Ficha do Proponente
Proponente
- Carla Daniela Rabelo Rodrigues (UNILA)
Minicurrículo
- Doutora e Mestra em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Docente do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (ILAACH) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA/PR). Integra a diretoria da SOCINE como tesoureira. Foi professora do componente curricular Informações e Indicadores Culturais na UNIPAMPA. Dedica-se a pesquisas e estudos sobre os seguintes temas: produção e políticas para cinema e audiovisual; indicadores do audiovisual; cinema peruano; documentário.
Ficha do Trabalho
Título
- O Audiovisual na Conta Satélite da Cultura (CSC) do Brasil
Seminário
- Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.
Formato
- Presencial
Resumo
- Discute-se o panorama das informações e indicadores difundidos no ano de 2023 sobre o ecossistema audiovisual e seus interesses mais predominantes. Para isso, analisou-se pesquisas elaboradas pelos setores público e privado. A partir desta análise demonstrou-se a urgência na produção periódica dos dados quantitativos e qualitativos, como também a retomada da implementação da Conta Satélite da Cultura, com destaque ao Audiovisual, para fortalecimento das políticas públicas do setor.
Resumo expandido
- Um dos maiores desafios do setor audiovisual no Brasil é a contínua produção e interpretação de informações e indicadores. Observa-se que o levantamento de dados tem sido produzido sem periodicidade definida o que provoca diagnósticos espaçados e sem uma linha interpretativa que assegure ao longo do tempo as tomadas de decisões mais assertivas. O ano de 2023 foi o mais produtivo em pesquisas pós-pandemia ao retomar a mensuração das principais necessidades e avanços do ecossistema audiovisual.
No âmbito privado, ressalta-se a produção de algumas pesquisas. O estudo divulgado em 2023 feito pela Deloitte sob encomenda da Netflix que assevera o aumento da empregabilidade do setor no Brasil e projeta que até 2030 o segmento audiovisual no mundo deve crescer em média 7,2% a cada ano. Difundido no mesmo ano, o estudo da Oxford Economics encomendado pela Motion Picture Association (MPA) fundamenta o quanto a indústria audiovisual tem efeito multiplicador no PIB do Brasil.
Pesquisas nacionais provenientes do setor público forneceram em 2023 elementos para análises cruzadas de dados como o Painel Interativo da ANCINE: “Indicadores do Mercado de Exibição” que aponta para 2024 como ano de retomada do setor. O IBGE publicou em dezembro de 2023 o resultado de pesquisa sobre o MICBR no qual demonstra que o audiovisual emprega 14,6% de assalariados de todo o setor criativo, embora seja também o que mais demarca as desigualdades regionais quando ratifica a dificuldade da região Norte no acesso às salas de cinema. Estados e municípios têm desenvolvido suas pesquisas tanto para ação local, quanto para justificativa do impacto em âmbito nacional, como o caso da SPCINE. O órgão municipal encomendou à FIPE uma pesquisa, divulgada em 2023, que dispõe sobre o quanto o audiovisual paulistano contribui com o PIB e melhora os indicadores econômicos da cidade e do país. Uma estratégia de se colocar no jogo da disputa por políticas públicas direcionadas a quem mais incide na economia audiovisual. O relatório constata que há poucos estudos focados no audiovisual e que na maioria dos casos, é feita uma análise generalista de setores relacionados à economia criativa. Aponta ainda que no Brasil, a maioria das publicações não oferece uma descrição transparente acerca dos procedimentos metodológicos utilizados na mensuração do setor. Para a SPCINE, existiria uma carência em termos de dados específicos o que levaria à urgência na implementação da conta satélite para o setor cultural e criativo, com destaque ao setor Audiovisual.
Ao considerar esse cenário de retorno das pesquisas sobre o ecossistema audiovisual que aponta para um reconhecimento dos dados como basilares para as tomadas de decisões tanto para fortalecer políticas públicas quanto para tendências do mercado, este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão sobre a importância do cruzamento destas informações como também a consolidação da Conta Satélite da Cultura (CSC), com especial atenção ao Audiovisual por ser a linguagem artística com maior protagonismo industrial no país. Desde 2012, o Brasil tenta implementar a CSC cujo objetivo é medir o impacto da cultura no PIB e desenvolver mapeamentos mais qualificados de informações e indicadores, além de sistematizar dados econômicos incorporando temas como faturamento, produção, consumo, emprego e renda, aspectos regionais, entre outros. Por isso, o levantamento de evidências serve para fundamentar que a criação de uma conta satélite enquanto política pública cultural de Estado, evita que possíveis apagões dos dados não sejam mais uma realidade. Na gestão de governos progressistas, observa-se maior interesse dos órgãos públicos de cultura e audiovisual em engendrar pesquisas e estudos. Cabe mencionar que em fevereiro de 2024, o governo federal lançou o Painel Geral de Dados da Lei Paulo Gustavo onde o audiovisual foi destaque no uso dos recursos. Percebe-se, assim, que há clima fértil para o fortalecimento da CSC como é feito em muitos países.
Bibliografia
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