Ficha do Proponente
Proponente
- Francieli Rebelatto (UNILA)
Minicurrículo
- Professora no Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Integração Latino-americana (UNILA). Doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF) onde desenvolveu uma tese sobre o cinema latino-americano contemporâneo e suas relações com os territórios de fronteiras, suas paisagens e personagens femininas. Diretora, roteirista e fotógrafa! Pesquisadora do grupo “Cinematografia, expressão e pensamento”
Ficha do Trabalho
Título
- Paisagem e território na direção de fotografia da série DNA do Crime
Seminário
- Estética e plasticidade da direção de fotografia
Formato
- Presencial
Resumo
- Nos últimos anos temos nos dedicado a analisar um repertório de imagens e imaginários que trazem para o centro da tela o território das fronteiras e suas paisagens. Em 2023 é lançada a série da Netflix DNA do Crime filmada em Foz do Iguaçu e cidades do Paraguai. Na série temos a possibilidade de ver em cena, mais uma vez, o território de fronteira que tem nos animado a outras análises. Quais são os recursos estéticos, desde a cinematografia, para aproximar o público deste território à margem?
Resumo expandido
- “A fronteira é um negócio difícil de entender. As pessoas acham que ela só existe para separar, mas a fronteira também mistura. Gente de tudo quanto é canto. O certo e o errado. Polícia e bandido. Numa guerra fodida que mata, deixando estrago para os dois lados.” (Narração de abertura da série DNA do Crime)
O texto acima é parte da narração de abertura do primeiro capítulo da série DNA do crime, sobre ela, vemos imagens que nos aproximam do território de fronteira, as margens das águas barrentas do Rio Paraná, o deslocamento da Ponte Internacional e sua paisagem, um mapa que nos localiza geograficamente neste pedaço de chão. A série DNA do Crime estreou recentemente, em 2023, na plataforma de streaming Netflix. O enredo acontece na fronteira trinacional entre Brasil, Argentina e Paraguai, em especial entre as cidades de Foz do Iguaçu, Ciudad del Leste e Pedro Juan Caballero, cidade localizada no nordeste do Paraguai e que faz fronteira com o Brasil, na cidade de Ponta Porã. A história tem o protagonismo de agentes da Polícia Federal Brasileira que precisam lidar com a investigação complexa que envolve um assalto de proporções épicas ocorrido no Paraguai.
Se trata de uma série que envolve ação policial, violência, estratégias de deslocamento e inserção neste território de fronteira trazendo à tona às especificidades territoriais que envolvem estes deslocamentos. As paisagens que marcam a região se destacam na tela, quais sejam, a presença dos grandes rios e do lago da Itaipu Binacional, as estradas do Paraná que cortam o avanço da soja e do agronegócio, bem como, as particularidades da paisagem urbana e humana que constituem a região.
Nos interessa, com este trabalho, uma primeira análise e aproximação às estratégias discursivas da direção de fotografia no sentido de potencializar as particularidades deste território e de suas paisagens. Seja na perspectiva da crítica ao uso exagerado, em vários momentos da narrativa de drone, por exemplo, ou as escolhas estéticas de uma câmera mais próxima ao ‘cotidiano’ local reencenado para a série ficcional. Ou seja, nos interessa pensar na ‘instância criativa’ da cinematografia (Oliveira, 2023) na potencialização de um espaço geográfico e seus contornos.
Nos últimos anos, temos nos dedicado a analisar um repertório de imagens e imaginários que trazem para o centro da tela o território das fronteiras e suas paisagens o que culminou em várias publicações de artigos e, principalmente, na tese intitulada “CINEMA E FRONTEIRAS: TERRITÓRIOS, PAISAGENS E MULHERES NO QUADRO CINEMATOGRÁFICO DE FILMES LATINO-AMERICANOS REALIZADOS ENTRE ARGENTINA, BRASIL, PARAGUAI E URUGUAI” defendida na UFF, em 2022. Por isso, consideramos que esta abordagem da série amplia nosso escopo de análise, ao mesmo tempo que enriquece este caminho de pesquisa que articula a centralidade do papel criativo da direção de fotografia no fazer cinematográfico, a impressão no quadro cinematográfico das fronteiras territoriais e suas paisagens (rural, urbana e humana). Seguimos adelante compondo um repertório de imagens e imaginários sobre as nossas fronteiras ao sul do nosso continente.
Bibliografia
- OLIVEIRA, Rogério Luiz. Memória e Criação na Direção de Fotografia Audiovisual. Multifoco, Rio de Janeiro, 2023.
REBELATTO, Fran. Cinema e fronteiras: territórios, paisagens e mulheres no quadro cinematográfico de filmes latino-americanos realizados entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da UFF, 2022.
__________________.Paisagens de fronteiras no cinema: a direção de fotografia dos filmes Mulher do pai (2016) e Pela janela (2017) In: Cinematografia Expressão e Pensamento.1 Ed. Appris, Curitiba. 2021, v.1, p. 139-160.
___________________.O transbordar do quadro fotográfico dos filmes paraguaios Ejercicio de la Memoria e Fuera de Campo: Memória e Território no Cinema In: Cinematografia Expressão e Pensamento (Volume I).1 Ed. Appris, Curitiba. 2019, v.1, p. 39-54.