEIS: média de 10.000 copos e 5.000 talheres e pratos; IMPRESSÕES: média de 10.000 folhas por produção, TRANSPORTE: consumo de combustível e emissão de gases de efeito estufa, CONSUMO DE ENERGIA: média de 25.000kw/dia.
    Apesar destes números, a produção audiovisual pode ser sustentável trabalhando com uma tríade de fatores ambientais, sociais e econômicos (Conferência de Estocolmo, 1972). Ambientalmente, por exemplo, reduzindo as emissões de carbono produzidas pelos deslocamentos da equipe, o que envolve desde a escolha de veículos com menos emissão de CO2, o planejamento otimizado de rotas ou a carona solidária. A responsabilidade social acontece quando estabelecemos diretrizes claras para minimizar o impacto das filmagens nas comunidades locais (uma maneira de alcançar isso é limitando as horas de trabalho e envolvendo-se antecipadamente com as comunidades sobre os efeitos logísticos na área) e integrando fornecedores na cadeia de suprimentos da produção. Os aspectos econômicos se desenvolvem quando pensamos na produção de um filme também como uma estratégia para movimentar a economia local e beneficiar a comunidade com práticas mais sustentáveis.

Bibliografia

    CINEMA VERDE. Cartilha Cinema Verde. DisponÍvel em: https://cinemaverde.com.br/cartilha/ . Acesso em 06 de maio de 2023.
    CORBETT, Charles J, TURCO, Richard P. Sustainability in the Motion Picture Industry. UCLA Institute of the Environment, 2006. Disponível em: www.ioes.ucla.edu/wp-content/uploads/mpisreport.pdf.
    DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade e Sustentabilidade. 3.Edição Paulo: Editora Atlas, 2017.
    EMA – ENVIRONMENTAL MEDIA ASSOCIATION. Green Seal. 2022. Disponível em: https://www.green4ema.org/ema-green- seal-production.
    GLOBO. Globo lança Jornada ESG, seu primeiro relatório de sustentabilidade, e adere ao Pacto Global. 14 de julho de 2022.
    JACOBI, P. R. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, n. 118, p. 189-205, 2003.
    TOMMASIELLO, Maria G. C., GUIMARÃES, Simone S. M. Sustentabilidade e o papel da universidade: desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade democrática? Revista de Educação do Cogeime, ano2, n.43, 2013.