Ficha do Proponente
Proponente
- Rodrigo Cazes Costa (UFF)
Minicurrículo
- Graduado em Direito pela UFRJ, em Cinema pela Estácio de Sá, Mestre e Doutor em Estudos de Literatura pela PUC-Rio. Professor Adjunto do Curso de Produção Cultural da UFF em Rio das Ostras. Desenvolve pesquisa sobre gêneros narrativos no audiovisual brasileiro contemporâneo, em especial nos streamings de vídeo (VoDs). Coordenador do projeto de extensão Cineclube Cinema Brasileiro de Gênero.
Ficha do Trabalho
Título
- Série de horror brasileiras em VoDs nacionais não-segmentados
Formato
- Presencial
Resumo
- Este trabalho tem por objetivo analisar narrativas seriadas brasileiras de horror em VoDs não-segmentados no Brasil. VoDs não-segmentados são aqueles cuja programação busca atingir a todos os tipos de público. A hipótese é que mesmo esse VoDs não sendo destinados especificamente ao público de horror eles reconhecem a importância do gênero e seu público. Como os gêneros narrativos são um fenômeno não só estético, mas também sócio-histórico, a importância de haver produções nacionais de horror.
Resumo expandido
- O horror (CARROLL,1999) é um gênero narrativo bastante presente em cinematografias como a dos Estados Unidos, Itália, México, Grã-Bretanha, etc. Aliando baixo custo de produção a uma grande popularidade, o gênero, mesmo quase sempre sendo visto pela crítica como algo menor, a partir do advento do cinema sonoro foi uma presença constante na busca pelo público. No entanto, na história do cinema e do audiovisual brasileiros o horror foi um gênero muito pouco presente. Mesmo ao pensar o gênero em uma perspectiva ampliada (CANÉPA, 2008) destaca-se a figura de José Mojica Marins e seu personagem Zé do Caixão, cuja influência no gênero hoje é mundial e pouco mais. Esse panorama iria se modificar a partir dos anos 2000 quando começam a ser lançados nos cinemas produções de horror brasileiras de forma mais regular, mesmo que nem sempre assumam frontalmente o diálogo com o gênero (CANÉPA, 2016). Mojica retornou com seu Encarnação do demônio (2008) e uma nova geração de cineastas dedicada ao gênero apareceu no país. Tanto aqueles dedicados a ele de uma forma mais ortodoxa (Rodrigo Aragão, Dennison Ramalho, Gabriela Amaral) quanto aqueles que pegam emprestado elementos do horror para as suas narrativas (Juliana Rojas, Marco Dutra, Anita da Silveira). Essa nova fase das produções brasileiras audiovisuais de horror teve seu início nos cinemas, mas, posteriormente, também se estendeu aos VoDs. O objetivo aqui é analisar narrativas seriadas brasileiras de horror em VoDs não-segmentados no Brasil VoDs não-segmentados são aqueles cuja programação, a exemplo da estratégia de programação da TV aberta, busca atingir a todos os tipos de público. A hipótese é que mesmo esse VoDs não sendo destinados especificamente ao público de horror eles reconhecem a importância do gênero e seu público. E, além da importância do gênero e seu público, como os gêneros narrativos são um fenômeno não só estético, mas também sócio-histórico (ALTMAN,1999), a importância de haver produções nacionais de horror para o público brasileiro desses VoDs. No meio dessa variedade de estilos de programas as narrativas seriadas de horror nacional também aparecem. Aqui analiso cinco séries que estão em alguns dos principais VoDs não-segmentados brasileiros. O que há em comum entre essas séries, além do gênero horror e seus subgêneros, é nenhuma ter passado da segunda temporada. Spectros, Netflix, 2020. A série, que se passa no Bairro da Liberdade em São Paulo, só teve uma temporada exibida, com sete episódios. Classificada pelo VoD como “terror” e em outras fontes como “suspense sobrenatural” a série teve uma péssima recepção de crítica e público. Outra série de horror brasileira do Netflix foi Reality Z, classificada no VoD como terror. Assim também foi recepcionada em outras fontes. Do subgênero “apocalipse zumbi” a série se passa no Rio de Janeiro. A série também foi mal avaliada pela crítica e pelo público, durando apenas uma temporada de dez episódios. Suplicium é uma série de horror brasileira do VoD Amazon Prime, produzida em Pernambuco. A série possui o formato de antologia, em que cada episódio narra uma história diferente. É classificada no VoD como terror. A série teve uma temporada com seis episódios. Insânia é uma série do Star+ cuja única temporada foi exibida em 2021, cuja única temporada teve oito episódios. A série foi removida do VoD o que levanta a discussão sobre memória e preservação audiovisual desse tipo de janela de exibição. Em algumas fontes a série é classificada como suspense psicológico ou somente suspense. Desalma é uma série de horror da Globoplay que no VoD é classificada como drama. Em outras fontes a série é classificada como “terror” e “suspense sobrenatural”. A série, que se passsa numa pequena cidade do sul do Brasil, traz a ambientação gótica para narrar a história do desaparecimento de uma moça em meio a uma festa da comunidade eslava. A série teve duas temporadas, cada uma com dez episódios e contou com boa aprovação de público e crítica.
Bibliografia
- ALTMAN, Rick. Film/Genre. Londres: BFI, 1999.
CÁNEPA, L. L. Configurações do horror cinematográfico brasileiro nos anos 2000: continuidades e inovações. In: CARDOSO, J. B. F.; SANTOS, R. E. (orgs.). Miradas sobre o cinema ibero latino-americano contemporâneo São Caetano do Sul: USCS, 2016. p. 121-144.
CANEPA, Laura. Medo de quê? Uma história do horror nos filmes brasileiros. Tese (Doutorado em Multimeios) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas 2008.
CARROL, Nöel. Filosofia do horror ou paradoxos do coração. Campinas, Papirus, 1999.
Panorama do mercado de vídeo por demanda no Brasil, Rio de Janeiro, ANCINE, 2022.
PEREIRA, Recio Maria Esther. Estratégias de diferenciação das plataformas de streaming: uma análise no mercado brasileiro. Brasília: UNB, 2021.
VANOYE Francis, GOLIOT-LÉTÉ Anne. Ensaio sobre a Análise Fílmica. Campinas: Papirus, 1994.