Ficha do Proponente
Proponente
- Cristiane da Silveira Lima (UFSB)
Minicurrículo
- Doutora em Comunicação Social (UFMG) e professora da UFSB. Coordena o programa de extensão Imagina! Circuito Permanente de Audiovisual e o F.EST.A – Festival Estudantil de Audiovisual (CFAC/UFSB). Atuou na organização, curadoria e/ou júri em festivais como F.EST.A, FEVUEM – Festival de Vídeos da UEM; MAFUÁ – Mostra do Filme Universitário e Amador, forumdoc.bh, MAUAL – Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina – UFMT e MUÍDO – Festival de Cinema de Campina Grande.
Ficha do Trabalho
Título
- Festival Estudantil de Audiovisual: dinâmicas e (des)continuidades
Seminário
- Festivais e mostras de cinema e audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- A partir da experiência de realização de cinco edições do F.EST.A – Festival Estudantil de Audiovisual (CFAC/UFSB), buscaremos refletir sobre a potência e os desafios de um projeto de extensão comprometido com a criação de circuitos alternativos de exibição na região do Sul da Bahia em diálogo com a educação básica. O trabalho descreve a dinâmica do projeto, explicita suas contribuições para o território e elenca as principais dificuldades encontradas para a continuidade do festival.
Resumo expandido
- Neste trabalho, propomos refletir sobre a importância e as especificidades dos circuitos independentes de exibição cinematográfica em contextos distantes das grandes metrópoles, tomando como ponto de partida a experiência de realização das cinco primeiras edições do F.EST.A – Festival Estudantil de Audiovisual, projeto vinculado ao programa de extensão Imagina! Circuito Permanente de Audiovisual, em atividade desde 2018 na Universidade Federal do Sul da Bahia (Porto Seguro – Bahia). Embora não se trate de um tema novo, posto que já existem importantes trabalhos mapeando os circuitos de festivais no estado da Bahia (Vieira e Gusmão, 2017; Gusmão e Cotrim, 2021), acreditamos que relatar essa experiência pode ser útil, pois além de mais recente trata-se de um festival que não encontra equivalência em todo o território de abrangência desta jovem universidade. A UFSB foi criada em 2013 em um contexto de expansão das universidades públicas brasileiras e cuja expectativa primeira era de ser uma universidade inclusiva, plural, ancorada nas vivências e comunidades de seu território, fortemente comprometida com a educação básica e com o desenvolvimento humano da região. O festival alinha-se plenamente à proposta política que animou a criação da UFSB, sendo realizado a cada ano em parceria com uma escola da rede pública.
O projeto de extensão surgiu no contexto de criação e implementação de novos cursos de Artes no campus, buscando a uma só vez estimular a produção e a circulação audiovisual dos/as estudantes e contribuir para dinamizar a vida cultural da cidade, instaurando espaços de sociabilidade e de trocas mediadas pelos encontros proporcionados pelo cinema. Assim, o festival pretendia ser uma espécie de janela para as produções da própria universidade, mas também que permitisse aos/às discentes e à comunidade em geral assistirem a produções de outros lugares. De caráter não-competitivo, o festival recebe filmes no formato de curta-metragem com duração de até 20min produzidos por jovens realizadores/as oriundos de instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, de Ensino Médio, Técnico, Graduação ou Pós-graduação, de todo o estado da Bahia, nas categorias ficção, documentário, animação e experimental. Nesse sentido, ele joga luz em uma produção existente mas que fica em uma zona de sombra: a produção audiovisual estudantil, amadora, feita com recursos precários, em contextos de baixíssimo orçamento e que muitas vezes só circula no ambiente educacional que a propiciou.
À medida que os anos se passaram, o F.EST.A foi se consolidando dentro da universidade e na região de Porto Seguro, ampliando consideravelmente seu leque de ações e articulações no território (Lima, 2022). Se por um lado, esse percurso revela a potência e o êxito da experiência de realização de um festival nesses moldes, por outro, a equipe organizadora hoje vem enfrentando muitas dificuldades para dar continuidade ao projeto. O festival conta hoje com apoio institucional e financeiro insuficientes para a sua plena realização, o que resultou na decisão da equipe pela sua não realização em 2024. Se “apenas a análise econômica sobre os festivais não nos leva muito longe na tarefa de compreendê-los” (GUSMÃO e COTRIM, 2021, p.140), é preciso também ponderar que as condições materiais de trabalho são essenciais para que as práticas de cinema descentralizadas e capilarizadas no território possam se sustentar a médio e longo prazos. Como dar continuidade às dinâmicas do cinema em contextos de políticas culturais descontínuas e fomento praticamente inexistente?
Bibliografia
- ARAÚJO, Cíntia Langie. Cinescrita das salas universitárias de cinema no Brasil. Denise Bussoletti, orientadora. Tese (Doutorado) — Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2020.
CESAR, Amaranta [et. al.]. (org.). Desaguar em cinema: documentário, memória e ação com o CachoeiraDoc. Salvador : EDUFBA, 2020.
GUSMÃO, Milene de Cássia Silveira Gusmão e COTRIM, Tamara Chéquer. Festivais e mostras de cinema e audiovisual na Bahia: entre trajetórias e práticas de formação cultural. Revista Rebeca. v.10, n.2, Jul-Dez 2021. pp.123-149.
LIMA, Cristiane da Silveira (Org). Imagina!: cinema, território e educação. Rio de Janeiro: Telha, 2022.
VIEIRA, Mariella Pitombo; GUSMÃO, Milene de Cássia Silveira. O mercado audiovisual brasileiro, o circuito alternativo de exibição, as mostras e festivais de cinema na Bahia contemporânea. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, Vol. 53, N. 1, p. 36-45, jan/abr. 2017.