Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Andréia de Lima Silva (UFF)

Minicurrículo

    Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui mestrado em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Jornalismo Cultural na Contemporaneidade, também pela UFMA. É graduada em Jornalismo pela mesma instituição. Atualmente é jornalista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). É bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (FAPEMA).

Ficha do Trabalho

Título

    Distribuição de filmes no Maranhão: o percurso ao longo do século XXI

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.

Formato

    Presencial

Resumo

    No Maranhão, o século XXI marcou a entrada da produção de longa-metragem de ficção e, com isso, a inserção desses filmes no circuito das salas de cinema. Foram 15 produções distribuídas comercialmente. No segmento distribuição, identificamos que o tipo que dominou nesse mercado foi a distribuição própria, realizada informalmente (sem registro das obras). Entre as distribuidoras independentes, que operam nacionalmente, destacamos a atuação da Lume Filmes e a entrada da O2 Play e da Elo Company.

Resumo expandido

    O século XXI marcou uma série de mudanças no mercado cinematográfico do estado do Maranhão. Dentre elas, uma merece destaque: a entrada da produção local no circuito comercial de cinema, dentro e fora do estado, por meio do longa-metragem de ficção. Se nas décadas anteriores esse produto possivelmente nem existia no mercado regional, nos anos 2000 ele passou não só a existir como a apresentar, para alguns desses filmes, dados que competiam até mesmo com os longas distribuídos pelas majors. Nesse período (2000-2022), catalogamos 15 longas-metragens ficcionais distribuídos em salas comerciais de cinema.
    No segmento distribuição, identificamos que o tipo de distribuição que dominou esse mercado no período analisado foi a distribuição própria, realizada informalmente (sem registro das obras). Das 10 empresas que trabalharam na distribuição dos longas de ficção, seis são produtoras que atuaram como distribuidoras. No segmento distribuição própria as empresas que se destacaram foram a Raça Ruim filmes e a TvM Filmes. As duas distribuidoras começaram informalmente e o processo de formalização veio impulsionado pela grande repercussão que seus trabalhos tiveram no mercado local.
    A Raça Ruim foi uma das responsáveis pela distribuição dos quatro filmes da franquia Muleque té doido!, de Erlanes Duarte. Os dois primeiros filmes da franquia fizeram juntos, aproximadamente, um público de 85 mil pessoas. Na bilheteria local, o primeiro filme desbancou, em nível regional, filmes distribuídos no estado pela Fox e Disney. Já o segundo longa, que ficou na 25ª posição entre os filmes brasileiros mais vistos em 2016, teve privilégio nas salas de cinema de São Luís em relação ao filme Doutor Estranho, distribuído pela Disney. Anos antes, em 2007, a TvM Filmes distribuiu em poucas salas de cinema do Maranhão e do Piauí o filme Ai que vida!, de Cícero Filho. Na época a imprensa noticiou que o longa fez mil espectadores em menos de uma semana em cartaz, superando a bilheteria de Harry Potter e a Ordem da Fênix, distribuído pela Warner.
    No segmento distribuidoras independentes maranhenses que atuaram na distribuição comercial dos filmes locais no período estudado, temos a Lume Filmes, empresa que trabalha nas três pontas da cadeia produtiva, e a Matraca, que atuou pontualmente da distribuição do maior blockbuster do mercado cinematográfico local, o filme Muleque té doido 2 – A Lenda de Dom Sebastião (2016), de Erlanes Duarte. Como distribuidoras, as empresas têm perfis diferentes: enquanto a Lume, no segmento distribuição, tem o olhar voltado para as produções externas, sendo os únicos filmes maranhenses distribuídos pela empresa os filmes de seu mentor, Frederico Machado; a Matraca busca conexões com o mercado local no campo da produção.
    Um outro dado relevante neste segmento foi a introdução, a partir de 2021, de distribuidoras independentes, mas de atuação nacional (O2 Play e Elo Company), que se inseriram no mercado cinematográfico local. A entrada dessas empresas revela que essas distribuidoras identificaram um potencial mercadológico em algumas obras locais que antes não existia, ou era inexplorado.
    Notamos, portanto, que se inicialmente havia uma predominância da informalidade e de um consumo interno da produção local, ao longo dos anos, esse cenário foi mudando e novos atores foram surgindo. As últimas produções já contam com uma preocupação maior dos produtores com a formalização de seus filmes. Uma mudança que sinaliza uma vontade de buscar novos espaços de circulação.

Bibliografia

    BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. Org. coleção Lia Calabre. São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012.
    BUTCHER, Pedro. Hollywood e o mercado cinematográfico brasileiro: Princípio(s) de uma hegemonia. 2019. Tese (Doutorado em Cinema) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Arte e Comunicação Social, Niterói, 2019.

    IKEDA, M. Distribuição de longas-metragens brasileiros a partir das leis de incentivo (1995-2007): um panorama. In: FABRIS, M. et al. (orgs.). Estudos de Cinema e Audiovisual Socine. São Paulo: X Socine 2010, v. 10, p. 89-104.

    LOBATO, R. Subcinema: Theorizing Marginal Film Distribution. Limina – a journal of historical and cultural studies. v. 13, p. 113-120, 2007.

    SILVA, H. C. da. A distribuição do filme nacional: considerações acerca de cinco filmes lançados em 2005. 2009. Dissertação (mestrado). Universidade Federal Fluminense – Instituto de Arte e Comunicação Social, Niterói, 2009a.