Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Gabriela Capper (UFF)

Minicurrículo

    Doutoranda no PPGCINE/UFF (bolsista Capes/IMPACTOS – Brasil). Mestre em Artes pela UERJ. Graduação e licenciatura em Música pela Universidade Estácio de Sá. Docente EBTT Música no Colégio Universitário Geraldo Reis/UFF. gabriela_capper@id.uff.br

Ficha do Trabalho

Título

    O filme Ressaca, de Bruno Vianna: a montagem em tempo real e ao vivo

Mesa

    A montagem audiovisual contemporânea: entre telas e além das telas

Formato

    Presencial

Resumo

    Este artigo apresenta uma análise do filme Ressaca (2008), de Bruno Vianna, um longa metragem de ficção não-linear montado em tempo real, ao vivo, através da Engrenagem, uma interface para edição de cinema ao vivo. Para adensar os entendimentos sobre a montagem de Ressaca foram convocados os pensamentos de Jeffrey Shaw (2009) acerca da noção de interatividade no cinema digitalmente expandido, e de Karen Pearlman (2019) sobre o ritmo na edição de filmes e a montagem como um processo coreográfico.

Resumo expandido

    Este artigo apresenta uma análise do filme Ressaca (2008), de Bruno Vianna, um longa metragem de ficção que se faz e refaz com a montagem em tempo real, ao vivo, e com a participação do público no processo de criação da trama. Ressaca é uma ficção não-linear composta por 130 pequenas sequências que são arranjadas a cada sessão em um novo filme. O filme conta a história de Thiago que, entre seus 11 e 19 anos de idade, no período entre 1984 e 1992, quando o Brasil passava por importantes mudanças políticas e econômicas, teve que estudar em uma escola pública e se adaptar ao novo ambiente. Apesar de ter um roteiro pré-definido, o filme funciona em uma estrutura aberta, uma vez que as decisões sobre a montagem são tomadas durante a exibição-performance e são reativas ao público presente. Trata-se de um cinema ao vivo que se aproxima das práticas dos VJs (Video Jockeys) que manipulam e remixam imagens e sons em tempo real durante suas apresentações e que se utilizam de tecnologias como touch screens e controladores MIDI para criar as performances audiovisuais. Ressaca é um filme narrativo não-linear, com duração entre 90 e 120 minutos, montado, desmontado e remontado inúmeras vezes através da Engrenagem, uma interface para edição de cinema ao vivo. Criada pelo Programa de Mestrado em Artes Digitais da Universidad Pompeu Fabra’s, em Barcelona, a Engrenagem permite o manuseio da materialidade fílmica em uma tela sensível ao toque que, no caso de Ressaca, foi posicionada ao lado da tela principal. As sequências e os planos são apresentados em círculos na interface da Engrenagem e podem ser cortados e encadeados de múltiplas formas. Na proposição, o diretor-montador movimenta os diversos blocos de sequências de acordo com as reações do público diante do filme que passa na tela em tempo real. A trilha sonora se altera a cada sessão, sempre ao vivo, seja tocada por uma banda ou por um Dj, a música intervêm na montagem e completa o arranjo audiovisual. Para adensar os entendimentos sobre a montagem de Ressaca foram convocados os pensamentos de Jeffrey Shaw (2009) acerca da noção de interatividade no cinema digitalmente expandido, e de Karen Pearlman (2019) sobre o ritmo na edição de filmes e a montagem audiovisual como um processo coreográfico e energético que lida com o tempo, o movimento e o corpo.

Bibliografia

    KIM, Jihoon. Between film, video, and the digital: hybrid moving images in the post-media age. New York. Bloomsbury Academic, 2016.
    MACHADO, Arlindo. Arte e Mídia. Editora Zahar. Rio de Janeiro. 2010.
    ______. Pós-fotografia, pós-cinema: Novas configurações das imagens. Edições SESC. 2019.
    PEARLMAN, Karen. On Rhythm in film editing. In: The Palgrave Handbook of the Philosophy of film and motion pictures. EBSCO Publishing, Macquarie University. 2019.
    SHAW, Jeffrey. A nova arte midiática e a renovação do imaginário cinemático. Transcinemas. Katia Maciel (org.). Rio de Janeiro. Contra Capa Livraria, 2009.