Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Laura Loguercio Cánepa (UNIP)

Minicurrículo

    Laura Loguercio Cánepa é jornalista e pesquisadora de cinema. É doutora em Multimeios pela Unicamp (2008), com pós-doutorado na ECA-USP (2014). Em 2019, foi pesquisadora visitante na School of Languages, Cultures and Societies da Universidade de Leeds. É docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP.

Coautor

    Tiago José Lemos Monteiro (IFRJ)

Ficha do Trabalho

Título

    Panorama dos estudos do horror e do insólito no Brasil no século XXI

Seminário

    Estudos do insólito e do horror no audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    O trabalho tem como objetivo fornecer um panorama abrangente do estado atual dos estudos do horror e do insólito no cinema e no audiovisual no Brasil, destacando a evolução desses estudos ao longo das primeiras décadas do século XXI, seu impacto na cultura midiática brasileira contemporânea e o papel significativo que os encontros anuais da SOCINE vêm desempenhando nesse cenário.

Resumo expandido

    O horror, como gênero, tem definições instáveis e problemáticas. Desde seu surgimento na literatura do século XVIII até sua consolidação como um dos gêneros mais explorados pela indústria cultural, o horror tem sido objeto de intensos debates nas esferas literária, cinematográfica e cultural. Sua chegada às telas despertou abordagens variadas, desde a psicanálise até as ciências sociais, enriquecendo discussões sobre filosofia, psicologia, estudos culturais, teoria crítica, crítica feminista e literatura comparada.

    Nos últimos vinte anos, os filmes de horror têm despertado crescente interesse e debate cultural no Brasil, especialmente entre uma geração nascida a partir da década de 1970, imersa na cultura televisiva e alimentada por uma variedade de fontes de entretenimento, desde salas de cinema até produções caseiras. Muitos desses entusiastas transformaram sua paixão em profissão, contribuindo significativamente para a cena de horror através da produção artística, jornalismo e pesquisa científica. Essas iniciativas têm ampliado e legitimado o espaço do horror nos debates sobre arte, sociedade e cultura no país.

    Em paralelo à maior visibilidade que a produção audiovisual brasileira de viés insólito adquiriu ao longo da última década, nota-se que o interesse de setores da academia pelo horror, pela fantasia e pela ficção científica também registrou um aumento considerável. A adesão foi mais expressiva no âmbito dos estudos de cinema e audiovisual, mas também se fez notar no campo da Comunicação, dos Estudos de Mídia e a partir de perspectivas interdisciplinares.

    A primeira década do novo milênio assinalou o momento no qual se verificaram as primeiras investidas de pesquisadores brasileires em relação ao universo do insólito e do horror – cerca de duas décadas após a publicação de obras seminais em âmbito anglófono, portanto. De início, e em função do caráter ainda limitado do acesso a livros importados, o referencial bibliográfico desses trabalhos pioneiros conferia centralidade aos poucos textos encontrados em língua portuguesa, com evidente destaque para Noel Carroll e seu “A filosofia do horror”. A expansão do acesso a reflexões teóricas e conceituais menos cristalizadas favoreceu que os silêncios em relação à presença do imaginário horrífico na produção audiovisual brasileira também se tornassem alvo de estudos, com o insólito já sendo enquadrado a partir de uma nova perspectiva, em sintonia com pautas identitárias, políticas e socioculturais da contemporaneidade.

    Tendo em vista esse processo, o trabalho tem como objetivo fornecer um panorama abrangente do estado atual dos estudos do horror e do insólito no cinema e no audiovisual no Brasil, destacando a evolução desses estudos ao longo das primeiras décadas do século XXI. Para isso, serão examinados os trabalhos sobre o tema apresentados nos encontros da Socine desde 1999, a partir dos quais serão feitas observações sobre: os temas mais recorrentes; as bibliografias utilizadas; as cinematografias examinadas; as metodologias aplicadas.

Bibliografia

    ALTMAN, R. Film Genre. London: British Film Institute, 1998.
    CARROLL, N. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. Campinas: Papirus, 1999.
    CAUSO, R.S. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil (1875 a 1950). Belo Horizonte: UFMG, 2003.
    CHERRY, B. Horror. London: Routledge, 2008.
    COLEMAN, R.M. Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror. Rio de Janeiro: Darkside, 2019.
    SMITH, D.E. Queer Horror Film and Television: Sexuality and Masculinity at the Margins. IB Tauris, 2016.
    HUTCHINGS, P. The horror film. Edinburgh: Pearson Education Limited, 2004.
    JANKOVICH, M (Org.). Horror, the film reader. Londres: Routledge, 2002
    SOCINE.ORG (https://www.socine.org/publicacoes)
    WOOD, R.; LIPPE, R.; WILLIAMS, T.; BRITTON, A. American Nightmare: Essays on the Horror Film. Toronto: Festival of Festivals, 1979, p. 7-29.
    SHEARER, M.; KOZMAN, A. Women Make Horror: Filmmaking, Feminism, Genre. Rutgers University Press,