Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

    Regina Lucia Gomes Souza e Silva (UFBA)

Minicurrículo

    Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Comunicação e Cinema com ênfase em Estudos de Recepção, Análise e Crítica de Cinema e Audiovisual. Integrante do grupo de pesquisa LAF- FACOM-UFBA (reginagomesbr@gmail.com)

Ficha do Trabalho

Título

    A recepção da crítica dos longas premiados no FBCB entre 2020 e 2022

Formato

    Presencial

Resumo

    A proposta da comunicação é a de refletir sobre a recepção da crítica dos filmes premiados no Festival de Brasília entre 2020 e 2022. Nosso intuito é pensar os discursos avaliativos da crítica como instâncias de recepção considerando os “estudos históricos de recepção nos media” de Janet Staiger. Analisaremos críticas de três longas que receberam o Troféu Candango: Por Onde Anda Makunaíma? (Rodrigo Séllos, 2020), Saudade do Futuro (Anna Azevedo, 2021) e A Invenção do Outro (Bruno Jorge, 2022).

Resumo expandido

    A proposta desta comunicação será a refletir sobre a recepção da crítica dos longas premiados no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro durante o período de 2020 a 2022. Nosso intuito é o de considerar os discursos avaliativos da crítica como instâncias de recepção das obras laureadas com o objetivo de entender como tais sujeitos críticos enxergam os caminhos propostos pela curadoria do festival e pelo júri que as seleciona.
    O mais longevo festival do Brasil, o FBCB nasceu na década de 1960, em plena ditadura militar e foi resultado de um projeto idealista que buscava legitimação para o cinema nacional de traços não comerciais. Vale destacar que o FBCB é capitaneado pela própria administração pública por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do distrito Federal.
    Embora seja um ambiente de confluência entre atividades artísticas, educativas e
    de articulação política, os festivais de cinema são parte integrante da lógica do
    mercado e têm intenso poder de mobilização da mídia, suscitando ampla cobertura
    jornalística e a produção de textos críticos avaliativos acerca das obras.
    Podemos ainda dizer que além de espaços de trocas simbólicas, estéticas, formativas e mercadológicas, os festivais de cinema podem ser considerados como parte dos registros de memórias receptivas em que agentes críticos produzem não apenas coberturas jornalísticas de caráter mais informativo, mas igualmente apreciações valorativas acerca dos filmes exibidos e, sobretudo, das obras premiadas. Esses registros de memórias estão colados aos textos de críticas cinematográficas e se configuram como enriquecedoras marcas de recepção.
    Convém destacar que as proposições associativas aos festivais geralmente os colocam nas esferas da difusão, da promoção, da exibição e da consagração dos filmes no seu já consolidado território de investigação (MELO; MUYLAERT; MATTOS, 2021, 2022). Entretanto, importa para esta comunicação a análise das críticas dos longas premiados no Festival de Brasília e como a crítica (incluindo aqui jornais e blogs) recebeu essas obras, quais juízos têm sido atribuídos a elas numa perspectiva que envolva as possibilidades de consenso ou dissenso redacional, a fim de entender os meandros desse tipo de recepção em um contexto específico, ou seja, o momento em que o FBCB se plataformizou devido à pandemia da Covid-19.
    O intervalo para análise dos textos – vistos aqui como valiosas fontes históricas – é
    o de 2020 a 2022, momento em que houve a reestruturação das exibições para o formato online ou híbrido, o que extrapolou limites geográficos, ampliando o alcance da
    recepção.
    Como metodologia, nos apoiaremos na pesquisa bibliográfica a partir das investigações da historiadora Janet Staiger (1992; 2000) e como seus “estudos históricos de recepção nos media” têm contribuído para avigorar a ideia da crítica como marca de recepção
    mediada por determinantes históricos e culturais. De fato, para Gomes (2018, p.233) “A crítica de cinema é parte integrante e fundamental daquilo que chamamos de “experiência fílmica”, e o pensar, falar, escrever sobre filmes denota traços receptivos que ficam gravados na pele dos textos”.
    O recorte da pesquisa está circunscrito a críticas de três filmes premiados na mostra principal do evento e que receberam o Troféu Candango, a saber: Por Onde Anda Makunaíma? (Rodrigo Séllos, 2020), Saudade do Futuro (Anna Azevedo, 2021) e A Invenção do Outro (Bruno Jorge, 2022).
    Como conclusões provisórias, observamos que recepção da crítica foi, de modo geral, consensual em atribuir valores positivos aos filmes, apesar de casos isolados e o contexto pandêmico foi bastante citado como elemento novo no modo de apreciação das obras, sobretudo na 53ª edição do FBCB em 2020. Há também uma convergência de perfil entre os filmes premiados: todos são documentários.

Bibliografia

    MELO, Isabel Cruz, MUYLAERT, Juliana, MATTOS, Tête (eds). Festivais e mostras audiovisuais: olhares e perspectivas. Dossiê, in: Revista Rebeca. Vol. 10, n.2, Jul-Dez, 2021.
    MELO, Isabel Cruz, MUYLAERT, Juliana, MATTOS, Tête (eds). Festivais e mostras audiovisuais: olhares e perspectivas. Dossiê, in: Revista Rebeca. Vol. 11, n.1, Jan-Jun, 2022.
    GOMES, Regina. Dona Flor e seus dois maridos e a recepção histórica da crítica. In: Revista Significação: São Paulo, v. 45, n. 49, p. 231-246, jan-jun. 2018.
    STAIGER, Janet. Interpreting films: studies in the historical reception of american cinema. Princeton: Princeton University Press, 1992.
    STAIGER, Janet. Perverse spectators: the practices of film reception. N.Y: New York University Press, 2000.