Ficha do Proponente
Proponente
- Ellen Alves Lima (UERJ)
Minicurrículo
- Mestranda pelo PPGCOM UERJ. Membra do “POPMID: Reflexões sobre Gêneros e Tendências em Produções Midiáticas” coordenado pelo prof. Dr. Yuri Garcia. Membra do “LABIM: Laboratório de Estudos do Imaginário” coordenado pelo prof. Dr. Erick Felinto. Graduada no curso de Cinema da UNESA. Foi bolsista da CAPES no primeiro ano e bolsista do Programa Nota 10 – Mestrado – FAPERJ no segundo ano. Realiza pesquisas sobre representatividade e diversidade nos filmes da Marvel Comics e DC Comics.
Ficha do Trabalho
Título
- They Hate Super-Heroine’s: Análise sociopolítica em The Marvels (2023)
Formato
- Presencial
Resumo
- Essa pesquisa busca apresentar dados da bilheteria de The Marvels e como esses foram impactados por fatores sociopolíticos do ano de 2023. O filme possui três heroínas (sendo uma mulher negra e uma jovem mulçumana). Essa perspectiva identitária implica em uma ruptura no imaginário hegemônico dos super-heróis. Assim, podemos relacionar o efeito desses fatores históricos na baixa bilheteria da obra. A partir de estudos relacionados a gênero e cinema, o projeto examina os efeitos políticos na obra.
Resumo expandido
- O Marvel Cinematic Universe obtém uma gama de filmes com números exorbitantes de bilheteria a partir de sua reconfiguração com The Incredible Hulk (2008). Ocupa quatro colocações no top dez bilheterias do mundo, com três filmes da franquia Avengers (2012, 2018 e 2019) e o filme Spiderman: No Way Home (2021). A maioria dos filmes foram protagonizados, dirigidos, roteirizados e produzidos por homens brancos, cis e héteros. A autora Mariana Vlacic adverte:
O gênero de super-herói, desde seu surgimento nos quadrinhos, é voltado ao público masculino por envolver atos heroicos e violência, aspectos associados à masculinidade. O papel relegado às mulheres, àquela época, era a de mocinha que precisava ser salva, à secretária, a amada que aguardava ansiosa pelo retorno do herói e as poucas exceções, como a personagem mulher-maravilha, quando eram as heroínas eram altamente sexualizadas pela maneira como eram apresentadas, seja pelo modo de se vestir ou a partir da narrativa desenvolvida insinuando fetiches sexuais. (VLACIC, 2022, p.74)
Além desse entretenimento conter essa demarcação de público-alvo, a indústria hollywoodiana também repercute desigualdade de gênero. A cineasta Ann Kaplan destaca em sua entrevista para a Denise Ferreira (2002) que a visão do mercado cinematográfico de Hollywood é marcadamente masculina.
As exceções como Black Panther (2018) e Captain Marvel (2019) passaram a surgir após manifestações sociais em grandes premiações de Hollywood . De acordo com a autora Gabriela Borges (2019) ao passo que esses lançamentos alcançaram grandes bilheterias também sofreram diversos ataques online. Ou seja, mesmo que exibam obras com protagonistas plurais e elas obtenham êxito nas bilheterias, ainda existem grupos conservadores que rejeitam esse movimento.
The Marvels (2023), a sequência de Captain Marvel (2019), foi lançada após a pandemia da covid-19, no dia seguinte do encerramento da greve dos atores de Hollywood e um mês depois do início da guerra em Israel. Além da obra conter protagonistas, direção e roteiristas diversas a sua data de estreia foi de encontro a acontecimentos políticos extremamente relevantes para o ano de 2023. Desse modo, questiona-se como um estúdio que costumava arrecadar bilhões de dólares em bilheteria arrecada 206 milhões de dólares no filme das super-heroínas.
Logo, é preciso destacar como a diversidade feminina nos é apresentada na obra da Marvel Comics. Além da Captain Marvel que foge do padrão da donzela que deve sorrir e ser salva, somos apresentados à Monica Rambeau que é uma heroína negra, astronauta, e à Kamala Khan a heroína adolescente mulçumana. Doreen Massey (2000) destaca que demarcações como raça e gênero diferem a sua experiência no espaço-tempo, dessa maneira, pode-se indicar como um fator positivo a proposta da obra.
A diretora Nia da Costa foi a primeira mulher negra a dirigir um filme da Marvel Comics. Silvio Almeida (2019) adverte que o ideal de representatividade ocorre quando existem pessoas contra hegemônicas nos espaços de idealização de projeto. Apesar de indicarmos The Marvels (2023) como um bom exemplo de representatividade, é preciso também analisar quem ocupa os cargos de poder na produção.
O trabalho buscou compreender as motivações que impactaram a bilheteria do filme The Marvels (2023). Inicia-se com o questionamento de se o público não retornou ao cinema após a pandemia da covid-19. Em seguida, apresenta-se o impacto da greve dos atores em conjunto com a dos roteiristas. Finaliza-se com a reflexão sobre as questões identitárias que permeiam o filme e o público da indústria hollywoodiana. Por essa razão, o trabalho buscou exaltar esse preenchimento de novos ideais para o imaginário popular de heroísmo.
Bibliografia
- ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
BORGES, Gabriela. Gênero e Representação nas Histórias em Quadrinhos. In: MARINO, Dani; MACHADO. Laluña (orgs.). Mulheres & Quadrinhos. São José: Skript, 2019.
LOPES, Denise. A mulher no cinema segundo Ann Kaplan (entrevista concedida a Denise Lopes por E. Ann Kaplan). Revista Contracampo. n. 07: Dossiê Tecnologias, 2002.
LUSVARGHI, Luiza (org.). Afrofuturismo, Xenofobia e Feminismos no Cinema. In. VLACIC, Mariana. As super-heroínas no cinema uma análise a partir da personagem Capitã Marvel. São Paulo: Editora Polytheama, 2022.
MASSEY, Doreen. Um sentido Global do Lugar. São Paulo: Papirus, 2000.