Ficha do Proponente
Proponente
- flavia yared rocha (ufrj)
Minicurrículo
- Flavia Yared é doutoranda em Artes da Cena na ECO-UFRJ; bolsista da CAPES, Mestre em Filosofia, Puc-RJ; possui DPEA em Architecture et Scenografphie, EACFD, France; é Arquiteta e Urbanista, UFPR. Como Cenógrafa atuou em diversos programas da TV Globo, entre eles a série Filhos da Pátria 2, o programa de humor Tá no Ar, a série A Formula e a novela Avenida Brasil. Como Diretora de Arte assinou o longa metragem Curitiba Zero Grau e o curta-metragem virtualidadereal.com.br.
Ficha do Trabalho
Título
- A Cenografia e o Espaço Cênico Visual na novela Avenida Brasil
Seminário
- Estética e teoria da direção de arte audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- O presente artigo trata do lugar da Cenografia na construção do espaço cênico visual de um programa de dramaturgia diária na TV Globo. Como caminho para este estudo, pretende analisar e descrever, a partir da novela Avenida Brasil, exibida em 2012, o papel dos profissionais que compõe a equipe artística na ausência da abordagem unificadora da espacialidade e visualidade da obra que é comumente criada pelo Diretor de Arte.
Resumo expandido
- O presente artigo tem como objetivo investigar o lugar da Cenografia na construção do espaço cênico visual de um programa de dramaturgia diária na TV Globo. Veremos que refletir sobre a Direção de Arte numa novela passa impreterivelmente por pensar a criação sob a perspectiva do processo industrial do qual a Cenografia faz parte atuando segundo características próprias e diferentes do cinema e do teatro.
Como caminho para este estudo, pretendo analisar, a partir da novela Avenida Brasil exibida em 2012 na TV Globo, como a visualidade de uma obra de colaborou para a construção de uma história. É preciso entender qual o papel da Cenografia na concepção e realização do espaço cênico televisivo colocando-o a serviço da experiência estética que permeia a imersão do telespectador em um lugar-visual significante essencial para a constituição da obra de audiovisual. É necessário pensar como o cenário em uma novela, em suas especificidades, dá subsídios para uma ação na presença da personagem, seja quando a acomoda fisicamente, seja quando serve de fundo para a sua existência. Por fim, ao entender a capacidade de abrangência da novela Avenida Brasil no imaginário dos telespectadores e verificar de que modo o espaço cênico visual corrobora o conceito de narrativa da nação (LOPES, 2003) e a constituição da identidade imagética.
O artigo busca refletir, a partir da novela Avenida Brasil, como se deu a concepção do espaço cênico visual na TV Globo na ausência da abordagem unificadora da espacialidade e visualidade da obra que é comumente criada pelo Diretor de Arte. Ao comparar o papel da Cenografia com o da Direção de Arte, apontar o que ela não considerou em suas atribuições, deixando partes importantes da constituição do universo visual para outros departamentos tais como Produção de Arte e Figurino. A escolha de Avenida Brasil vem do fato deste programa ser uma obra aberta cujos cenários participaram da construção da visualidade de um subúrbio carioca imaginário, porém verossímel, que idealizava a felicidade da classe C. Importante trazer a reflexão de como se deu o trabalho de criação dos departamentos de Arte dentro do processo de produção industrial de uma novela feito para atender às diversas demandas de produtividade, este sim um grande desafio no universo dos meios de comunicação de massa.
Para percorrer esse caminho, será necessário analisar a linguagem dessa forma de representação dentro de suas características específicas, e identificar relações estabelecidas entre o cenário e os outros elementos de significação do conjunto televisivo. É preciso compreender o papel do Diretor Artístico, Diretor de Fotografia, Cenógrafo, Figurinista, Produtor de Arte e Caracterizador para concluir como, nesta configuração sem Diretor de Arte, trabalha o tão conhecido tripé artístico. O artigo pretende refletir se o Diretor Artístico do programa atuou como o Diretor de Arte tal como conhecemos no cinema, se o Cenógrafo ou outro profissional desempenhou essa função, ou se ela foi exercida coletivamente por diversos departamentos. Descrever como se relacionam todos os departamentos de criação: Cenografia, Figurino, Caracterização e Produção de Arte; é fundamental para compreender o papel de cada uma dessas atividades na composição da visualidade da obra dentro de um processo industrial de trabalho. Concluiremos se os departamentos de Arte na TV Globo são responsáveis por interpretar exatamente o que o Diretor Artístico quer e solucionar os problemas práticos e técnicos para transformar sua ideia em algo concreto e se é possível a existência de Direção de Arte num processo de trabalho industrial de uma obra aberta.
Acredito ser importante romper a barreira que questiona a importância de se pensar o modo de ser e fazer do espaço cênico visual num veículo de comunicação de massa cuja produção tem escala industrial e utilizar esse questionamento a favor da reflexão crítica sobre essa atividade cujas imagens invadem nossas casas há gerações.
Bibliografia
- CARDOSO, João Batista Freitas. Cenário televisivo: linguagens múltiplas fragmentadas. Tese Doutorado. Puc-SP 2006
HAMBURGER, Vera. Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro. São Paulo: Ed. SENAC e Edições Sesc, 2014.
JACOB, Elizabeth M. Um Lugar para Ser Visto: a direção de arte e a construção da paisagem do cinema. Dissertação de Mestrado, UFF 2006.
JACOB, Elizabeth M. Espaço e Visualidade: a construção plástica do Brasil na obra cinematográfica de Luis Carlos Ripper, Tese de Doutorado, UFRJ, 2009.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Telenovela brasileira: uma narrativa sobre a nação. Comunicação & Educação, [S. l.], n. 26, p. 17-34, 2003. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/37469.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Pesquisa em comunicação. 7ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
MOURA, Carolina Bassi de. A direção e a direção de arte: construções poéticas da imagem em Luiz Fernando Carvalho. Tese de Doutorado, USP 2015.