Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    MARIA VITORIA MIRON DULEBA (UNESPAR)

Minicurrículo

    Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; pós-graduada em Psicologia Social pelo Instituto Souza, mestranda pelo PPGAV Unespar e graduanda em Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Histórico Cultural e Psicopedagogia, atuando principalmente no seguinte tema: antimanicomial, saúde coletiva e neurodiversidade. e na área de artes com pesquisa em cinema e história da arte.

Ficha do Trabalho

Título

    O sagrado contra-hegemônico em Glauber Rocha e Hélio Oiticica.

Formato

    Presencial

Resumo

    A pesquisa concentra-se na análise dos possíveis pontos de aproximação na dessacralização da religiosidade e cinema tradicional em Barravento (1962), de Glauber Rocha; e a dessacralização do ambiente museológico e conceito de obra de arte em Parangolés (1964-1979) de Hélio Oiticica. Busca-se compreender as potencialidades, limites e contradições das artes visuais e cinema como ferramentas críticas de ideologias hegemônicas, analisando as obras em questão a partir da história social da arte.

Resumo expandido

    A pesquisa concentra-se na análise dos possíveis pontos de aproximação e/ou diferenças conceituais e práticas entre duas obras e autores de diferentes movimentos e formas de arte: as propostas de dessacralização da religiosidade dogmática e do cânone do cinema estrangeiro tradicional na obra cinematográfica Barravento (1962), do diretor brasileiro do Cinema Novo, Glauber Rocha (1939-1981), e a dessacralização e questionamento do ambiente museológico tradicional e do conceito de obra de arte no conjunto de obras Parangolés (1964-1979) de Hélio Oiticica (1937-1980), artista plástico experimental do Tropicalismo. A motivação para a pesquisa ocorre pela percepção de semelhanças nos processos e motivações das obras e autores citados. O ponto de partida de ambas as obras envolverem a vivência material dos autores nas comunidades sobre as quais a comunidade de pescadores de Buraquinho, em Barravento (1962), e o Morro da Mangueira, em Parangolés (1964). Além deste fator, é possível perceber encontros em suas discussões, ao considerarem a potência do protagonismo e a conscientização política e artística das populações marginalizadas, questionando o academicismo, e protestando contra a alienação e a sacralização da produção artística valorizada somente nos locais e formas hegemônicas (nos grandes centros urbanos, museus e galerias). Enquanto objetivos do trabalho, busca-se compreender as potencialidades, limitações e contradições das artes visuais e do cinema como ferramentas de decolonialidade e crítica das ideologias hegemônicas dentro do mercado da arte, analisando os exemplos dos movimentos do Cinema Novo e Tropicalismo a partir de suas remodelações e questionamentos do que é e pode ser tido como “sagrado” na arte e na vida da população brasileira. Para tais objetivos, pretende-se serem realizadas análises das obras dos autores, a partir de Ismail Xavier (1980), Helton Santos Gomes (2014), Celso Favaretto (1992) e Carla Benassi (2007), além de buscar críticas e análises das obras em questão; à luz da história social da arte como método para aprofundar-se sobre as temáticas, possibilitando o estudo mais amplo de seus contextos histórico-sociais e sintetização de possíveis pontos de encontro/desencontro e potencialidades teóricas e práticas para o cinema e as artes visuais.

Bibliografia

    ABIB, P.R. J. A cultura popular no cinema de Glauber Rocha:“Barravento” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. O olho da história, v. 12, p. 1-6, 2010.
    BENASSI, C. Parangolés e bólides caixas: o debate entre a institucionalização da arte, o projeto estetizante no modernismo nacional e o momento sóciopolíticocultural brasileiro sintetizados na obra de Hélio Oiticica. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 3, p. 83–91, 2007.
    FAVARETTO, C. A Invenção de Hélio Oiticica. São Paulo: EDUSP, 1992.
    GOMES, H. S. Política e engajamento: reflexões acerca da religiosidade em Barravento de Glauber Rocha. 2014. 269 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014.
    LÖWY, M. Marxismo e religião: ópio do povo?. Problemas e perspectivas. 2007.
    XAVIER, I. Barravento: Glauber Rocha 1962, alienação vs. identidade. Discurso. 53-86. 10.11606, 1980.