Ficha do Proponente
Proponente
- Lucas Procópio Caetano (UNICAMP)
Minicurrículo
- Lucas Procópio Caetano é graduado em Imagem e Som (UFSCar), mestre e atualmente doutorando em Multimeios na UNICAMP, onde pesquisa o gênero horror no cinema contemporâneo. Também atua como editor da Zanzalá – Revista Brasileira de Estudos de Ficção Científica.
Ficha do Trabalho
Título
- Um purgatório chamado Brasil: passado é presente no horror nacional
Formato
- Presencial
Resumo
- O presente trabalho visa realizar um panorama acerca da tendência do cinema de horror brasileiro em retratar passado e presente como tempos indissociáveis. Através de uma constelação de filmes, será analisada a recorrência desta estratégia em narrativas que refletem acerca da história nacional a partir do gênero horror.
Observação: Esta é uma versão atualizada do trabalho submetido no ano anterior e que não pude apresentar por não ter pago a taxa do encontro.
Resumo expandido
- Segundo Tom Gunning (2007), os fantasmas, quando presentes em determinada narrativa, ocupam um status ontologicamente ambíguo, pois geram uma difícil integração no espaço e tempo do “real”, uma vez que existem sob um regime de ausência/presença, presente/passado. A partir desta perspectiva, tem-se na figura do fantasma uma alegoria potente, a qual há muito é utilizada em diversos gêneros e com diversos intuitos discursivos.
No contexto do cinema brasileiro, alguns realizadores centralizam estes espectros em seus filmes como forma de representação do passado e do presente do país, os quais, em muitos aspectos se chocam e se confundem. Nos longas-metragens de Kleber Mendonça Filho, por exemplo, a constante inserção de fotografias antigas em narrativas situadas na contemporaneidade acaba por revelar “relações de continuidade e de ressonância entre um e outro, como se algo daquele espaço e tempo ressoasse nos atuais, enunciando que a sociedade contemporânea urbana dá continuidade” (MIGLIANO; LIMA, 2013, p.188-189).
Mas quais continuidades seriam estas? Em linhas gerais, pode-se dizer que muitos destes filmes se valem da espectralidade, um elemento não só recorrente como também próprio do cinema de horror, para evidenciar a cíclica dinâmica de perpetuação do racismo em nossa sociedade. De acordo com Blake (2008), estas estratégias representacionais realizadas pela via do horror se intensificaram após a década de 1960 como forma de desencorajar e contestar narrativas coesas e homogeneizantes, em geral positivistas, sobre a identidade nacional.
Deste modo, serão analisados os filmes Todos os mortos (Marco Dutra e Caetano Gotardo, 2020) e O anjo da noite (Walter Hugo Khouri, 1974), com o intuito de traçar paralelos entre os fantasmas do racismo mobilizados tanto no passado quanto no presente do cinema brasileiro.
Bibliografia
- BLAKE, L. The Wounds of Nations: Horror Cinema, Historical Trauma and National Identity. Manchester University Press, 2008.
GUNNING, T. To Scan a Ghost: The Ontology of Mediated Vision. In: Grey Room, nº 26. Massachussets: The MIT Press. 2007. p.94-127.
MIGLIANO, M. ; LIMA, C.S. . Medo e experiência urbana: breve análise do filme O som ao redor. REBECA. Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual , v. 2, p. 185-209, 2013.