Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Talitha Gomes Ferraz (ESPM/ PPGCine-UFF)

Minicurrículo

    Talitha Ferraz é doutora em Comunicação e Cultura pela Eco-UFRJ, com estágio doutoral na Universidade Nova de Lisboa, e pós-doutora pelo Centre for Cinema e Media Studies da Ghent University (CIMS-UGhent). É professora da ESPM-Rio e do PPGCine-UFF. Coordena o GP Modos de Ver (ESPM/CNPQ) e a rede History of Moviegoing, Exhibition and Reception (Homer Network), além de integrar o International Media end Nostalgia Network (IMNN).

Ficha do Trabalho

Título

    New Cinema History: perspectivas de uma pesquisa transdisciplinar

Mesa

    New Cinema History e histórias de cinemas: interfaces Cinema/ História

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama geral das origens, do desenvolvimento e da consolidação contemporânea da perspectiva teórico-metodológica da New Cinema History, que tem descentralizado os focos canônicos da Grande História do Cinema, direcionando-se para observações acerca de contextos socioculturais, políticos, mercadológicos e urbanos que envolvem os eixos de distribuição e exibição cinematográficos, além das práticas de sociabilidade dos públicos de salas de cinema.

Resumo expandido

    Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama geral das origens, do desenvolvimento e da consolidação contemporânea da perspectiva teórico-metodológica da New Cinema History, que nas últimas quatro décadas tem descentralizado os focos canônicos da Grande História do Cinema – em geral, pautados pela preponderância dos estudos fílmicos, de recepção e dinâmicas de produção –, direcionando-se para observações mais atentas acerca de contextos socioculturais, políticos, mercadológicos e urbanos que envolvem os eixos de distribuição e exibição cinematográficos, além das práticas de sociabilidade dos públicos de salas de cinema, o que viemos chamando em trabalhos anteriores de “práticas de ida ao cinema” (FERRAZ, 2017).
    As origens da New Cinema History remontam a década de 1980, quando autores como Robert C. Allen e Douglas Gomery (1985) inauguram uma história social do cinema preocupada com a localização espacial e temporal das audiências, distanciando-se de concepções mais generalistas acerca do espectador e da centralidade dos sentidos do filme dados pela recepção. Ao longo das décadas seguintes, outros estudiosos se juntaram a essa perspectiva, que assumiu uma postura transdisciplinar e micro histórica, voltada para a investigação da forte relação do cinema com aquilo que Karel Dibbets (2007) chamou de “infraestrutura da vida cultural”. Um fator importante da New Cinema History é o seu apreço pela triangulação formada pelos equipamentos cinematográficos de exibição (isto é, salas de cinema), filmes exibidos/ programações dos cinemas e experiências pessoais e coletivas de consumo das audiências (MALTBY, 2011; FERRAZ, 2017).
    Com a criação da History of Moviegoing Exhibition and Reception – HoMER Network, há vinte anos, esse eixo de investigação se estruturou fortemente na Europa, América do Norte e Austrália por meio da produção de pesquisas baseadas em métodos da etnografia, história oral, análise do discurso etc., e em cernes quantitativos que objetivam a articulação entre bases de dados e exames espaciais (com o uso de softwares de mapeamento aplicados pela Geografia, a exemplo dos Geographical Information Systems – GIS) sobre circuitos exibidores e modos de frequentação dos públicos. Um de seus princípios são as análises sobre a relação dos setores de distribuição e exibição cinematográficos com agrupamentos sociais e configurações socioculturais, econômicas, políticas e urbanas.
    Na sua fundação como um dos suportes institucionais da New Cinema History, a HoMER Network priorizou a produção, compilação, comparação, curadoria e compartilhamento de dados referentes a cenários de distribuição e exibição regionais e globais, tendo em vista as oportunidades metodológicas e analíticas trazidas pela ascensão das humanidades digitais e das interdisciplinaridades entre diferentes áreas de pesquisa, como o próprio Cinema, a Sociologia Urbana, a Geografia, a História etc.
    Na atual fase já consolidada da New Cinema History, outros autores de nacionalidades não alinhadas ao eixo Norte-Norte, incluindo brasileiros, têm ocupado espaços relevantes em termos de desenvolvimento de pesquisas que se enquadram nos escopos acima. Muitos dos estudos mais recentes se debruçam sobre o papel da produção de memória dos públicos, das expressões e ações de nostalgia que permitem a organização de movimentos em prol da preservação de antigos cinemas, e das trajetórias de vida e morte de cinemas de rua e sua participação material e simbólica nas configurações citadinas.
    Tendo esse horizonte em vista, nossa apresentação se debruçará sobre o estado da arte da New Cinema History e suas possíveis contribuições para o que tem sido articulado no Brasil em diálogo com as “histórias de cinemas” (VIEIRA, 2021).

Bibliografia

    ALLEN, Robert C.; GOMERY, Douglas. Film History: Theory and Practice. New York: Knopf, 1985.
    DIBBETS, Karel. Culture in context: databases and the contextualization of cultural events. In: The glow in their eyes: Global perspective on film cultures, film exhibition and cinemagoing Conference, 2007, Ghent.
    FERRAZ, Talitha. “As potências da ‘nostalgia ativa’ na luta pela salvaguarda do Cine Vaz Lobo”. Revista ECO-Pós, 20 (3), 2017, p. 111-133.
    MALTBY, Richard. New Cinema Histories. In: MALTBY, Richard; BILTEREYST, Daniël; MEERS, Philippe (orgs.). Explorations in New Cinema History: approaches and case studies. Oxford: Blackwell Publishing, 2011, p.3-40.
    VIEIRA, João Luiz. Prefácio. In: BRUM, Alessandra e BRANDÃO, Ryan (orgs.). Histórias de cinemas de rua de Minas Gerais. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2021.