Ficha do Proponente
Proponente
- Catarina Silva Bijotti (UNICAMP)
Minicurrículo
- Mestranda do programa de Multimeios da UNICAMP com o projeto “Além do pioneirismo: o cinema social e político de Adélia Sampaio”. Graduada em História pela USP e em Cinema e Audiovisual pela Anhembi Morumbi. Realizou uma Iniciação Científica pela ECA/USP relacionando História e Cinema. Participou da criação e elaboração de artigos para a revista “Câmara Escura”, voltada aos estudantes de Cinema da Universidade Anhembi Morumbi.
Ficha do Trabalho
Título
- A presença de Adélia Sampaio nos jornais: novos rumos de pesquisa
Seminário
- Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas.
Formato
- Presencial
Resumo
- A comunicação tem como objetivo difundir estudos sobre a presença de Adélia Sampaio na mídia brasileira a partir de uma pesquisa realizada em acervos digitais de jornais brasileiros. A importância da pesquisa em acervo e sua difusão se dá pela relevância da identificação de fontes primárias para a escrita da História do cinema brasileiro. Com o trabalho de fontes, as pesquisas sobre Adélia Sampaio podem ganhar novos rumos e, com isso, também novos significados.
Resumo expandido
- Os estudos sobre Adélia Sampaio ainda são recentes no Brasil. Resgatada em 2013 pela tese de Edileuza Penha de Souza, pesquisadores do cinema brasileiro passaram a, lentamente, inserir Sampaio cada vez mais na História e explorar a sua filmografia e trajetória. Dez anos depois da tese de Souza, entretanto, os estudos ainda são escassos e muitas vezes não exploram por completo a longa trajetória que Sampaio teve durante sua carreira no cinema.
Partindo deste ponto, foi realizada uma pesquisa em acervos digitais de jornais brasileiros para que novas fontes sobre Sampaio fossem apresentadas ao meio acadêmico e, se pertinentes, usadas como fontes para novos estudos sobre a pioneira. A pesquisa foi realizada majoritariamente na hemeroteca digital e teve como resultado a análise de 233 ocorrências presentes em 25 jornais de diversas regiões do país.
É possível dividir os resultados da pesquisa em quatro partes: a primeira abrange o início de sua carreira como produtora (1973-1982), a segunda aborda a produção e lançamento de Amor Maldito (1984), seu primeiro longa-metragem, a terceira trata de seu segundo longa-metragem, Fugindo do Passado (1987), e a crise do cinema brasileiro e, por fim, a última parte se relaciona com a sua redescoberta na década de 2010 e sua relação com o esforço pela escrita de um Cinema Negro Feminino brasileiro. As fontes apresentam dados não apenas sobre os filmes de Sampaio, mas também sobre o cenário de seu contexto.
Inserida em uma época de ascensão do Cinema de Mulheres, Sampaio foi durante o período muito associada com outras mulheres na direção pelos jornais. Tal fato se repete atualmente por pesquisadores. Seu longa-metragem Amor Maldito (1984), que trata do (até então não explorado no cinema) relacionamento homoafetivo entre duas mulheres é alvo de estudos que avaliam seu combate ao discurso patriarcal e conservador do período da Ditadura Militar (Cavalcante, 2017) (Bijotti, 2022). Tais ideias também podem ser percebidas em recortes de jornais encontrados do período de lançamento do filme.
Mas é apenas no período posterior à sua redescoberta que Sampaio é colocada de fato como uma mulher negra no cinema brasileiro e ocupa, a partir disso, um lugar importante para a construção recente do Cinema Negro Feminino. Tratamos o período como recente pois foi apenas na década de 2000 que uma nova geração de diretoras negras começa a preencher espaços no cinema brasileiro (Danddara, Lilian Solá Santiago, Viviane Ferreira e Sabrina Fidalgo para citar algumas) e na década de 2010 que os estudos sobre o Cinema Negro Feminino começam a ganhar maior expressão. Dessa maneira, com essa geração de cineastas que “tem grandes chances de alterar (…) o status atual das representatividades das mulheres negras no cinema brasileiro” (Oliveira, 2019, p. 49), Sampaio é resgatada constantemente e lembrada como pioneira como um meio desse Cinema Negro Feminino firmar suas raízes na História do Cinema Brasileiro.
Dessa maneira, se busca compreender o lugar que Adélia Sampaio ocupava no cinema brasileiro durante seus anos em atividade e a posição que ocupa atualmente. Assim, a pesquisa em acervos percorre toda a carreira da cineasta e seu período de redescoberta, tentando descobrir novos dados, analisar narrativas e despertar, com isso, novas ideias que possam aprofundar os estudos sobre a longa carreira de Adélia Sampaio no cinema brasileiro.
Bibliografia
- BIJOTTI, C. S. A trajetória de Adélia Sampaio no cinema brasileiro (1984-2017): críticas à sociedade conservadora. Epígrafe, v. 11, n. 1, p. 130, 2022.
CAVALCANTE, Alcilene. Cineastas brasileiras (feministas) durante a ditadura civil-militar. In: HOLANDA, Karla; TEDESCO, Marina Cavalcanti (orgs.). Feminino e plural: mulheres no cinema brasileiro. Campinas, SP: Papirus, 2017, 59-76.
OLIVEIRA, Janaína. Por um cinema negro feminino. In: LUSVARGHI, Luiza; SILVA, Camila Vieira da Silva (orgs.). Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018. 1. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2019, p. 37-52.
SOUZA, Edileuza Penha de. Cinema na panela de barro: mulheres negras, narrativas de amor, afeto e identidade. Brasília, 2013. 260. Tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Educação. Faculdade de educação. Universidade de Brasília.