Ficha do Proponente
Proponente
- Sheila Schvarzman (UAM)
Minicurrículo
- Sheila Schvarzman é Pós-Doutora em Multimeios e doutora em História Social pela UNICAMP. Bolsista Produtividade CNPQ. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi – SP. Líder do Grupo de Pesquisa CNPQ “O cinema e o Audiovisual no Brasil e as imagens do Brasil no cinema e no Audiovisual”. Vem se dedicando a pesquisas sobre o Cinema Brasileiro de Grande Público e o Streaming. Autora de livros e artigos sobre história e historiografia do cinema brasileiro.
Ficha do Trabalho
Título
- O cinema brasileiro, o streaming e o imperialismo de plataforma
Seminário
- Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.
Formato
- Presencial
Resumo
- Como o cinema brasileiro vem sendo afetado em seus sentidos e identidades pelas mudanças e alternativas de produção e trabalho introduzidas pelas plataformas de streaming? E o streaming, como vem respondendo ao panorama atual de um país em crise, cujos 94,5% de espectadores continuam ligados à televisão linear? Como suas produções e estrutura de negócio participam do “imperialismo de plataforma” e o Brasil tem resistido ou não, à essa nova forma da hegemonia norte-americana?
Resumo expandido
- Analisando o impacto da entrada da Netflix na indústria cultural coreana, Dal Yong Jin (2023) observa mudanças não só no texto cultural, nos gêneros dessas produções, assim como na estrutura de negócios que tomaram relevo global significativo a partir dos anos 2000, através de políticas públicas e aportes de capital com o apoio do estado. Investiga em que medida as identidades locais estariam sendo subvertidas, e o próprio negócio audiovisual local impactado pelo ‘imperialismo de plataforma (JIN, 2013) que as Big Techs, e as plataformas de streaming vem impondo Over the top. Tomando o caminho de Jin, observamos que a produção audiovisual brasileira nas plataformas de streaming apresentou alterações em seu conteúdo, gêneros, maior inclusão e diversidade nos roteiros, profissionais, e consequentemente, na forma de negócio e na perda do controle sobre os direitos de autoria e do trabalho, notadamente, a partir de 2019. Nesse cenário onde o campo audiovisual, e em especial o cinema brasileiro soçobrava com o fechamento e esgarçamento do hábito de ir às salas de cinema, os cortes na produção aliada ao empobrecimento e aumento da desigualdade entre a população, a audiência do streaming cresceu, e as produções migraram para o VOD. Mantiveram-se produções de filmes em salas que, excepcionalmente, caso de Medida Provisória, em 2021, Marighella (2022), Nosso Sonho (2023), tiveram repercussão pública e audiência. Paulatinamente, em 2023, e sobretudo, no que se pode ver de 2024, esse quadro está mudando com a diminuição dos aportes em produções brasileiras pelas plataformas como a Netflix, e um reposicionamento da produção, não mais global, mas prioritariamente local, corte total no investimento da Amazon Vídeo, basicamente uma distribuidora de conteúdos, e volta-se a ter realizações brasileiras entre os 20 filmes de maiores bilheteria de 2024 : quatro comédias (entre 500mil a 1 milhão e oitocentos espectadores). É uma pequena amostra, mas pode-se ver que características de filmes brasileiros no streaming, conforme já observamos anteriormente, não extravasaram para as telonas, ao contrário, estas parecem retomar um padrão anterior conhecido e testado. De outro lado, a audiência do streaming diminuiu, foi remodelada com anúncios, aumentando e atingindo um público distinto, obrigando a uma diversificação de produtos que aproxima as plataformas do formato e ofertas de programação da televisão linear, com a inclusão de novelas, esporte, até mesmo, mudanças na dinâmica de lançamento de seriados, agora pausados, para ‘aumentar o engajamento’ (Propmark, 2023). Em nossa apresentação, vamos pontuar essas modificações, a relação delas com o novo cenário político, o fomento e políticas públicas e sobretudo e expectativa de alguma regulação a esses serviços Over the top, uma resistência ao ‘imperialismo de plataforma’, como vem conceituando os novos tempos, Dal Yong Jin (2015), “uma vez que os direitos de propriedade intelectual são a forma mais significativa de acumulação de capital na era digital” (2013). Que comparações é possível fazer entre o cenário brasileiro e o coreano?
Bibliografia
- JIN, Dal Young. Digital Platforms, Imperialism and Political Culture, Londres: Taylor & Francis: Routledge , 2015 https://www.researchgate.net/publication/282947828_Digital_Platforms_Imperialism_and_Political_Culture
Jin, Dal Yong. Netflix’s effects on the Korean Wave: power relations between local cultural industries and global OTT platforms. ASIAN JOURNAL OF COMMUNICATION 2023, VOL. 33, NO. 5, 452–469
SPAULUCCI, Neusa. Jornal Propmark Especial Streaming, n. 58,24 de Abril 2023, p.18
Zuboff, Shoshana – A era do capitalismo de vigilância, Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019