Ficha do Proponente
Proponente
- Liliana Cristina Vidais Rosa (TECHN&ART)
Minicurrículo
- Liliana Rosa (Ph.D. em Cinema pela Universidade Nova de Lisboa) é Professora Adjunta de Cinema Documental no Instituto Politécnico de Tomar, Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (IPT-ESTA); Investigadora Integrada do Centro de Tecnologia, Restauro e Valorização das Artes (TECHN&ART), Instituto Politécnico de Tomar (IPT); Investigadora Colaboradora nos seguintes centros de investigação: CineLab, UNL; LabCom, UBI.
Ficha do Trabalho
Título
- Reinventar o Fantasma em Ruínas (2009) e Retratos Fantasma (2023)
Formato
- Presencial
Resumo
- Esta comunicação tem como principais objetivos: aprofundar o conceito de fantasmagoria e analisar a representação da fantasmagoria (Castle, 1988; Gunning, 2003; Païni, 2004) nos documentários Ruínas (Manuel Mozos, Portugal, 2009) e Retratos Fantasma (Kebler Mendonça, Brasil, 2023), através de uma análise da imagem e do som (Amiel, 2010; Aumont, Marie, 2009; Bordwell, Thompson, 2008).
Resumo expandido
- Esta comunicação tem como principais objetivos: aprofundar o conceito de fantasmagoria e analisar a representação da fantasmagoria (Castle, 1988; Gunning, 2003; Païni, 2004) nos documentários Ruínas (Manuel Mozos, Portugal, 2009) e Retratos Fantasma (Kebler Mendonça, Brasil, 2023), através de uma análise da imagem e do som (Amiel, 2010; Aumont, Marie, 2009; Bordwell, Thompson, 2008).
Por outras palavras, esta comunicação procura analisar a fantasmagoria nas propostas estéticas dos documentários Ruínas (Manuel Mozos, 2009) e Retratos Fantasma (Kebler Mendonça, 2023), através das seguintes etapas: num primeiro momento, convocando algumas reflexões em torno do conceito de “fantasmagoria” (Castle, 1988; Gunning, 2003; Païni, 2004); num segundo momento, enunciando, caracterizando e aplicando alguns aspectos do conceito de “fantasmagoria” aos documentários Ruínas e Retratos Fantasma. No nosso entender, estes dois documentários são suficientemente representativos para detectar tendências ou padrões neste assunto.
Através deste estudo, queremos responder às seguintes perguntas: O que é a fantasmagoria? O que é o fantasma? De que forma é que a fantasmagoria continua a “assombrar” as artes contemporâneas, nomeadamente o cinema? Porque é que a “fantasmagoria” continua a ser um tema frutífero para o cinema, em particular para o cinema não ficcional. Como podemos analisar a “fantasmagoria” nos documentários Ruínas e Retratos Fantasma? O que nos dizem esses documentários sobre o tema da “fantasmagoria”?
Ruínas (Manuel Mozos, Portugal, 2009) é um documentário que se debruça sobre fragmentos de espaços, edifícios, estruturas, memórias e vestígios de épocas passadas. É um documentário que percorre Portugal de norte a sul atrás das suas ruínas e em busca das suas histórias e memórias. Se, por um lado, o plano da imagem alinha um conjunto de imagens de edifícios em ruínas de Portugal, edifícios abandonados pelo tempo e pelas gentes que por ali passaram, por outro lado, a banda do som preenche o vazio desses espaços não só com as narrativas em off, mas também com um conjunto de paisagens sonoras através das quais somos convidados a imaginar o ambiente animado e cheio de vida de outrora (por exemplo, à medida que vemos as imagens do Restaurante Panorâmico de Monsanto, em Lisboa, o plano som (re)constrói um ambiente sonoro possível do interior do restaurante que, inclusivamente, nos permite ouvir um pedido de um cliente a um empregado de mesa). Por tudo isto, Ruínas é um documentário sobre ruínas, mas é, sobretudo, um documentário sobre fantasmas.
Retratos Fantasma (Kebler Mendonça, 2023) é um documentário que explora a mudança do centro da cidade de Recife, durante o século XX, a partir das salas de cinema que mobilizavam as pessoas e influenciavam comportamentos. O documentário reune imagens de arquivo, fotografias e imagens-movimento, a partir das quais, podemos analisar a mudança acelerada desta cidade, não só ao nível dos lugares, mas também ao nível do comportamento das pessoas que dão vida a esses lugares. É um documentário sobre os lugares em mudança na cidade de Recife, mas é também um documentário sobre as memórias do cineasta Kebler Mendonça. Afinal, que fantasmas são convocados pelo cineasta e como são convocados esses fantasmas?
Bibliografia
- Amiel, V. (2010). Estética da Montagem. Lisboa: Edições Texto e Grafia.
Aumont, J., Marie, M. (2009). A Análise do Filme. Lisboa: Edições Texto e Grafia.
Bordwell, D., Thompson, K. (2008). Film Art: An Introduction. New York: McGraw-Hill.
Castle, T. (1988). Phantasmagoria: Spectral Technology and the Metaphorics of Modern Reverie. Critical Inquiry, 15(1), 26-61.
https://www.jstor.org/stable/1343603
Gunning, T. (2003). Fantasmagorie et fabrication de l’illusion: pour une culture optique du dispositif cinématographique. CiNéMAS, 14(1), 67-89.
https://www.erudit.org/en/journals/cine/2003-v14-n1-cine751/008958ar/
Païni, D. (2004). Should We Put an End to Projection?. October, 110, 23-48.
https://www.jstor.org/stable/3397556