Ficha do Proponente
Proponente
- Matheus Maltempi Munhoz (UNICAMP)
Minicurrículo
- Matheus Maltempi, formado em Comunicação Social – Midialogia pela UNICAMP, é pesquisador de cinema de horror, diretor, roteirista e produtor cultural. Atualmente é mestrando do programa de multimeios da UNICAMP com uma pesquisa sobre a produção de filmes de horror brasileiros contemporâneos. Dirigiu, produziu e escreveu curtas metragens de horror intitulados, Filho da Lua, Obscura e Às Vezes Ela Volta, o último parte do longa Antologia da Pandemia.
Ficha do Trabalho
Título
- RZP Filmes, uma entrevista com Joel Caetano e Mariana Zani
Formato
- Presencial
Resumo
- Este apresentação gira em torno de uma entrevista feita com o casal, Joel Caetano e Mariana Zani, fundadores da RZP Filmes, produtora de filmes de terror independente situada em São Paulo. Este trabalho ajuda a compreender o surgimento de produtoras como a RZP Filmes, e como os dois artistas conseguem trabalhar com audiovisual no Brasil e tornar essa, uma atividade autossuficiente.
Resumo expandido
- Este trabalho pretende investigar e introduzir uma discussão sobre a produção independente de filmes de terror no Brasil, tendo como principal objeto de estudo a RZP Filmes, a partir da exposição de alguns dados obtidos através de uma entrevista com os dois fundadores e donos da produtora, Joel Caetano e Mariana Zani. Algumas questões a serem respondidas, como se a produtora é auto suficiente, como trabalhar com cinema independente no Brasil, as dificuldades encontradas por eles em seu trabalho, e principalmente como eles chegaram no ponto que estão, qual foi a origem dos dois.
A RZP Filmes surge no início dos anos 2000, em 2001, quando Joel Caetano e Mariana Zani, tentaram criar um grupo de realização na faculdade, ambos eram graduandos em Rádio e TV através da Universidade do Rio Branco, e apenas três pessoas atenderam ao chamado, o casal e mais uma pessoa. A primeira tentativa de realizar alguma coisa, foi um documentário sobre a praça Benedito Calixto em São Paulo, documentário esse que nunca foi finalizado e ficou apenas no campo da tentativa.
Apesar do fracasso, a tentativa foi mais importante que o sucesso, pois a experiência de montar o grupo e entrar em um “set” criou a fagulha para a produtora que na época seria chamada de Recurso Zero Produções, ideia de Mariana, já que eles faziam, literalmente, com recurso zero. Além do fato que a experiência com documentário mostrou aos dois que o caminho da produtora seria a ficção, já que Joel, era uma pessoa criativa e já tinha escrito algumas coisas nesse campo.
Ao falar sobre a produtora, é importante ressaltar as mudanças acontecidas no Brasil no final da década de 1990 e início dos anos 2000, pois a partir destas alterações, o quadro do audiovisual brasileiro é muito diferente e mais diverso esteticamente.
Inicialmente, é importante falar sobre as leis de fomento do audiovisual, institucionalizadas no governo Itamar Franco e reforçadas nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma Rousseff. Em paralelo à isso, o movimento negro, feminista, também intensificaram suas lutas para tornarem o mercado de cinema mais acessível e inserir negros e mulheres no mercado cinematográfico, coisa que foi possível, graças, em partes, ao acesso à universidade e educação, também resultado, das novas políticas sociais do início dos anos 2000.
O fim da década de 1990 e começo dos 2000 foram anos importantes para a reestruturação do cinema brasileiro, visto que, a era Collor foi um período de desmonte e instabilidade para a produção cinematográfica, já que em seu governo tanto a Embrafilme quanto a Lei Sarney foram descontinuadas, instaurando um período de crise na produção cinematográfica brasileira que quase chegou à zero (Folha de S. Paulo, 2009).
No período compreendido entre 1994-2002, o cinema recebeu em média de US milhões ao ano, através, apenas, de renúncia fiscal (CARVALHO, 2017). Mesmo com a Lei Rouanet, houve a necessidade de se criar uma lei voltada exclusivamente para o audiovisual, chamada de Lei do Audiovisual. Para além disso, aconteceu a construção de todo um aparato, não somente de leis, mas também de instituições estatais que controlassem e fomentassem o audiovisual no Brasil, como a Ancine, o estabelecimento de cotas de tela e a ampliação e revisão das leis de incentivo.
Ainda na década de 90, houve o barateamento dos equipamentos dos equipamentos de captação de imagem que facilitaram a produção de filmes baratos, somado à popularização da internet, que estreitou laços entre realizadores e fãs de filmes de terror, como aponta a pesquisa de Mayka Castellano. Com isso em mente, no início dos anos 2000, um casal, graduandos em Rádio e TV pela Universidade do Rio Branco, tentam gravar um documentário sobre a Praça Benedito Calixto em São Paulo e a partir desta tentativa, nasce a RZP Filmes, produtora de filmes independentes de gênero, tema principal deste trabalho.
Bibliografia
- CAETANO, Joel; ZANI, Mariana. Entrevista com Joel Caetano e Mariana Zani. Por: Matheus Maltempi Munhoz, Mogi Guaçu, São Paulo, 2022.
CARVALHO, Noel dos Santos. (2005), Esboço para uma história do negro no cinema brasileiro, in Jeferson De (org.), Dogma feijoada: o cinema negro brasileiro, São Paulo, Imprensa Oficial.
CARVALHO, Noel dos Santos. Introdução. In: CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema Negro Brasileiro. 1. ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2022.
CARVALHO, Noel dos Santos, Políticas públicas e o público de cinema no Brasil, Atlante. Revue d’Études Romanes, 7, 2017, p. 192-208
Folha de S., Paulo. Antologia de Artigos: A Crise o Cinema Brasileiro e o Plano Collor. In: BERNADET, Jean-claude. Cinema Brasileiro: Propostas para uma História. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 182-187.
IKEDA, Marcelo. Cinema brasileiro a partir da retomada: aspectos econômicos e políticos. São Paulo, Summus, 2015.