Trabalhos aprovados 2024

Ficha do Proponente

Proponente

Maria Fernanda Riscali de Lima Moraes (ESPM-SP)

Minicurrículo

Doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP, é diretora de fotografia e docente na graduação de Cinema e Audiovisual da ESPM-SP. É membro do grupo de estudos Cinematografia, Expressão e Pensamento e do Grupo de Estudos Cromáticos da ECA/USP, com o qual publicou conjuntamente o livro Reflexões sobre a cor (Martins Fontes, 2021). É uma das organizadoras do livro Estudos sobre a direção de fotografia no Brasil (Fi, 2023). Desenvolve pesquisa sobre cor, cinema e cinematografia.

Ficha do Trabalho

Título

Jonas Mekas: a cinematografia na construção poética dos filmes-diário

Seminário

Estética e plasticidade da direção de fotografia

Formato

Presencial

Resumo

A pesquisa investiga o papel da cinematografia na construção poética dos filmes-diário de Jonas Mekas, cineasta que coletou imagens cotidianas como uma prática de vida, com liberdade e uma aparente despretensão, mas com uma grande investigação formal, pautada pela necessidade de criação de suas memórias. Priorizando a fragmentação, a imprecisão, a impermanência e a falta de encadeamento cronológico ou causal, Mekas criou uma obra em que a cinematografia tem um papel relevante na criação poética.

Resumo expandido

Nos tempos atuais, percebemos um protagonismo de investigações autobiográficas nas redes sociais e no cinema, sobretudo sob forma de documentários em primeira pessoa, filmes-diário e filmes de ensaio. Jonas Mekas (1922-2019), cineasta lituano radicado nos Estados Unidos, é um precursor desse cinema. Durante sessenta e três anos, filmou fragmentos de seu cotidiano, que se reunidos, comporiam um diário com cerca de 1200 minutos. Assim como o diário é uma prática, mais do que uma obra, Mekas coletou suas imagens como uma prática de vida, com liberdade e uma aparente despretensão. Mas seu trabalho conta com uma grande investigação formal, pautada pela necessidade de construção de uma memória. Trilha o percurso inverso das autobiografias que se constroem a partir de imagens de arquivo. Movido pelo trauma de ter sido desapropriado de sua casa e de seu país, Mekas filma com o intuito de criar memórias futuras, algo para onde possa retornar. Apesar de constituírem diários, os trabalhos de Mekas não se guiam pela auto exposição, pelo contrário, são breves registros das imagens que o realizador observa em seu cotidiano. O título de um dos seus filmes aponta para esse percurso: As I was moving ahead occasionally I saw brief glimpses of beauty, 2000 (À medida em que avançava ocasionalmente tive breves vislumbres de beleza). Desse modo, por meio do olhar e de um estado de presença, Mekas cria suas memórias guiado pela beleza e pela poética, da forma como as concebe, fugindo do que chama de “ditadura do gosto médio”: do bem feito, do bem acabado e da qualidade técnica. Sua investigação formal pauta-se por alguns aspectos da memória, como a fragmentação, a imprecisão, a impermanência e a falta de encadeamento cronológico ou causal. O modo como observa a vida atrela-se ao modo como questiona a forma. Mekas tem um caráter reflexivo sobre suas imagens, preocupando-se em desconstruir e ressignificar sua vida. Esta pesquisa busca evidenciar de que forma Jonas Mekas utiliza os elementos da cinematografia para construir sua poética e suas memórias nos filmes-diário.

Bibliografia

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