Ficha do Proponente
Proponente
- Felipe Lopes (ESPM-Rio)
Minicurrículo
- Mestre em Cinema e Audiovisual e Bacharel em Comunicação Social (Cinema) pela UFF; pós-graduado em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. Trabalhou com elaboração de políticas públicas de desenvolvimento da indústria e difusão audiovisual na Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Atualmente é distribuidor na Vitrine Filmes, presidente da Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes e professor da disciplina Distribuição e Exibição na graduação da ESPM-Rio.
Ficha do Trabalho
Título
- O papel da distribuição na política e na economia audiovisual nacional
Seminário
- Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.
Formato
- Presencial
Resumo
- Historicamente, a proposta de uma política integrada entre os diferentes elos da cadeia econômica não demonstra um aparente equilíbrio entre produção, distribuição e exibição. Este trabalho tem a distribuição como foco a análise histórica dos investimentos em distribuição, incluindo regras para utilização de recursos e os resultados; e o estudo de caso de como a distribuição é planejada e executada, com atenção especial ao orçamento de comercialização e avaliação do retorno sobre o investimento.
Resumo expandido
- A análise das políticas brasileiras demonstra que o audiovisual é uma atividade estratégica cultural e economicamente para o país. Somente considerando o âmbito federal, com base no Ministério da Cultura, a atividade conta com um órgão específico singular (Secretaria do Audiovisual – SAv), uma entidade vinculada (Agência Nacional de Cinema – ANCINE) e um órgão colegiado (Conselho Superior de Cinema – CSC) . Destaca-se, para este estudo, o papel da ANCINE, agência que regula, fomenta e fiscaliza a indústria cinematográfica e videofonográfica nacional, e seu objetivo de aumentar a competitividade desta “por meio do fomento à produção, à distribuição e à exibição nos diversos segmentos de mercado”, segundo a MP 2228-1/2001.
A criação da Ancine, no início do século XXI, aponta os segmentos da produção, distribuição e exibição como os elos da cadeia econômica do setor. Além do fomento, o marco legal aponta, dentre as competências da agência, “gerir o sistema de informações para o monitoramento das atividades da indústria cinematográfica e videofonográfica nos seus diversos meios de produção, distribuição, exibição e difusão” . Entende-se, portanto, a importância do fomento e também da análise de informações de diferentes segmentos para o desenvolvimento do audiovisual no país de forma eficaz.
Atualmente, mais de duas décadas após a criação da Ancine, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), criado pela Lei 11.437/2006, é a principal fonte de fomento ao cinema brasileiro independente. A política do FSA é definida por um Comitê Gestor que, além de definir as diretrizes e linhas de fomento no Plano Anual de Investimentos, deve acompanhar e avaliar anualmente as ações implementadas.
Apesar de as premissas legais e regulatórias da Ancine e do FSA apontarem esta integração entre três segmentos audiovisuais sem uma hierarquização ou priorização, a análise histórica de investimentos e indicadores de avaliação indicam gargalos mais acentuados na distribuição e na exibição, quando comparado à produção. Este estudo foca em aprofundar a análise de um dos elos: a distribuição. A partir do levantamento histórico e comparativo de dados das Chamadas Públicas do Fundo Setorial do Audiovisual, o foco na distribuição buscará demonstrar quando as políticas aprovadas pelo Comitê Gestor do FSA alcançaram resultados econômicos significativos, além de trazer luz para questões como diversidade e difusão. Esta proposta é motivada a partir de pesquisas anteriores que demonstraram a carência ou até mesmo ausência de indicadores que analisam o segmento da distribuição audiovisual no país. Soma-se a ausência de uma análise periódica clara e com ampla divulgação sobre o impacto dos investimentos feitos pelo Fundo.
Cumprida a análise destas políticas e considerando a vivência do autor também no mercado privado de distribuição, propõe-se o estudo de caso a partir de obras lançadas em diferentes janelas na última década para se discutir como as políticas e outras tendências econômicas de mercado interferem para definir o sucesso de um filme brasileiro independente. O orçamento de comercialização, investimento principal para se alcançar o público, é desconsiderado de diversas análises de eficácia da atividade – diferentemente do orçamento de produção. Quando comparamos com economias hegemônicas de cinema, como a hollywoodiana, as campanhas de lançamento são fundamentais para o objetivo de uma indústria que é estratégica para a nação. Um objetivo complementar e intrínseco ao primeiro é ampliar o debate público sobre novos indicadores para a política pública cinematográfica, com a análise de dados integrados a partir da política cultural e da economia audiovisual.
Bibliografia
- BAHIA, Lia, BUTCHER, Pedro e TINEN, Pedro. O setor audiovisual e os serviços de streaming: da necessidade de repensar a regulação e as políticas públicas in Revista Epetic. VOL. 24, Nº 3, SET.-DEZ. 2022.
CALABRE, Lia. Políticas públicas e indicadores culturais: algumas questões. In V ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura UFBa, Bahia, 2009.
CHALUPE DA SILVA, Hadija. O filme nas telas – a distribuição do cinema nacional. São Paulo: Ecofalante, 2012.
DOYLE, Gillian. Understanding media economics. Londres: SAGE Publications, 2002.
GALVÃO, Alex Patez. A cadeia de valor ramificada do setor audiovisual. Políticas públicas e regulação do audiovisual, In: DOS SANTOS, Rafael; COUTINHO, Angélica (Ed.). Políticas públicas e regulação do audiovisual. Editora CRV, 2012. v. 1, p. 27-58.
IKEDA, Marcelo. Utopia da autossustentabilidade: impasses, desafios e conquistas da Ancine. Editora Sulina, 2021.
KERRIGAN, Finola. Film marketing. Routledge, 2009.