Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Arthur Benfica Senra (IFB / UnB)

Minicurrículo

    Mestrando em Comunicação pela UnB com pesquisa em curadoria em cinema. É especialista em Processos Criativos em Palavra e Imagem (2013) pela PUC Minas, graduado em Comunicação Social com ênfase em Cinema e Vídeo (2010) pelo Centro Universitário UNA. É diretor e montador. De 2016 a 2018 foi programador e curador do Sesc Palladium em Belo Horizonte. Coordenou a curadoria e programação do Festival Curta Brasília (2019 e 2020). Atualmente é professor de audiovisual no Instituto Federal de Brasília.

Ficha do Trabalho

Título

    Curadorias de filmes: seletivas e propositivas

Seminário

    Festivais e mostras de cinema e audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Parte da pesquisa de mestrado na UnB, esta investigação examina a curadoria em cinema, destacando sua natureza dual: propositiva e seletiva. Argumenta que a seleção de filmes é inerentemente propositiva, integrando-se à prática curatorial. Destaca o poder da curadoria em promover filmes e estimular debates, e enfatiza a importância da diversidade de profissionais envolvidos. Considerando que uma curadoria mais propositiva estimula um público ativo e contribui para o desenvolvimento do cinema.

Resumo expandido

    A pesquisa propõe o aprimoramento dos conceitos e características de curadoria em cinema, considerando-os como processos tanto propositivos quanto seletivos, que operam de forma simultânea sem se anularem. Dependendo das decisões curatoriais, elas podem alternar entre ser mais propositivas ou mais seletivas.
    As características que definem uma curadoria mais seletiva estão relacionadas a um papel menos rigoroso em relação aos critérios de seleção, conforme discutido por Hoffman (2017) ao abordar os novos usos banalizados do termo, e com relação a ideia de curadoria lato sensu proposta por Adriano Garret (2020). Contudo, ser mais seletiva não exclui a natureza propositiva da curadoria, uma vez que a própria seleção implica em uma proposta. Programar filmes é, de fato, um ato de proposição implícito na curadoria de cinema. Nessa perspectiva, consideramos que a programação é parte integrante da prática curatorial, eliminando assim a distinção entre programador e curador, pois ambos estão envolvidos na função final da curadoria, que é a exposição. Assim como na expografia, a programação de filmes oferece uma rota sugerida ao espectador, possibilitando o acesso à curadoria conforme planejada, dentro do espaço de exibição.
    A curadoria detém um poder significativo ao proporcionar visibilidade e destacar filmes que merecem ser vistos, revistos e imaginados/projetados. Isso é alcançado por meio de pesquisa, escrita, debates e um processo de seleção de conjuntos de filmes relacionados para refletir sobre temas, estéticas e sociedade, considerados relevantes pelos curadores e que os instigam. Uma curadoria propositiva assemelha-se à criação artística, ao reunir filmes que estimulam um público mais ativo e menos passivo, além de contribuir para os debates, a produção intelectual e o estímulo de novas propostas temáticas e estéticas nos filmes.
    A diversidade de profissionais envolvidos na curadoria de filmes amplia as possibilidades do trabalho curatorial, expandindo os critérios de seleção, organização e proposição de conjuntos de filmes. Quando uma curadoria é mais propositiva, as obras escolhidas não dependem necessariamente de uma urgência de seleção, como ocorre, por exemplo, em resposta a um edital de inscrições para um festival. Elas refletem mais o resultado de um processo, seja ele de pesquisa ou de reparação, através da abordagem dos filmes com o objetivo de potencializá-los em um desenho de programação que esteja atento às suas qualidades.

Bibliografia

    ANJOS, Moacir dos. Para um glossário sobre curadoria. In: RODRIGUES, Laécio Ricardo de Aquino (org.). Crítica e curadoria em cinema [livro eletrônico]: múltiplas abordagens. Belo Horizonte, MG: Fafich/PPGCOM/UFMG, 2023.
    CAMPORESI, Enrico. Curadoria de filmes e obsolescência tecnológica. In: FURTADO, Beatriz; DUBOIS, Philippe. Pós-fotografia, pós-cinema: novas configurações das imagens. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
    GARRETT, Adriano. A curadoria em cinema no Brasil contemporâneo: festivais de cinema e o caso da Mostra Aurora (2008-2012). 2020. 176 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação), Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.
    HOFFMANN, Jens. Curadoria de A a Z / Jens Hoffmann; tradução João Sette Camara. 1. ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2017.
    MENOTTI, Gabriel (org.) Curadoria, cinema e outros modos de dar e ver. Vitória, ES: EDUFES, 2018.
    SOUTO, Mariana. Constelações fílmicas: um método comparatista no cinema. Galáxia, São Paulo, n. 45, p. 153-165, dez.2020.