Ficha do Proponente
Proponente
- Andréia de Lima Silva (UFF)
Minicurrículo
- Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui mestrado em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Jornalismo Cultural na Contemporaneidade, também pela UFMA. É graduada em Jornalismo pela mesma instituição. Atualmente é jornalista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). É bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (FAPEMA).
Ficha do Trabalho
Título
- Um aceno formal em meio à informalidade: o caso Frederico Machado
Formato
- Presencial
Resumo
- Os primeiros longas-metragens ficcionais maranhenses nasceram em um cenário de informalidade, no ano de 2006, quando os primeiros filmes surgiram e não foram registrados na ANCINE. Mas foi também nesse período que foi criada em São Luís (MA) a produtora e distribuidora do cineasta Frederico Machado: Lume Filmes. O selo é considerado um dos mais respeitados quando se fala em cinema autoral no Brasil e nasceu em um estado que não possui tradição cinematográfica estabelecida ao longo do século XX.
Resumo expandido
- O Brasil tem a sexta maior população do mundo (IBGE, 2021) e ocupa a 87ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano. É considerado o 10º maior mercado consumidor de filmes do planeta, porém possui uma participação de market share de público para filmes nacionais que correspondem a apenas 23,3% em comparação aos filmes estrangeiros, 76,7% (FILMES B, 2020). É nesse contexto contraditório que encontramos o estado de Maranhão. Localizado na região Nordeste do Brasil, é considerado um dos mais pobres do país e possui o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano, 0,687 (IBGE, 2017). Sem tradição cinematográfica estabelecida ao longo do século XX, a produção maranhense tem sido marcada pela informalidade em sua cadeia produtiva. No entanto, nas últimas duas décadas, observa-se uma transição (ainda incipiente) para um mercado mais formal, já que durante esse período existiu uma produção pulsante de filmes de longa-metragem de ficção.
E o pioneiro neste segmento que buscou a formalidade na produção cinematográfica maranhense foi o cineasta Frederico Machado. No ano 2000 ele criou a produtora e distribuidora Lume Filmes. O selo Lume atualmente é considerado um dos mais respeitados quando se fala em cinema autoral no Brasil. Como produtora a empresa atua no mercado maranhense produzindo os filmes do cineasta e algumas parcerias que ele realizou ao longo dos anos. Como distribuidora, a Lume já distribuiu mais de 300 filmes internacionais e nacionais no mercado brasileiro. O cineasta também atua no ramo da exibição já que possui uma sala de cinema desde 2013, o Cine Lume São Luís, além de ter idealizado festivais de cinema importantes como o Festival Internacional de Cinema do Maranhão e o Festival Internacional Lume de Cinema. Frederico Machado já ganhou mais de 100 prêmios internacionais e nacionais como cineasta com seus longas e curtas metragens, tendo seus filmes exibidos em festivais internacionais.
Paralelo a esse cenário promissor (e singular quando se fala de Maranhão), a produção cinematográfica de longas-metragens de ficção do Estado do Maranhão começou totalmente na informalidade com as primeiras produções de Cícero Filho no ano de 2006. Atualmente o cenário para um ambiente de formalidade está ainda em transição, já que dos vinte e dois filmes que catalogamos em nossa pesquisa apenas seis foram registrados na Agência Nacional de Cinema. O cinema maranhense revela, portanto, um percurso marcado pela informalidade. Um dos fatores que contribuíram para este cenário foi uma legislação pouco atuante para o audiovisual e a inexistência de curso superior em cinema e/ou audiovisual em universidades públicas ou privadas do estado. No Nordeste, o Maranhão divide o posto de não ter curso superior na área com Piauí e Alagoas. Interessante notar que esse dado se reflete no número de produções fílmicas lançadas por esses Estados anualmente já que na lista de filmes brasileiros lançados por unidade federativa do ano de 2021, a última divulgada pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE), por exemplo, o Maranhão aparece junto com o Piauí com uma única produção lançada.
Percebemos, nesse cenário, que a transição de um mercado cinematográfico informal para um mercado formal ainda não se concretizou totalmente, mas já oferece possibilidades nesse sentido. Analisar o caso do cineasta Frederico Machado nos possibilita entender como se deu esse primeiro momento de formalização dos filmes de longas-metragens de ficção no Maranhão e, assim, construir um cenário daquele momento histórico.
Bibliografia
- BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. Org. coleção Lia Calabre. São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012.
BAMBA, Mahomed. Do “cinema com sotaque” e transnacional à recepção transcultural e diaspórica dos filmes. Palíndromo, nº 5, 2011. Disponível em: http://mahomedbamba.com/site/wp-content/uploads/2017/12/006.pdf. Acesso em 14 de jan. 2019.
CALDAS, Leide. História e cinema: análise das práticas de realização de cinema no Maranhão na construção do espaço fílmico como lugar de resistência e memória nas décadas de 1970/80. 31º Simpósio ANPUH, 2021, Rio de Janeiro. Anais.
MOREIRA NETO, Euclides. Reminiscências do cinema maranhense. São Luís: EDUFMA, 2022.
PRYSTHON, Ângela. Do terceiro cinema ao cinema periférico – Estéticas contemporâneas e cultura mundial. Periferia. Vol. 1, núm. 1, enero-junio, 2009, p. 79-89. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=552156380007. Acesso em 30 mar. 2021.