Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Eduardo Tulio Baggio (Unespar)

Minicurrículo

    Professor associado da Unespar. Pós-doutorando pelo PPGCOM da UFC. Integrante do GP Cinecriare (Unespar/CNPq), do GT Teoria dos Cineastas da AIM e da Rede de Pesquisa Teoria de Cineastas. Um dos organizadores dos livros: Teoria dos Cineastas (Vols.1, 2 e 3), Cineastas do Paraná: Primeiros Tempos, e Filmmakers on Film: Global Perspectives. Autor do livro Documentário: filmes para salas de cinema com janelas. Diretor de documentários, entre os quais: João & Maria (2016) e A Alma do Gesto (2020).

Ficha do Trabalho

Título

    Cineastas e trabalho coletivo: Wilssa Esser e André Novais Oliveira

Seminário

    Estética e plasticidade da direção de fotografia

Formato

    Presencial

Resumo

    Tomando a noção de cineasta a partir da Teoria de Cineastas e a noção de processo de criação artística trabalhada pela Crítica de Processo, a comunicação aborda aspectos relativos aos atos criativos, ao sentido colaborativo inerente a tais atos e ao contexto para tratar da dimensão do trabalho coletivo na realização do filme Temporada (2018). Serão destacados aspectos do trabalho de Wilssa Esser, diretora de fotografia do filme, e de André Novais Oliveira, roteirista e diretor do filme.

Resumo expandido

    Partindo do conceito de cineasta que defende que cineastas são todas as “pessoas envolvidas na produção de um filme que tenham atividades criativas” (BAGGIO, GRAÇA & PENAFRIA, 2015, p. 25) e da perspectiva de que processos de criação artística se desenvolvem enquanto redes de criação (SALLES, 2008), a comunicação pretende abordar o trabalho de dois cineastas que atuaram criativamente no filme Temporada (2018): Wilssa Esser, diretora de fotografia, e André Novais Oliveira, roteirista e diretor. Tal abordagem visa destacar o trabalho coletivo na realização do filme e, neste caso, especificamente as relações que envolvem os dois cineastas em questão, notadamente para a composição estética e plástica da cinematografia do filme.
    A noção de trabalho coletivo aqui apresentada se refere a uma dimensão do processo de criação artística que dialoga diretamente com a ideia do fazer artístico ligado ao mundo do trabalho, ou seja, de que o mundo e os valores da arte não estão apartados do mundo e dos valores do trabalho. Como afirma Fayga Ostrower: “Retirando à arte o caráter de trabalho, ela é reduzida a algo de supérfluo, enfeite talvez, porém, prescindível à existência humana.” (OSTROWER, 2014, p. 31). Tal noção, dialoga também com uma perspectiva de trabalho em Artes que busque mais pluralidade, como considerou Pauline Kael: “Acredito que respondemos mais e melhor ao trabalho em qualquer forma de arte (e a outras experiências também) se formos pluralistas, flexíveis, relativos em nossos julgamentos, se formos ecléticos.” (KAEL, 1963, p. 21). Ainda, a noção de trabalho coletivo aqui tomada, evoca o processo de criação artística entendido como texto e não como obra fechada, ou seja, como redes de criação trançadas em equipe, de maneira colaborativa, relacional e contextualizada. Nas palavras de Cecilia Salles: “Essa visão do processo de criação nos coloca em pleno campo relacional, sem vocação para o isolamento de seus componentes, exigindo, portanto, permanente atenção a contextualizações e ativação das relações que o mantêm como sistema complexo.” (SALLES, 2008, p. 22).
    Tendo como bases premissas da Teoria de Cineastas e da Crítica de Processo, serão tomados enquanto objetos de análise o filme Temporada (2018), roteirizado e dirigido por André Novais Oliveira e fotografado por Wilssa Esser; o livro Roteiro e diário de produção de um filme chamado Temporada (2021), escrito por André Novais Oliveira; e entrevistas concedidas por Wilssa e por André. A partir desses objetos e das noções conceituais elencadas anteriormente, serão apresentadas considerações analíticas a cerca da dimensão do trabalho coletivo no filme Temporada (2018) e como se deu a criação estética e plástica da cinematografia ao considerarmos: 1) o caráter de trabalho envolvido nessa produção artística; 2) a pluralidade e a flexibilidade nos atos criativos dos cineastas abordados; e 3) a colaboração e o contexto que envolvia esses cineastas na rede de criação do filme.

Bibliografia

    BAGGIO, Eduardo Tulio; GRAÇA, André Rui; PENAFRIA, Manuela. Teoria dos cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema. Revista Científica / FAP, v. 12 (jan./jul., 2015). – Curitiba: FAP, 2015.
    IRIS PODCAST. Wilssa Esser, DAFB – Cinematografia em Curtas Metragens. Podcast. Disponível em: Spotify. Acesso em: 26 mar. 2024.
    KAEL, Pauline. Circles and Squares, in Film Quarterly, pp. 12-26, vol. 16, nº 3, (Spring, 1963).
    OLIVEIRA, André Novais. Roteiro e diário de produção de um filme chamado Temporada. Belo Horizonte: Javali, 2021.
    OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2014.
    RATO, Raquel. Cineasta versus diretor de fotografia – a preparação da filmagem: entrevista a Teresa Villaverde. História Oral, v. 19, n. 2, p. 187-205, jul./dez. 2016
    SALLES, Cecilia Almeida. Redes da criação: a construção da obra de arte, São Paulo: Horizonte, 2008.
    TEMPORADA. Direção: André Novais Oliveira. Produção de Filmes de Plástico. Brasil: Distribuição: Vitrine Filmes, 2018.