Ficha do Proponente
Proponente
- Alexandre Figueirôa Ferreira (Sem instituição)
Minicurrículo
- Alexandre Figueirôa é Doutor em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Universidade Paris 3. É crítico, pesquisador de cinema e documentarista. Foi professor adjunto da Universidade Católica de Pernambuco e publicou, entre outros, os livros Cinema Pernambucano: uma História em Ciclos (FCCR, 2000) e Cinema Novo, a Onda do Jovem Cinema e sua Recepção na França (Papirus, 2004). Realizou cinco documentários com temas LGBTQIA+, entre eles Kibe Lanches (2017), Piu Piu (2019) e Consuella (2023).
Ficha do Trabalho
Título
- A força das personagens no cinema de Marcelo Gomes
Formato
- Presencial
Resumo
- Os filmes do cineasta pernambucano Marcelo Gomes, por meio de histórias centradas em personagens fortes, nos conduzem a questões importantes do comportamento humano estabelecendo reflexões sobre as relações interpessoais e o impacto dessas interações nas relações sociais e políticas.
Nesse trabalho mostramos como a força narrativa dos seus filmes está sedimentada na maneira como ele trabalha os protagonistas e os inscreve como o agente catalizador do universo social da trama apresentada.
Resumo expandido
- O cineasta Marcelo Gomes é um dos realizadores mais profícuos do cinema pernambucano na atualidade. Autor de três curtas e seis longas-metragens de ficção e documentários, teve seus filmes exibidos e premiados em festivais nacionais e internacionais, além de alcançar reconhecimento do público e da crítica especializada. Sua obra é merecedora de estudos aprofundados para mostrar a sua relevância no panorama cinematográfico brasileiro.
Os filmes de Marcelo Gomes são obras cujos conteúdos e abordagens trazem uma indiscutível contribuição ao pensamento audiovisual contemporâneo. Por meio de histórias centradas em personagens fortes e emblemáticos, o cineasta nos conduz a questionamentos importantes do comportamento humano e estabelece reflexões tanto sobre as relações interpessoais quanto sobre o impacto dessas interações nas relações sociais e políticas. Apesar do realismo no qual seu cinema está ancorado, Gomes não renuncia ao uso de uma linguagem audiovisual requintada. Ele valoriza uma poética da imagem cujo manuseio dos elementos da mise-en-scène proporciona um espetáculo fílmico de inequívoca beleza e de potência narrativa.
Marcelo Gomes é jornalista, estudou cinema em Bristol (UK) e foi um dos criadores do Cineclube Jurando Vingar na Fundação Joaquim Nabuco, precursor do atual Cinema da Fundação. Junto com Adelina Pontual e Cláudio Assis fundou a produtora Parabólica Brasil, onde produziu e realizou curtas e vídeos. Em 1995, realizou seu primeiro curta metragem Maracatu, Maracatus, prêmio de Melhor Filme no Festival de Brasília, e fez trabalhos para a televisão até partir para a produção de Cinema, Aspirinas e Urubus, seu primeiro longa-metragem.
De Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, em 2005, a Paloma (2022), Melhor Filme do Festival do Rio de 2022, passando por Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo (2009), feito em parceria com Karin Ainouz, e o contundente documentário Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (2019), entre outros, não é difícil perceber que Gomes se interessa por um cinema que busca novos caminhos narrativos, investigação da linguagem, investindo na poesia e no sentimento, e dando ênfase aos personagens como ele mesmo declarou em entrevista para a revista Cinética sobre Cinema, Aspirinas e Urubus. “ O meu cinema, o cinema que gosto de fazer, é um cinema muito de personagens“ (GOMES, 2008). Em seus filmes os personagens ocupam um espaço, um tempo, construído esteticamente de forma naturalista, quase documental. E é esse o principal aspecto que abordaremos nesse trabalho.
Nele, em primeiro lugar, apresentaremos um apanhado geral da produção fílmica de Marcelo Gomes, sem esquecer a relevância da parceria do diretor com a produtora REC Filmes e seu produtor João Vieira Junior, cuja visão do papel social do cinema foi fundamental para o êxito das obras realizadas. Esse levantamento servirá para contextualizar o realizador e dar uma visão geral do seu trabalho. Em seguida nos voltamos para a análise dos principais filmes realizados por Marcelo Gomes a partir de um arcabouço teórico construído com elementos conceituais de estudos de análise fílmica e de construção do personagem no cinema. O objetivo da análise, como ressalta Jacques Aumont, “é sempre chegar a uma explicação da obra analisada, ou seja, compreender a sua razão de existir” (AUMONT, 2001) e no contexto, da filmografia de Marcelo Gomes o modo de criação do personagem é um elemento fundamental desse processo. Com isso pretendemos, mostrar a dimensão alcançada pelo realizador em termos estéticos e de linguagem e, sobretudo, como a força narrativa dos seus filmes está sedimentada na maneira como ele trabalha os protagonistas e o inscreve como o agente catalizador do universo social da trama apresentada.
Bibliografia
- http://www.revistacinetica.com.br/entmarcelogomes.htm acessado em 27/03/2024
AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. L’analyse des films, Paris: Armand Colin, 2001.
BORDWELL, David. Figuras traçadas na Luz – a encenação no cinema. Campinas: Papirus, 2004.
DIB, André. “Esse filme é sobre solidão” in Revista Continente. Recife: CEPE, fevereiro/ 2014.
FIGUEIRÔA, Alexandre. Cinema pernambucano: uma história em ciclos. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000.